Olhos de Luar

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Tião era um morador forte
Alegre e destemido
Nasceu do amor feito na terra
Em meio à plantação
Pegava no cabo da enxada
E cabiava o gado
Tristeza era coisa que não
Se via do seu lado

Depois da roça e a travenda,
Um copo de cachaça
Cantava, tocava Viola
E fazia graça
O peito largo
O sorriso claro
Amigo dos amigos
Não tinha medo de ninguém
Zombava dos perigos

Um dia ele sentiu no rosto
Os olhos de luar
Da filha do patrão
E o doce amargo
Alegre triste
Entrou do coração
Tião não era mais o mesmo
Depois que sentiu
O brilho desse olhar
Sentiu pela primeira vez
Vontade de chorar

Ma o feitiço do olhar
Entrou feito veneno
O olhar da filha do patrão
No seu corpo moreno

Ah esse olhar tinha
Mais luz que o
Sol do meio dia

A tentação era mais forte
Ele não resistia

Um dia ele chegou mais perto
Com um raio de esperança
Um homem quando ama
Fica assim meio criança
E ele então falou de tudo
Aquilo que sentia
Pediu desculpas por amar
Assim quem não devia

E uma lágrima rolou
Nos olhos de luar
Da filha do patrão

Seu rosto branco
Avermelhou na força da paixão

Então o céu chegou na terra
Quando o amor existe
Fica tudo igual

O amor aconteceu
No meio do canavial

Mas o orgulho do patrão
Ainda era mais forte
A honra se lava com sangue
Uma jura de morte
O fruto desse amor não pode
Ver a luz do dia
À noite o som do tiro
O corpo cai na terra fria

Mais tudo que aqui se faz
Aqui também se paga
A mancha do sangue na terra
Nunca mais se paga

Por sete anos nada mais
Nasceu naquele chão
E a noite escureceu de vez
Os olhos do patrão

Mais quando é noite de luar
Tem gente que viu em meio
À plantação um negro levando
Um menino louro pela mão
Os dois correndo pelo campo
Vão deixando rastro
De luz sem igual

Um rastro de amor
No meio do canavial

Um rastro de amor
No meio do canavial

César Menotti & Fabiano

Part.

Luan Santana

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