Prólogo

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Diana

"— Diana, você tem que vir comigo, — a menina morena de cabelos rosados que estava à minha frente falou me puxando, nós estávamos andando, mas eu sentia que não movia as pernas, não consegui entender o porquê.

Olhei para baixo e não vi o chão, nem minhas pernas, olhei para a menina e vi que ela não tinha pernas, ela tinha uma cauda no lugar das pernas, o mais estranho é que isso me pareceu normal, foi então que eu lembrei, eu já tinha visto ela antes, tentei lembrar de onde que eu tinha visto aquela menina, mas nada me veio a cabeça e enquanto eu pensava deixei ela continuar me puxando pelas águas, eu já estava começando a me irritar por não lembrar onde eu já tinha visto ela e então eu percebi, eu estava na água e eu podia respirar... eu podia respirar mesmo estando de baixo d'água e se minha cabeça não tivesse tão ocupada tentando lembrar de onde eu conhecia a menina, isso teria me feito rir.

— Diana, Diana, olha para mim, — ela disse parando de me puxar e me empurrando para o meio de alguns enormes corais — nós temos pouco tempo, Diana, eles já te encontraram mais de três vezes e te encontrão de novo — quando ela falou isso um pânico se apoderou de mim, não sei quem era que estava atrás de mim, mas o que eu senti não ajudou a me controlar — Diana, você tem que fazer o feitiço de transformação.

Ela me girou, me deixando de costas para a entrada dos corais olhou para trás de mim e depois começou a recitar um poema.

— Não se esqueça desse poema Diana, você tem que recitar ele do jeito que eu te disse, com as coisas que eu te disse ontem...

A voz da menina foi ficando mais baixa, senti algo me envolver, eu quase não a entendia, eu não sabia o que me envolvia, não podia ver somente sentir, mas ia me puxando e me puxando, ela foi se distanciando, estava tão concentrada nela que demorou um pouco para mim perceber que ela não estava se afastando, quem se distanciava era eu, via os corais diminuindo, me virei para ver quem estava me puxando, mas não tinha ninguém, me virei novamente para a menina, ela colocou as mãos em volta da boca e me gritou a última coisa que ouvi.

— Turritella."

Acordei na cama com meu pijama rosa, fiquei olhando para ele por um tempinho, era a mesma roupa que usava no sonho, tentei lembrar quantas vezes já tinha sonhado com essa mesma menina, não sabia, foi só aí que eu percebia, eu conhecia ela de outros sonhos, não conseguia pensar em quantas noites exatamente eu já tinha sonhado ela, mas sabia que eram muitas.

Respirei fundo e me levantei da cama, me levantei muito rápido e fiquei tonta, saí da cama e sem perceber muitas coisas dei uma volta nele, mas tudo parecia muito fácil, como quando você está tentando correr na água e depois sai, os movimentos que se fazia fora dela era mais fácil, andar, respirar e até falar parecia muito fácil, eu não tinha estado em nenhuma piscina de verdade nos últimos meses, mas sentia como se tivesse acabado de sair de uma era como se eu estivesse sido treinada para fazer mais esforço com as pernas, olhei em volta e então realmente comecei a olhar tudo e vi que o meu quarto estava muito claro, parecia até que estava amanhecendo, mas a luz que entrava pela janela era azul, era a luz da lua.

Cheguei na janela e a abri, coloquei a cabeça para fora do quarto, senti a brisa gélida da noite e vi que a lua estava linda, não estava grande, mas estava cheia e eu sempre achei a lua cheia era a coisa mais linda do mundo, não lembro quando começou, mas desde muito nova eu sentia como se a lua me protegesse, falei isso para minha mãe uma noite e ela disse que era somente impressão minha e que logo passava, mas não passou, sempre que via a lua me sentia protegida e essa noite não era diferente, a luz da lua me inundava e isso acalmou meus pensamentos e meus músculos que estavam rígidos, eu sentia que sua luz me envolvia e era como se ela me abraçasse e ali calma eu lembre da última palavra que a menina havia me dito: turritella.

Sereias Por DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora