Capítulo 4

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Após concentrar toda minha criatividade em palavras-chave na internet, cheguei as seguintes conclusões: ou essa pessoa era uma invenção ou o plano de anonimato estava correndo muito bem. Eram inúmeros compartilhamentos, que se assomavam em uma lista de pesquisa vertiginosa. Nosso querido anônimo era, afinal, famoso. Ou seria famosa?

O que não entrava na minha cabeça era o fato de alguém tão talentoso simplesmente se esconder do mundo. Ok, deveriam haver pilhas de motivos ou talvez essa fosse a graça toda. E, nós, meros mortais levaríamos seu nome a boca sem nunca conhecer seu rosto. O que, provavelmente, compele momentaneamente o impulso de rótulos, deixando a mente livre para divagar sobre quaisquer possibilidades. Uma relação especial, mas com restrições.

Quanto mais pensava a respeito, mais tinha certeza de que era um conceito genial. Poderia continuar nesse empasse por horas a finco, mas fui levada às pressas para realidade porque aparentemente a terceira guerra mundial desenrolava-se diante da minha porta.

Os baques surdos, fortes e insistentes, projetavam-se por todos os cômodos da casa. Uma corrente elétrica – conhecida popularmente como medo – serpenteou meu corpo, desiquilibrando a xícara de café da minha mão. A partir daí, foi uma tragédia de respingos.

Cerrei os dentes para não proferir em alto e bom som todos os palavrões em mente. Corri para o balcão e, como um roteiro previsível, o molho de chaves brincou entre os nós dos meus dedos para cair no chão. Sei que parece besteira, mas vamos levar em consideração que nos últimos meses eu não tenho sido exatamente sinônimo de bom-humor.

Abri a porta sem conferir o olho mágico, tamanha era minha raiva – definitivamente me encaixo na descrição daqueles personagens estúpidos de terror, que são degolados pelo inimigo na primeira oportunidade. A maçaneta bateu na parede, revelando a luz opaca da manhã acompanhada por uma garoa que, com sorte, irá manter o mesmo ritmo até o final do dia. Alguns segundos se passaram, depois minutos. Uma tensão crescente assolou o ambiente. Por Deus, porque minha porta era sempre a grande mensageira de más notícias?

- Vai ficar parada aí, sem dizer nada? – ralhou, com a voz rouca atingindo meus ouvidos. Aquele timbre tão conhecido e ao mesmo tempo tão gasto pelo tempo.

Meu cérebro demorou mais do que o esperado para processar as informações – o vinco na minha sobrancelha denunciava isso.

- Você... gostaria de entrar? – respondi, pigarreando. Desobstrui a porta e gesticulei com as mãos, como quem diz: "O que está fazendo aí parada? Vamos tomar um pouco de chá". Era uma tentativa engraçada de parecer menos desconfortável com a situação. Teria me saído bem, se não estivesse branca como um papel e claramente atônita.

O convite foi aceito rápido demais, sem burburinhos e/ou objeções. Boa coisa não era.

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Boa tarde, meus amores! Esse capítulo bônus foi para saciar (ou seria alimentar?) a curiosidade de vocês. 

O que acharam do capítulo? Alguma ideia de quem possa ser a pessoa "misteriosa"? 

Não se esqueçam de votar e compartilhar a obra. Isso me ajuda muuuuuito <3

O próximo capítulo será postado na sexta-feira (09/06). Não se esqueça de adicionar a obra na sua biblioteca, dessa forma não há como perder nenhuma novidade.

Beijos!

Kahlil (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora