CAPÍTULO 02

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    Eu cantarolava alto uma canção dos Beatles, enquanto a água quente escorria pelo meu corpo. O relógio marcava dez e meia da manhã, e eu estava acordada desde as quatro, o que resultou em olheiras bem visíveis, não que eu fosse muito de me importar com isso, e acredite, eu não era, nunca fui e, provavelmente, nunca vou ser (Pra começar, eu não sei nem passar um simples delineador).

- Hazel, estou entrando. - ouvi a voz de alguém do outro lado do box. Não era uma voz desconhecida, na verdade, era o contrário de desconhecido. Era Lucy.

- Como você entrou aqui? - perguntei desligando o chuveiro com uma das mãos e segurando os seios com a outra.

- A porta estava aberta. - resumidamente, se algum estuprador entrasse no prédio, eu seria a primeira vítima, afinal, ninguém naquele prédio deixava suas portas abertas, nem eu, apenas havia esquecido.

- Merda. - resmunguei enquanto pegava a toalha que estava bem ao meu lado e a enrolava no meu corpo.

- Não se preocupe, eu fechei.

- E onde está Ash? - perguntei abrindo a porta do box e indo direto para o espelho embaçado.

- Dormindo. - respondeu ela. Lucy não parecia estar muito animada, o que era de se estranhar, afinal, Lucy estava sempre alegre e tentando fazer as pessoas darem risada, e naquela manhã ela estava totalmente o oposto disso.

- Aconteceu alguma coisa? - perguntei enquanto estourava algumas espinhas que estavam no canto da minha bochecha e Lucy me observava cabisbaixa.

- O pai de Ashley me ligou. - respondeu ela, o que me fez para e me ajeitar de modo que pudesse ficar de frente para ela.

- E o que ele falou? - perguntei com um pouco de receio da resposta que viria.

- Me disse para ficar longe da Ash, e que isso é só uma fase, logo mais ela vai ver que eu não presto e que ela precisa de um homem. - falou ela já com os olhos transbordando de lágrimas, o que partiu o meu coração.

- Lucy. - eu realmente não sabia o que fazer quando via uma pessoa chorar, ainda mais se fosse Lucy - ele é um babaca.

- E se ele estiver certo? - perguntou ela num mar de lágrimas.

- Ele não está certo, Ashley te ama mais do que tudo nesse mundo, não se preocupe. - respondi enquanto lhe fazia um cafuné e ela chorava em cima dos meus seios enrolados apenas pela toalha.

    Michael Benson, o pai de Ashley, nunca curtiu muito essa ideia da filha ser lésbica, na verdade, ele abominava esse fato, o que resultou numa briga eterna entre os dois. A mãe de Ash, Amy Benson, faleceu pouco antes da filha completar os seus dezesseis anos, deixando, assim, a guarda de Ash com o pai que, no caso, era o único que não a apoiava.

- Hazel, você viu a Lu... - Ashley invadiu o banheiro sem pensar duas vezes e acabou vendo as lágrimas da namorada escorrendo pelo rosto - amor, o que você tem?

- Nada, acho que eu tô de tpm, só isso. - Lucy se saiu dos meus seios e enxugou suas lágrimas rapidamente.

- Mas você não fica assim nem quando está de tpm. - Ash veio até Lucy e a abraçou, o que a fez desmoronar outra vez.

- Você promete que nunca vai me abandonar? - perguntou Lu enquanto Ash me olhava confusa, me perguntando o que havia acontecido sem emitir som algum, e eu apenas fazia sinal de que também não estava sabendo se absolutamente nada.

- É claro que prometo. - Ash tirou a cabeça de Lucy do seu ombro e acariciou seu rosto com o polegar.

- Olha só, tem que prometer mesmo, Okay? - perguntou Lucy entendendo seu dedo mindinho para a namorada, que sorriu largamente, assim como eu.

THE FEELING // SHAWNOnde histórias criam vida. Descubra agora