Cap. 08

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Acordei bem na manhã seguinte. Não tinha tido nenhum sonho e o sono foi tranquilo.

Me levantei descalço e, quando passei pela sala para ir até a cozinha, pisei em um caco de vidro. Eu gritei de dor. Fui mancando para a cozinha e peguei uma bacia com água. Mergulhei o pé dentro dela e na mesma hora a dor percorreu todo o meu corpo, como a energia percorrendo um cabo de força. O caco de vidro era do tamanho do dedo médio da mão de uma mulher, ele tinha entrado pela metade em meu pé.

Lembro que tentava tirar o vidro com delicadeza, mas doía cada vez mais, então puxei com toda a força. Fiquei gelada por causa da visão do meu sangue na água. Lavei o melhor que pude e coloquei um curativo.

Resolvi tirar os cacos da minha sala, quando estava quase acabando de catar todos eles, alguém bateu na porta. Era Celi.

_Oi... - ela olhava atônita para a  bagunça em minha sala - O que aconteceu aqui? E o que foi isso no seu pé?

_Bom. Eu quebrei meu abajur e essa, - falei apontando para meu pé - foi minha punição por não catar os cacos de vidro. - E dei um sorriso amarelo.

_Ai Clarissa, esses seus impulsos vão acabar te matando. - Ela me olhava séria agora. - Podia ter sido mais sério!

_Mas não foi. Vai, me ajuda a terminar.

_Fazendo o que?

_Um favor...

_Claro.

Quando terminamos de arrumar a sala, nos sentamos no sofá. Celi estava mais séria e inquieta que o normal.

_Celi, o que foi?

_Não fique brava está bem!?

_Está bem. Porque eu ficaria brava?

_Eu estava pensando, e se Natanael teve mesmo um motivo urgente para ir embora? - Pelo jeito que me olhava, dava para ver que ela estava realmente envergonhada por me falar aquilo. - É que vocês se davam bem, ele nunca te tratou mal e vocês sempre conversavam sobre tudo.

_Eu não acredito Marceli - eu estava perplexa - como você pode defender ele? Ele me deixou sem nenhuma explicação.

_Clarissa pensa, por favor. Porque ele iria deixar a chave da casa dele com você se estivesse mentindo? Isso não faz nenhum sentido. Se ele estivesse mentindo não teria deixado bilhete nem chave alguma. Isso seria irracional.

_Mas...

_Eu sei que é difícil acreditar, mas tem que ter um motivo.

_Mas... - Eu não conseguia falar mais nada.

_Podiamos ir na casa dele de novo, pra ver se agora a gente acha alguma coisa.

_Tá bom.

Eu estava desanimada.

_Bom. Mas antes vamos passar no pronto atendimento pra cuidar descentemente desse corte. - Ela olhava debochadamente para o meu curativo.

Fiz cara feia. Não gostava quando ela fazia isso, sabe, esse negócio de ter razão.

_Vamos Cá, eu sei que te irrito e não te deixo em paz, mas é para seu próprio bem. Somos melhores amigas e é isso que melhores amigas são. Chatas. São chatas e irritantes nesses momentos, mas para o bem uma das outras. Os só amigos é que são bonzinhos. - Ela sempre fala isso para mim nessas situações. - É claro que melhores amigas também são cúmplices, amáveis, insistentes, fiéis, doces, pacientes...

_Está bem Celi - a cortei sorrindo - sei de tudo isso. Agora vamos melhor amiga chata e irritante?

Estendi o braço para ela sorrindo e ela o pegou. Não consigo ficar brava com Celi por muito tempo.

Peguei a chave da casa e ela pegou as chaves do carro dela e saímos.

O Mistério NatanaelOnde histórias criam vida. Descubra agora