AMOR E DOR

03 - A PROPOSTA

                                                                             BEM MADRASTA   MESMO   

           Não acredito que mais um  mês havia se passado e tenho  que pagar o senhorio todo aquele dinheiro  de novo,parece que o mês para ele é bem menor que o meu,mas que droga,e ainda sei que para ele que recebe nunca é o suficiente ,e que logo vai vim com aquele papo chato de aumentar só um pouquinho,mas para mim que ralo para manter aquilo em dia estava sendo muito suado,sem falar na mensalidade da minha faculdade  que esta mais do que atrasada e outras coisas,escuto minha barriga roncando de fome e faço de conta que não escutei nada.

------Puta que pariu,como podem me cobrar tudo isto de luz,se aqui eu só chego a meia noite,tomo banho e caio na cama e saio cedo no dia seguinte?nem la na lanchonete vem tudo isto,sim sofia eu estou falando sozinha e estou muito brava com tudo e com todos,venha vou te levar para sua gaiola e nada de fazer bagunça,e assim que o veterinário voltar de férias vou te devolver para ele,e torça para que ele te queira por lá,porque aqui não tem mais espaço para você,quer dizer espaço até tem sim,mas esta ficando muito caro comprar seu alimento vivo garota.

Acho que joguei pedra na cruz ou escolhi a madeira,só pode!  desta vez vou ter que causar a cara e ir falar com ela,vou precisar daquele  dinheiro e desta vez ela vai aproveitar para falar poucas e boas na minha cara,e vou ter que escutar e ficar caladinha,afinal quem esta precisando do meu dinheiro sou eu,e meu no sentido real da coisa,pois ela só esta cuidando dele até eu atingi a idade determinada por meu pai no testamento,retiro a sofia  que esta enroscada no meu pescoço e colo e levo para  sua jaula,esta gibóia branca com manchas amarelas também foi um belo presente de grego,quando aluguei o apartamento todo mobiliado da minha amiga,ela   estava saindo com sua mudança e me entregou as chaves na portaria,eu gostava e muito daquele lugar e como ela havia ficado feliz em ter concluído seu curso e poder voltar para casa dos pais,e só a noite quando entrei com minhas coisas e ascendi a luz é que dei de cara com aquela cobra  andando toda a vontade pelo lugar, claro que não tive medo até porque as vezes eu as dormia aqui,mas eu pensei que ela fosse voltar para busca-la,e dois anos havia se passado e nada dela voltar,pego a bolsa e as chaves do meu carro velho,meu guto era um maverik amarelo,quer dizer ele foi amarelo a muitos anos atrás quando meu adorado pai me deu de presente,retiro logo aquela doce lembrança que sempre me deixa triste e me preparo psicologicamente para enfrentar aquela mulher que havia se casado com meu pai quando eu tinha dez anos e meu irmão quinze,logo de cara nós dois não gostamos dela,e não era porque ela  era muito amiga da mamãe, era porque ela  não parecia ser aquilo que demonstrava ser,era como se ela estivesse usando uma máscara o tempo todo,mas infelizmente apenas eu e o Matheus conseguíamos  enxergar,na minha festa de quinze anos ela havia feito questão de convidar os dois modelos mais badalados e caros do momento, e não houve quem tirasse aquilo da cabeça dela e ainda por cima minha mãe já havia entrado na dela e também não via a hora de abraçar os negros gatos dela,era assim que elas os chamava carinhosamente,e como ela havia se divertido naquela noite,minha casa é imensa mas  naquele dia ela estava pequena para comportar todos convidados,mas eu me diverti muito e como fiquei feliz em dançar com aquele deus negro lindo,minha mãe não cabia em si de tanta alegria em saber que aquela festa estava sendo fotografada pela colunista mais famosa do momento,ela dançou com os dois e se divertiu muito até sai do salão e subir para o terraço falando no celular com alguém,e aquela foi a última vez que eu a vir viva,estaciono meu carro ao lado dos carros dela e ele se destaca entre eles,claro que por ser o mais velho e também o mais  detonado,os seguranças me olha sorrindo e balança a cabeça,que se dane todos eles,eu devo sim para algumas pessoas,mas para eles não devo nem um bom dia,pego a bolsa e entro sem bater na porta,se ela vai brigar comigo como sempre tem feito, o que importa se sou educada ou não agora,adoro esta casa e tudo que tem aqui dentro,aqui em nasci , cresci e vivi quase metade da minha vida,olho para o lugar onde devia ter um quadro do papai e sinto um aperto no peito,ela o havia retirado dali  e também havia mudado muita coisa.