Saíram de mão dada da casa de banho. Sem que ninguém desse conta. Tinham faltado à aula de português, mas nenhum deles se importava verdadeiramente com isso.
O resto do dia decorreu com normalidade e, no final do dia, foram aninhados nos bancos do fundo do autocarro até casa.
A mãe de Hazel convidara Flynn a ficar com elas naquela noite. E obviamente que a resposta dele foi favorável.
Jantaram e depois Hazel levou Flynn para o seu quarto. Ficaram a conversar durante horas. Hazel mostrou-lhe as suas fotos de infância. Flynn riu-se.
Sentia-se protegida, feliz e completa. Queria poder viver assim para sempre. Com Flynn para o resto das suas vidas.
Flynn levou-a para a varanda.
- Sabes, Hazel, há uma coisa que eu tenho de te dizer…. Hum…é algo sobre mim que já te devia ter contado mas não tive coragem…
Hazel estranhou a reação de Flynn.
- A minha mãe estava no desemprego. Passámos maus momentos lá em casa por carência de dinheiro. – Respirou e depois continuou. – Soube no início desta semana que ela conseguiu finalmente arranjar emprego.
Flynn mantinha o olhar no horizonte como se para ele estivesse a falar. Hazel interveio.
- Flynn, mas isso é maravilhoso!
- Deixa-me acabar, por favor. A minha mãe arranjou emprego…em Luxemburgo.
O sorriso de Hazel desvaneceu-se.
- O que é que isso significa?
Flynn respirou fundo e olhou finalmente para ela.
- Significa que eu vou ter de emigrar, Hazel.
Naquele momento, mais do que nunca, Hazel preferia ser surda para não ter que ouvir aquilo.
- Estás a dizer que te vais embora? – Não queria acreditar.
Flynn não respondeu.
- Flynn! Olha para mim! Disseste que ias estar aqui para me apoiar, para me ajudar, para me proteger! E agora, Flynn? Estás a fugir de mim porquê?
- Eu não estou a fugir de ti, Hazel, tu sabes bem que eu jamais fugiria de ti! Mas eu não me sustento cá sozinho, percebes? A minha família vai para lá. E eu fico cá com quem?
Hazel olhou-o nos olhos.
- Comigo…
Uma lágrima rolou pela cara de Flynn. Hazel tentou acalmar-se.
- Quando é que partes? – Perguntou Hazel tentando conter-se.
- Quarta-feira…
Hazel fez as contas. 5 dias. 5 dias era tudo o que lhes restava. O “para sempre” que Hazel imaginara resumia-se agora a 5 dias com a pessoa que mudara a sua vida. Não a podia deixar ir.
- Só te peço…que não te esqueças de mim. – Acabou por dizer ela.
Flynn aproximou-se dela, abraçou-a e colou os seus lábios aos de Hazel. Foi um longo beijo, desta vez carregado de arrependimentos, promessas e amarguras de quem passara os melhores momentos da sua vida ao lado da pessoa que ama. Várias perguntas preenchiam a cabeça de Hazel: Voltaria a vê-lo? Lembrar-se-ia ele dela dali a dois anos? Quem a protegeria dali em diante dos ataques de Kelsi?
Teria de ser forte, nem que tivesse que o fingir. O seu protetor desaparecera e isso teria de a fazer mudar.
Nessa noite, e pela primeira e última vez, “dormiram” juntos na cama de Hazel. Nenhum conseguiu pregar olho sem que, no entanto, soubessem que estavam os dois acordados. Hazel, acabou por adormecer, pois a força do cansaço venceu-a. Flynn, vendo que esta caíra num sono profundo, saiu suavemente da cama e ficou ao lado a olhar para Hazel.
Como era linda. Pensar que a tinha de deixar sozinha naquela cidade, era como cravarem-lhe uma punhalada no peito. Queria que ela fosse feliz, mas acima de tudo, queria ser a razão da sua felicidade. Queria poder passar o resto da sua vida com Hazel e colher frutos desse amor que ambos imaginavam eterno.
Deu-lhe um beijo na testa e saiu do quarto, da casa, da vida de Hazel com lágrimas a escorrerem-lhe pela alma e pelos olhos. Lá fora, o sol anunciava um dia.
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#ExcluidaDaSociedade
RomanceEsta é a história de uma rapariga de nome Hazel, que se encontra a viver uma vida na qual não se consegue incluir. Filha de pais separados e com poucos amigos, Hazel vê a sua vida mudar repentinamente quando a mãe a muda de escola. Uma história em q...