Touches

10 0 0
                                    


Sexta-feira, último dia de aulas da primeira semana letiva na escola. Hoje haviam 3 horários de matemática distribuídos ao longo do dia, exatamente em 1º, 4º e 5º.

Grace e Megan andavam estranhas comigo, mesmo que Grace ainda tentasse ser um pouco mais amigável, ambas estavam muito afastadas de mim. E as aulas de matemática... Estavam mais horríveis que o possível. Meu professor era implicante e me fazia passar por situações constrangedoras durante todas as aulas, ambos os atos que geravam burburinhos e risadinhas de toda a turma, e as "notícias" sobre isso espalhavam-se pela escola das piores formas possíveis.

A classe de matemática já estava cheia quando tomei coragem para entrar. Agora eu fazia isso: ao invés de ser uma das primeiras a chegar, era uma das últimas, tudo por causa da vergonha de ficar ali, sozinha com ele. De cabeça baixa, sentei-me em minha carteira e peguei meus materiais para as aulas.

— Bom dia a todos. — Sr. Bieber ficou de pé, enquanto segurava muitas folhas em sua mão esquerda. — Hoje eu entregarei um teste básico, não avaliativo, para vocês. Ele apenas serve para avaliar e refrescar seus conhecimentos básicos sobre o conteúdo do ano passado.

Após a explicação, todos começaram a guardar seus materiais nas mochilas e pegar o necessário e permitido para testes: lápis, borracha e caneta.

As provas foram entregues e comecei a minha imediatadamente, lendo cada questão atenciosamente. Pelo fato de que o teste tinha apenas uma folha, acabei rapidamente e entreguei o teste, guardando minhas coisas no estojo. Coloquei-o em cima da mesa, esperando os outros acabarem, mas a maioria da turma ainda estava fazendo-o.

Um estrondo preencheu o silêncio da sala e, quando percebi, o professor havia derrubado meu estojo, que estava aberto, no chão. Os lápis espalharam-se pelo chão e, quando ia abaixar-me para catá-los, ele mesmo o fez. Voltei à minha postura, observando-o pegar minhas coisas sem poder fazer muito. Então, senti sua mão esquerda apertar minha coxa e ir subindo, enquanto acariciava a região. Meu corpo travou e fiquei ereta, quase congelada. Minha respiração pesou e eu juntei minhas coxas uma na outra na intenção de travar seus movimentos, no entanto, sua mão continuou subindo e eu só conseguia me sentir enojada. E, mesmo com o tecido grosso do jeans que eu usava, sentia seus toques como se não houvesse qualquer barreira entre sua mão e minha coxa.

Coloquei minha mão sobre a dele quando estava ficando próxima demais de onde não deveria — foi só aí que tomei coragem e consegui reagir ao que ele fazia. Segurei-a com firmeza, do mesmo jeito que segurava as lágrimas em meus olhos, e consegui retirá-la dali. Poucos segundos depois, meu estojo, com todo meu material dentro, foi colocado em cima da minha mesa e um pequeno sorriso satisfeito estampava o rosto de Bieber. Abaixei minha cabeça e chorei baixinho, não permitindo que ninguém ouvisse. Isso foi tão constrangedor, humilhante e nojento.

Agora eu me perguntava o porquê disso. Ele havia me tratado mal, porém a situação estranha ocorrida no final da aula de segunda-feira explicava, talvez, o motivo pelo qual isso ocorreu. Ele literalmente gostou de mim.

Assim que o sinal bateu, sequei minhas lágrimas com a manga do suéter cinza que usava e guardei meu material, indo em direção à saída. Graças a Deus não fui parada pelo Sr. Bieber. Por isso consegui ir ao banheiro correndo e tranquei-me numa das cabines. Sentei-me no vaso sanitário e respirei fundo, passando as mãos em meu rosto quente e inchado pelo choro.

Minha cabeça doía levemente, por isso saí da cabine depois de um tempo e lavei meu rosto no lavatório do banheiro. A água gelada me deu uma sensação de frescor e deixou-me um pouco mais disposta. Ainda sim, conseguia sentir com precisão os dedos do professor Bieber deslizando em minha coxa, como se ainda estivessem lá.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 04, 2018 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

HiddenOnde histórias criam vida. Descubra agora