Capítulo 3: Selecionada

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O inverno era a minha estação do ano favorita e ele chegava junto com o cantar fraco dos galos e os passos lentos das pessoas lá fora

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O inverno era a minha estação do ano favorita e ele chegava junto com o cantar fraco dos galos e os passos lentos das pessoas lá fora. Eu amava acordar no primeiro dia de nevasca e suspirar o ar gelado da manhã, pois me arrematava naquela sensação gostosa da pele arrepiada e o calor que o próprio corpo emanava sob a lã grossa dos casacos que me esquentavam. Mín não fazia tanto frio quanto em Valle mesmo com a neve caindo de vez em quando, por algum misterioso motivo, e por isso era melhor para plantações do que as terras ao redor da Montanha Solitária. Não sabia se havia algum tipo de mágica que protegia aquela parte do frio melhor do que nos outros lugares, mas mamãe uma vez me dissera que na Floresta das Trevas nunca nevava. Não pude tirar essa afirmação a limpo pois, não conversava com elfos e desejava que não fosse forçada a conviver com eles de uma hora para outra.

Há mais ou menos um mês mamãe entregou aquela maldita carta de Seleção, porém nenhuma noticia ainda foi dada sobre. Cogitei pegar um cavalo e sumir na primeira semana, mas segurei essa vontade, pois, por mais que ela botasse muita expectativa em cima de mim sobre essa "grande oportunidade", eu não ousaria fugir de casa sozinha e totalmente despreparada, pois sabia que era o mesmo que me suicidar.

A Terra Média não é um lugar muito seguro para se fazer uma loucura como essa, tinha plena consciência disso. Por onde vamos, ouvimos histórias sobre o que há de ruim pelos quatro cantos da terra. Orcs, Ogros, Wargs, aranhas gigantes, Goblins e mais um monte de criaturas que muitas pessoas nem sequer sabem o que são, e eu não gostaria de encarar e descobrir.

E eu era relativamente fraca. Sabia cavalgar, aprendi uma ou outra coisa sobre espadas, mas não tinha experiência, pois mamãe nunca deixava eu me envolver em coisas de "homens. Sabia que era por pura implicância e para não me deixar envolver em assuntos que não eram apropriados para uma dama, entretanto, cada vez que eu ouvia um não, a vontade crescia dentro de mim mais forte. Talvez a proibição tenha feito de mim uma pessoa completamente diferente do que minha mãe um dia imaginara que eu fosse.

Eu cresci, então, fazendo o que mais detestava: crochê e aprendendo a cozinhar para servir de uma boa esposa para um homem que supostamente seria o escolhido para ser meu marido. Sorte minha que nunca nenhum homem se interessou em mim, ou pelo menos mamãe ainda não fez nenhuma tentativa de arranjar um casamento, mesmo com filhos de lordes que pareceram se encantar com a besta selvagem e arrogante que eu era.

Até chegar essa carta, e meus pais enxergarem uma possibilidade que simplesmente não existia. Era claro que eu não faria nada pra conquistar o príncipe, parecia sórdido e repugnante apenas a ideia de tentar fazê-lo. Nunca levei jeito pra seduzir alguém, e a imagem de mim mesma tentando ser algo que não sou pareceu-me um tanto repulsivo, apesar de minha mente me trair e me levar a momentos ao qual imaginava o que deveria fazer para conquista-lo, quais movimentos executar ou até mesmo quais características minhas agradariam um príncipe que o levasse a se apaixonar, mas minha consciência tinha plena certeza de que nada em mim, absolutamente, faria um ser perfeito e pleno como aquele ao menos sentir certo encanto. Burras são as humanas que acham que algum dia poderiam conseguir tal feito.

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