Tayla
Sorrio ao me olhar no enorme espelho do salão de beleza onde estou. Passo a mão pelos meus cabelos que até horas atrás eram pretos e agora estão quase ruivos, não um tom de ruivo forte, mas sim um tom de ruivo bem leve.
Confesso que não consigo ficar com uma cor de cabelo por muito tempo, sempre gosto de renovar o meu visual, e me sentir bem com ele. Acho que ficar com uma cor de cabelo por um logo espaço de tempo torna tudo em mim muito monótono e sem graça, e procuro me renovar, não gosto de me prender em algo por muito tempo.Agradeço a cabeleira que já se tornou uma espécie de amiga para mim e saio do salão de beleza me sentindo linda. Já passei por muita coisa, teve épocas da minha vida que eu queria morrer por ser gorda, mas hoje eu me sinto a mulher mais linda e gostosa do mundo.
Hoje em dia se alguém me chamar de gorda eu nem me importo, na minha opinião gorda e magra são apenas dois padrões de beleza, porém as pessoas fizeram da palavra gorda algo horroroso, e até uma palavra ofensiva.
A sociedade onde somos praticamente obrigados a viver tem a mente muito fechada, e ao invés dessa mente ir se abrindo em alguns casos ela só vai se fechando, cada vez mais, o que é triste.Abro a porta da pequena cafeteria que fica alguns metros de distância do salão e me sento em uma mesa. Preciso comer algo antes de voltar para o meu trabalho. Sou formada em jornalismo e trabalho em um dos mais importantes jornais impressos de São Paulo como colunista da parte de notícias. Não pensem que foi fácil chegar onde estou, mas eu consegui e calei a boca de muitas pessoas que não acreditavam em mim e no meu potencial.
Meus oitenta e nove quilos me fazem ainda mais bonita.
Peço um café expresso e um pequeno pedaço de bolo de milho. Retiro meu Notebook de dentro da minha bolsa e o coloco sobre a mesa.
— Posso me sentar aqui? — Ouço uma voz grossa e levanto minha cabeça que estava abaixado para olhar o dono da voz que parece estar perto.
Vejo um homem que aparenta ter no máximo trinta anos de idade, seus cabelos são castanho, seus olhos são castanhos claros e ele é bastante alto. Ele está vestindo um terno cinza que encaixa muito bem em seu corpo.
— Pode. — Digo calma enquanto digito uma mensagem para minha mãe avisando que não poderei visitá-la no fim de semana pois estarei trabalhando.
Abro o notebook e vou diretamente para a pasta onde está o livro que estou escrevendo, pode parecer estranho, mas não quis compartilhar com ninguém que estou escrevendo. Quero guardar isso somente para mim durante um tempinho, e quem sabe quando já estiver pronto eu compartilho com a minha família e com os meus amigos. O livro contará a história de uma mulher, uma mulher gorda, porém ela quer desafiar a sociedade e ser uma dançarina de sucesso.
— Você é uma escritora? — O homem que ainda não sei o nome pergunta.
— Talvez. — Digo o enviando.
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Além de um corpo (Degustação)
Historia CortaUma mulher satisfeita com o seu corpo, ela já sofreu muito por falta de aceitação, mas com o tempo aprendeu a lidar com tudo isso da melhor forma possível. Tayla tem a sua vida completamente resolvida, porém não imaginava que iria conhecer alguém qu...