Capítulo 3

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Estou terminando de cozinhar o jantar de hoje, enquanto Keira está desenhando e assistindo TV na sala com Lizz. Meu estômago está roncando, já que eu passei a hora do meu almoço planejando a morte do meu chefe e só tive tempo de tomar um copo de suco, que inclusive estava horrível.

As coisas não ficaram muito boas após o almoço lá na empresa, Joe ficou a tarde inteira tentando me pressionar a aceitar esse acordo totalmente sem noção. Ele fez todo tipo de chantagem existente, até que por fim usei meu truque na manga, pra ele me deixar em paz, temporariamente acredito, já que ele tem 2 semanas para confirmar com a Database.

– Meninas o jantar está pronto. – Grito enquanto levo as panelas para a mesa.

–  Não é verdade, mamãe? – Keira diz enquanto se senta em sua cadeirinha.

–  Depende do que você está falando filha. – Lizz que está ao meu lado, está tentando abafar os risos, já sinto que coisa boa que não é.

– Eu e a tia Lizz estávamos falando sobre princesas, tipo assim você sabe que meu bolo eu quero da Moana né? –  Aceno que sim com a cabeça, neste ponto Lizz e eu já estamos comendo e Keira como sempre enrolando. – Então a gente começou a discutir que princesa seríamos, eu disse que eu seria a Moana, pois eu quero... –  Lizz e eu damos uma risadinha, enquanto ela continua. –  Tiz Lizz seria a Cinderela, já que ela faz docinhos maravilhosos e mesmo as crianças sendo chatas, as próprias bruxas, ainda não envenenou ninguém. E você mamãe seria a Fiona...

– Eu o que? – Grito enquanto Lizz cai na gargalhada

– Você seria a princesa Fiona, sabe? A de Shrek. – Ela diz e vira os olhinhos. – Tipo você está sempre estressada, a gente mora no fim do mundo. Mãe a gente mora em Tão Tão Distante! – Ela levanta as mãozinhas pra cima, como se tivesse descoberto a cura do câncer. –  E você quer sempre bater em alguém.

– Eu não estou sempre estressada e eu não quero sempre bater em ninguém, eu sou a Valente, mulher empoderada que não precisa de casamento para ser feliz! - Falo.

–  Ah, mãe! Para com isso, hoje você quase matou aquele moço no estacionamento, e semana passada você quase bateu na caixa pois ela perguntou se você estava grávida. – Ela começa a rir. – Você é a Fiona mamãe. – Nesse ponto Lizz já está vermelha de tanto rir.



Keira já está dormindo faz alguns minutos, o que é perfeito já que eu e Lizz estamos revivendo os tempos de juventude e bebendo um pouco. A diferença de quando se é jovem e irresponsável é que você bebe até apagar, e ainda assim não é o suficiente. Conforme você vai envelhecendo a tendência é tomar juízo e com isso o nível e a sede de álcool vão diminuindo, logo uma taça de vinho é praticamente equivalente a uma garrafa de destilado. Até porque ninguém precisa de uma ressaca no começo da semana.

– Ele veio com um papo de cordas, tipo assim do nada. – Lizz está tagarelando sobre o seu último encontro, que como de costume foi um desastre. Ela não tem o melhor histórico de todos. – Achei estranho claro, ele perguntou se eu tinha algum lugar em casa que eu deixava minhas cordas. Eu fiquei pensando o motivo, e então ele começou a falar as utilidades para a corda e você não vai acreditar. – Ela me dá uma cotovelada que eu respondo com uma cara feia.

– Hã? O que ele disse? Que gosta de amarrar o caminhão dele? – Tento fazer piadinha, mas o vinho já está me afetando.

– Antes fosse, ele disse que da pra amarrar os pés e as mãos. – Ela grita e eu coloco a mão em sua boca pra ela lembrar que temos criança no recinto, assim que ela concorda com a cabeça entendendo meu recado, tiro minha mão e ela continua. – O cara era um pervertido do caralho.

– Ele te chamou de vaca assim na cara dura? – Arregalo os olhos tentando fingir surpresa.

– Não chamou não, engraçadinha. – Ela volta a se lamentar. – É tão difícil achar um parceiro sexual decente, ou eles são doidos ou extremamente inconvenientes e sexistas. Eu estou cansada sabe? Eu só queria um cara que me fizesse chegar nas nuvens com a mente e corpo. – Ela toma mais um gole de vinho e então ficamos contemplando a parede sem graça da minha sala por alguns instantes.

– Eu sinto falta disso sabe? – Lizz se vira como um flash em minha direção, sinto que me expressei errado. – Não, você entendeu errado. Andrew fazia eu me sentir assim, ele me levava nas nuvens, eu sinto falta dele. Do que nós tínhamos.

– Stella, eu já te disse isso antes e vou dizer novamente. – Lizz respira fundo fingindo impaciência. – Você é uma mulher de 26 anos que não faz sexo, sei lá quanto tempo. Existe necessidades, e você precisa suprir as suas e não me venha com a história de que você se satisfaz. Um aparelho que faz zzzzZZz não é a mesma coisa que um homem gemendo no seu ouvido.

– Aparentemente Joe pensa a mesma coisa.

– Joe, deu em cima de você? – Lizz praticamente berra

– Lizz, vou te lembrar pela milésima vez: Eu tenho uma filha caralho! E ela está dormindo aqui pertinho, então para de gritar inferno. – Olho pra parede sem graça e continuo – E não, ele não deu em cima de mim, que nojo.

– Então? – Consigo ver pelo canto dos meus olhos seu olhar curioso.

– Tecnicamente ele quer que eu venda meu corpo no Database"

– Database? Do que você está falando? É tipo aquele site maravilhoso onde só entra quem consegue passar pelo teste? – Despeja Lizz não me dando nem tempo de continuar. – Vender como?

– Sim é aquele site, bom tecnicamente eles querem que eu saia com uns caras, pois estão abrindo um perfil novo, não sei bem o que isso significa. Mas basicamente Joe quer que eu foda uns caras pra ele fazer o evento dele. – Conto tudo detalhado para Lizz, que não pareceu se importar com o fato de que sua amiga foi praticamente oferecida como prostituta.

Durante o resto da noite Lizz ficou falando sem parar de quantas vezes foi negada naquele sitezinho que eu decidi bloquear da minha mente.

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