O Mistério Natanael

Cap. 09

Celi me levou para o pronto atendimento e lá me deram doze pontos no pé.

Nunca gostei de sangue, mas confesso meu facínio por procedimentos médicos. Eles são como a dança, cada tipo de música uma coreografia diferente.

Enquanto a moça me dava os pontos, eu observava o cuidado e a agilidade em seus movimentos. E sim, eu sei que a primeira vista é estranho, mas cuidar da integridade física de uma pessoa, desde um simples arranhão, até uma complicada cirurgia, é uma arte. E ainda mais que uma arte, é uma reaponsabilidade que poucos conseguem ou podem suportar.

Fomos para a casa de Natanael e, sinceramente, não sei explicar o que estava sentindo. Entramos e Celi começou a procurar. Eu não estava procurando, não queria procurar nada. Eu só queria ficar quieta.

Fui até o quarto de Nael e deitei em sua cama, pensava em como éramos e em como poderíamos ter sido. Me levantei, ainda absorvida pelos meus pensamentos, e fui até a parede coberta por fotos, queria viver as lembranças de Natanael.

Na parede havia fotografias de festas de aniversário, amigos, família, animais de estimação, paisagens. Ali todos os momentos e pessoas que Natanael amava, todas as suas lembranças, todos os seus momentos. Vi também uma foto nossa, tirada a pouco tempo. Estávamos em uma balada. Eu de calça jeans, salto e uma blusa de manga longa vermelha e ele de calça e uma camiseta preta que eu amava. Estávamos alegres na foto. Olhávamos um nos olhos do outro, como se quiséssemos enxergar a alma de cada um.

Enquanto apreciava a foto, Celi entrou no quarto.

_Quantas fotos! - Ela falou absorvida pela beleza da parede. - São muitas fotos.

_É... Muitas fotos.

Celi estava concentrada nas fotos quando pegou uma delas e examinou mais minunciosamente. Ela olhava para mim e depois para a foto e vice-versa.

_Ei Cá, essa menininha da foto é você!

_O quê? - Falei tirando a foto das mãos dela.

_É. Olha. - Ela apontava para cada rosto enquanto falava. - Essa é você, esse é seu irmão e esse é o quintal da sua casa!