AMOR E DOR

36 - A FOTOGRAFIA

                                                                           E O PEDIDO DE SOCORRO.

            Acordo antes do meu pai  e fico caladinha e bem quieta para não acorda-lo,desde aquela primeira noite que o chamei para deitar ao meu lado,ele tem feito isto todas as noites,e pelo frio que faz aqui dentro,eu faço  uma vaga ideia do quanto ele havia sido forte em suportar tudo aquilo,a coberta fina e velha dele já não aguentava mais nada,e eu podia senti a pele fria dele quando se deitava do meu lado,aquela cretina o mantinha aqui sem nada de conforto,lhe dava apenas o básico para mante-lo vivo e nada mais,de uma certa maneira minha vinda para cá foi boa para ele,até  a sua alimentação havia melhorado,eles me traziam frutas e leite todo os dias em quantidade suficiente para nós dois,mas eu ainda não aceito vê-lo naqueles farrapos e se minha memória já não esta falhando,hoje é o dia daquela cobra  dar o ar de sua maldade,nunca vou entender todo  ódio dela por  nós,quando os dois havia se  casado, nós éramos menores,mas ela parece não ter se esquecido de nossas caras e bocas para ela, cada vez que aparecia na nossa casa e quase sempre sem ser convidada,passo a mão na minha barriga enorme e sinto meu bebê se mexer devagar,era como se ele sentisse meu toque suave,agora o espaço já não esta tão grande para acomoda-lo,então ele tem se mexido bem menos,viro de lado devagarinho e vejo os pingos de água na janela,nossa como é que meu pai conseguiu aguentar todos estes anos aqui dentro,sem ficar louco só tendo aquela janela para olhar para fora,e agora era nós dois  que ficávamos ali olhando o nada e a imensidão do mar,estamos tão perto de casa e ao mesmo tempo tão longe,ela soube escolher muito bem o lugar para esconde-lo,quem seria capaz de imaginar que alguém o teria colocado no porão do próprio navio encalhado?e ainda tão perto de todos?olho para as marcas de caneta no casco e constato que hoje faz duas  semana que estou aqui e com certeza meus amigos e meu irmão devem estar a minha procura,do mesmo que jeito que ficamos a procura do papai,até nos convencermos de que ele devia estar morto em algum lugar,só espero que o mesmo não aconteça comigo,pois agora não estou sozinha e tenho um bebê que depende  de mim para viver,ou melhor sobreviver,meus pensamentos a muito tempo deixou de me obedecer e do nado me trás o rosto dele  na minha frente,acho que é uma forma de me dar algum alento,mas a dor e a saudades era imensa,ele não sabe sobre o filho e acho que nunca vai saber mesmo,melhor assim,vai que ele resolva ficar com meu bebê ?e quando se tem dinheiro,tudo fica tão fácil,escuto meu pai se esticando na cama e viro de lado para ele.

------Bom dia minha filha,dormiu bem?olha se eu já estiver atrapalhando os dois,posso voltar a dormi no meu catre,é só me avisar sim?

-----Bom dia papai,sim nós dois dormimos bem,e não,o senhor não esta nos atrapalhando em nada,sabe eu me pergunto se a mamãe não teria ficado desapontada comigo,afinal fiquei grávida sem estar casada,e o senhor papai?

------Eu amo você minha filha, e nunca houve um só dia em que eu me arrependesse de ser prisioneiro deles, para que vocês dois pudesse continuar vivendo,e agora que vou ser avô,nossa estou feliz querida,só não queria que seu filho nascesse aqui e ficasse vivendo aqui conosco.

O som de passos e o cheiro enjoativo do perfume dela me faz virar de lado antes de sentar na cama,meu pai me ajuda e depois se levanta e fica de pé a espera daquela ave de rapina miserável.

-----Não os escutei porque quis,mas vocês não me ouvirão descendo porque estavam tão entretidos na conversa,mas  você  só vai ter o filho aqui e ainda continuar vivendo aqui com ele se  quiser,olha  eu com certeza não vim aqui por falta do que fazer sabia?

-----Com certeza a senhora deve ter muitas outras pessoas para infernizar e fazer infeliz não é mesmo?então vomita logo o veio dizer, e depois leva este seu perfume nauseabundo daqui,até meu filho sabe o que é bom e este cheiro com certeza não o agrada.