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Há noites em que precisamos nos afastar,
E há lágrimas que vamos chorar, mas elas desaparecerão.

(Walking The Wire - Imagine Dragons)

Sebastian

A Marianne me contou da ligação trêmula. Tranquilizei-a, e me ofereci para acompanhá-la até Lincoln. Tinha treinos, mas estava disposto a falta-los. Ela não deixou, e me deixou sozinho na cama numa manhã fria de dezembro. O primeiro jogo do próximo ano era daqui a quatro dias, e eu tinha treino, então não pude contestar, e por isso estou sozinho em casa após seis meses acompanhado da minha família. Foi estranho e vazio entrar em casa depois dos treinos e não encontrar a bagunça da Emy ou a voz da Mary-Ann. Ligo pra ela duas vezes por dia, desde que foi pra lá quatro dias atrás. O último dia do ano chegou com um abração do Jack Frost, tamanho frio que estava.

Odeio que meu aniversário sempre seja frio. É isso aí, nasci no último dia do ano. Por vinte minutos não foi no ano-novo, bendita seja dona Angela e sua cesariana.

Seis horas da manhã a Indiana veio pra cá com um bolo e balões, fechei a porta na cara dela, que usou a chave que tinha pra ligar uma vela cantante no meu ouvido.

—Você está completando um novo ano de vida! Cadê meu sorrisão?

—Onde o Sol se enfiou.

—Gritos animados? Barulhinhos de bebês? Por quê não estou ouvindo nada disso?

—Elas estão em Lincoln. A mãe da Marianne tinha fugido de um manicômio, e ela está resolvendo esse problema judicial. Precisa provar que ela está morta e livrar o nome da Victoria. Não sei quando volta.

—Por isso o mal-humor, entendi. Vou ficar com você hoje, e cuidar da sua aparência. Está tenebrosa.

Ela me obrigou a tomar banho e vestir roupas limpas, alguma baboseira sobre eu não poder começar o ano novo com tanta besteira do ano velho. Ao menos que eu esteja me vestindo na hora que o relógio marcar a meia-noite, vou estar com coisas do último ano no corpo sim.

—Como o 8 desse ano que está vindo beneficia óculos legais, comprei um saco deles. Dei para os meus alunos a maioria, mas sobrou alguns e você vai usá-los comigo.

—Não. Nem sonha.

—Sim. Vamos à um restaurante, comer um bom churrasco e esperar pelos fogos do novo ano. E saiba que estou sendo legal porque sou sua amiga e você será o padrinho do meu novo casamento, não o noivo. — sorriu.

—Carrasca, Indiana, você é minha carrasca. É só dizer a data.

—Isso também. Será no ano que vem, algum dia dele. — ela olhou o celular e sorriu — Vamos logo.

Olhei pra ela no elevador. A Indiana sempre foi bonita, o que agradava a mídia mais do que à mim. Nunca a olhei como mais que uma amiga, e tenho certeza que não olharei algum dia.

—Também adorei a minha roupa, quer uma igual?

—Eu ficaria incrível num vestido de lantejoulas, você não acha?

—Quem seria Gisele Bündchen perto de você. Vamos lá, temos uma noite ótima pela frente!

Ela me levou à um restaurante de churrasco brasileiro, algo sobre ser o melhor churrasco do mundo. Melhor que o meu eu sabia que era. Sentamos só eu e ela.

—É isso? Você e eu? Esse é seu plano pro ano novo divertido?

—Assim você me ofende. — fez biquinho — Não, planejei algo mais, espere um pouco.

Amor Interceptado - Série Endzone - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora