O caminho foi rápido e, por incrível que pareça, eu havia parado com a tal paranóia de não chorar na frente de ninguém, afinal, minutos antes um restaurante inteiro me viu chorar, que diferença faria naquele momento?
- Obrigada pela carona. - eu abri um sorriso forçado e, de modo ridículo e estranho, comecei a mexer os dedos desesperadamente, era o que eu fazia quando estava nervosa, ou algo do gênero. As lágrimas ainda escorriam pelo meu rosto, mas já não me importava tanto com isso.
- Quando precisar. - ele passou um dos braços em frente ao meu corpo, até que sua mão parasse sobre a porta, para que ele pudesse abrir a mesma, enquanto eu enxugava as lágrimas e fungava o nariz - e mais uma vez, eu sinto muito. - ele sorriu e voltou ao seu devido lugar.
Desci do carro, e para minha surpresa, nem mesmo a brisa forte de Nova York conseguiu me passar a sensação de paz e alívio que sempre passava. Entrei no prédio, e além do porteiro mal humorado de sempre, uma das primeiras pessoas que avistei foi Ashley que, pelo que aparentava, já sabia de tudo.
- Eu sinto muito. - ela veio em minha direção, e então, me envolveu em um de seus abraços apertados. Era engraçado ver aquele lado carinho e super protetor de Ash. Muitos nem sabiam que aquele lado existia, e eu sempre me senti extremamente lisonjeada em ser uma das únicas pessoas a saber.
- Eu também. - respondi voltando a chorar como uma criança. Eu não sabia ao certo no que as lágrimas me ajudariam naquele momento, mas a única coisa que eu sabia fazer era chorar, afinal, é o que as pessoas fazem em momentos como o que eu estava vivendo.
Em questão de minutos, Ashley e eu já nos encontrávamos no meu apartamento, sentadas no sofá, encarnado uma a outra. Não era algo desconfortante ficar ao lado das minhas melhores amigas, mesmo que nenhum som fosse emitido. Nos conhecíamos a tempo suficiente para que pudéssemos entender o silêncio de cada uma. Podíamos ficar nos encarando por duas horas, e mesmo assim não conseguíamos nos sentir estranhas e nada do tipo.
- Eu não sabia que ela tinha câncer. - comentou Ash depois de alguns minutos calada. Eu nunca havia contado sobre essa pequena e importante parte da minha vida para ninguém, era algo que apenas Matthew e eu sabíamos.
- Faz dois, mas eu nunca pensei que essa hora chegaria tão rápido. - respondi e engoli em seco. Vovó havia descoberto um câncer no pâncreas há dois anos, mas especificamente, desde que meus pais morreram. Demorou um tempo para que ela tivesse a coragem de me contar, afinal, eu havia acabado de perder as pessoas que mais amava, e receber a notícia de que a qualquer momento poderia perder mais uma seria demais para uma garota de quinze anos.
- Por que nunca nos contou? - perguntou ela me encarando no fundo dos olhos, era o que ela fazia quando queria arrancar algo de mim, mas especificamente, do meu coração.
- Não quero falar sobre isso, eu só quero ver Matthew e ter a certeza de que ele vai ficar bem. - falei tentando mudar de assunto, afinal, dizer que eu nunca havia contado nada para ninguém porque eu não queria ver ninguém sentindo dó, ou sofrendo junto comigo seria algo clichê demais para Ashley.
- Ele mora, praticamente, aqui do lado, a passagem não deve ser tão cara. - Matt não morava tão perto quanto Ash estava dizendo, mas ela tinha razão em dizer que a passagem não devia ser tão cara - podemos comprar uma passagem pra você ir o mais rápido possível. - ela me olhava de modo que eu não conseguia distinguir se ela realmente queria me ajudar, ou estava louca para se livrar de mim.
[...]
- Chloe, não chora, isso é ridículo. - comentou Ashley revirando os olhos enquanto Chloe, que não havia dispensado a chance de me levar no aeroporto ao lado das garotas, me abraçava e chorava como uma criança.
- Me deixa ser uma pessoa sentimental. - Chloe, por algum impulso e força dos céus, me soltou, de modo que todo o ar que eu estava guardando naquele abraço extremamente apertado se juntou com o restante das moléculas do ar daquele lugar - a culpa não é minha se você é fria e ignorante.
Eu, apesar de saber que em menos de três meses estaria de volta, não consegui conter as lágrimas quando senti Lucy me envolver em um de seus abraços, assim como Ashley, que me abraçou logo depois, formando assim, a coisa clichê que as pessoas chamam de abraço triplo.
- Já estão chamando seu vôo, é melhor ir logo. - ordenou Lucy enxugando as lágrimas que escorriam pelo seu rosto e passando uma das mãos pelos seus cachos. Chloe e Ash não falaram mais nada, apenas assentiram, mostrando concordar com o que Lucy havia dito.
As pessoas já haviam entrado naquele enorme avião, e já estavam quase todos em seus devidos lugares, já que alguns ainda observavam a pequena ficha em suas mãos e olhavam ao redor procurando se sentar o mais rápido possível. Por incrível que pareça, mesmo com toda a minha lerdeza, em menos de um minuto, já estava sentada onde deveria, assim como todos os outros.
Eu odiava andar de avião. Toda aquela altura me trazia lembranças indesejáveis. Meus pais haviam morrido numa dessas grandes máquinas tecnológicas. Eles não mereciam aquilo, ninguém que estava naquele avião merecia aquilo.
- Precisa de alguma coisa? - perguntou a aeromoça, me fazendo despertar. Era noite, e tudo dali de cima parecia ficar mais bonito. Era tudo mais iluminado, como se as estrelas tivessem mudado de lugar.
Pelos meus instintos, que não são lá muito bons, eu não precisava de mais absolutamente nada, então apenas balancei a cabeça em sinal de negação, e segundos depois a moça que havia acabado de falar comigo, já estava fazendo a mesma pergunta para o homem a minha frente.
Fiquei imaginando se Matthew estaria me esperando, e como ele estaria. Mesmo sabendo que era quase impossível isso não acontecer, a última coisa que eu queria era ver meu irmão chorando, era como se voltássemos no tempo, e tudo o que já vivemos viesse a tona outra vez.
Minutos depois, uma voz grossa tomou conta do lugar, nos avisando de que iríamos pousar. Alívio para muitos, pesadelo para mim, já que o maldito avião que meus pais se encontravam havia perdido o controle ao pousar, o que causou uma grande tragédia.
Um frio percorreu todo o meu corpo, e um sentimento ruim também, e então, nós pousamos.
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Desculpem o capítulo extremamente sem graça
Passei tanto tempo para publicar esse capítulo, e só fiz isso
Sério, até eu estou decepcionada comigo
Mas não desistam de mim
Prometo que próximo capítulo tem tiro, preparem seus coletes a prova de balas🌚🌚
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THE FEELING // SHAWN
Fiksi Penggemar"- Uma transa, entendi? Era a única coisa que planejamos ter naquela noite, não esperávamos nos apaixonar. - Lucy balançava a cabeça em sinal de concordância enquanto eu enchia seus ouvidos com coisas clichês." • Copyright© 2017, EmillyRhuty • Cover...