Cap. 05

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Celi fez uma panela de brigadeiro e pegou refrigerante na geladeira para a gente. A olhei interrogativamente.

_O quê? - Ela perguntou - Brigadeiro e refrigerante são perfeitos juntos - ela me deu uma piscadinha exagerada para ver se eu sorria. Não consigui resistir e dei um sorriso.

Celi é ótima comigo. Nos conhecemos no sétimo ano da escola e ela é minha única amiga de verdade. Seu nome é Marceli, mas sempre a chamei de Celi e, segundo ela, só seus pais, com essessão de mim, a chamamos desse jeito. Ela é uma mulher realmente linda. É negra e tem os cabelos afro mais lindos que já vi. Tem os olhos cor de mel sempre atentos. Celi conhece todas as minhas birras, medos, erros, acertos e enfins. Sempre está do meu lado, em horas boas e ruins, como esta.

_Você é doida Celi.

Nós duas rimos.

Ela se sentou ao meu lado no sofá, a panela de brigadeiro entre nós duas, colocou canudinhos na garrafa de refrigerante e me entregou uma colher.

_Me conta direito. - Ela tinha uma voz rígida e reconfortante, como sempre faz quando tem um assunto sério. - O que aconteceu?

Peguei um pouco de brigadeiro.

_Ele foi embora e só me deixou um bilhete! - Coloquei o brigadeiro na boca, para que, quando eu o engolisse, ele levasse a vontade de chorar junto. Funcionou por um momento.

_Que bilhete?

Me levantei e fui pegar o bilhete para Celi. Ela leu atentamente, leu de novo e releu. Tinha uma expressão de espanto e curiosidade no rosto.

_O que será que é tão terrível para te deixar assim, só com um bilhete?

_Eu não sei... - As lágrimas queriam invadir meus olhos, mas eu lutava. - Eu realmente... Eu não sei.

_Tem que ter uma explicação, - ela dizia - ele não podia ter feito isso!

Bebi um pouco de refrigerante. Olhei no fundo dos olhos dela.

_É, tem que ter... - mais lágrimas - uma explicação.

E as lágrimas me venceram. Celi me abraçou.

_Isso... Shi, shi... - Ela passava as mãos em meu cabelos. - Chora Cá.

Não sei por quanto tempo eu chorei. Mas sei que, toda hora, ela dizia que ia me ajudar, que a gente ia achar ele.

E foi o que ela fez.

O Mistério NatanaelOnde histórias criam vida. Descubra agora