Capítulo 7

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Hoje acordei meio dia, faculdade acabou e provavelmente clientes só mais tarde. Abro meu notebook e começo a fazer um currículo, vou começar a entregar, pois não quero continuar nessa vida. Pego meu celular e vejo 10 chamadas perdidas da minha irmã, me assusto e retorno em seguida:

— Alô mana? O que houve?

— A mãe está ruim Bárbara. Passou mal hoje de manhã e a levamos para o hospital. Ela está internada fazendo vários exames, hoje pela tarde saí os resultados, te ligo para avisar.

Meu coração dispara, lágrimas caem dos meus olhos sem eu perceber, respiro fundo e digo:

— Estarei no aguarde, mantenha contato pelo Whatsapp.

Desligo o celular e choro feito uma criança, se acontecer algo com minha mãe eu jamais me perdoaria por não ter aproveitado mais tempo ao lado dela. Minha viagem estava marcada para dois dias depois para passar as férias com ela, dependendo dos resultados dos exames irei hoje mesmo. Fecho meu notebook e me deito, luto contra o choro mas é impossível. Penso em tudo que já vivi, como sofria quando morava com minha mãe, passávamos fome,
morávamos em um barraco. Penso em como minha vida mudou, em como me tornei uma prostituta. Choro mais ainda ao lembrar disso, mas por um lado fico feliz porque consegui comprar uma casa para minha mãe, não deixo faltar nada para ela e nem pra minha irmã e sobrinha, porém não é com dinheiro honesto e minha mãe ficaria muito triste em saber. Me agarro ao travesseiro como se ele fosse um consolo para mim, as lágrimas escorrem automaticamente e eu não faço esforço nenhum para evita-las. Do que adianta eu ter me formado, conseguido ajudar minha mãe se me tornei esse lixo? Anderson tem razão, sou um ser desprezível! Nunca vou conseguir formar uma família, ter uma vida normal, vou viver para sempre com este sentimento de culpa. Adormeço e acordo com meu celular tocando:

— Bárbara? Não tenho boas notícias.

— Fala logo Bruna!

— Mãe vai continuar internada, foi diagnosticada com câncer na garganta, mas estão fazendo mais exames para confirmar.

Sinto a voz da minha irmã embargada e sei que ela está segurando o choro. Eu por minha vez, fico sem reação, sinto tudo rodando ao meu redor, minhas vistas começam a escurecer, vou perdendo meus sentidos e somente ouço uma voz lá no fundo me chamando:

— Mana você está bem? Bárbara me responde pelo amor de Deus. Bárbara você está me deixando mais preocupada.

Não vejo, nem ouço mais nada, tudo se apaga e sinto o baque da minha queda.

                               //

VERSÃO BRUNA (irmã de Bárbara)

Dou a notícia para Bárbara, segurando o máximo o choro, quero mostrar que sou uma pessoa forte, mas quando termino de falar ela não me responde mais, começo a gritar no telefone e ela não me responde, me desespero, começo a chorar. Desligo o telefone e imediatamente ligo para Léo:

— Léo preciso que você vá agora até a casa da minha irmã, ela está sozinha e acho que aconteceu algo!

Não consigo falar sem gritar e chorar, Léo me pede calma, mas fico mais nervosa ainda.

— Calma Bruna, me explica o que está acontecendo.

Respiro fundo e tento explicar tudo, Léo diz que vai até a casa de Bárbara e que manda notícias depois.

                             //

VERSÃO LÉO

Saio de casa as pressas, ligo o carro e saio cantando pneu. Minha melhor amiga precisa de mim neste momento. Em menos de 15 minutos estou em sua casa. A porta está trancada e nesse momento deixei toda a minha feminilidade de lado e dei um empurrão que a porta abriu de uma vez. Vou de encontro a Bárbara, chamo pelo seu nome porém ela não acorda, a pego no colo e seu celular começa a tocar, pego o telefone e saiu correndo, coloco ela no banco de trás e vou direto para o hospital.

Chegando no hospital os enfermeiros já colocam ela na maca e entram, eu fico la fora aflito e com medo. Sinto o celular vibrando no bolso, olho para o visor e alguém está ligando, cujo o contato ela salvou como "cliente gostoso", não me contive e soltei um riso, atendo:

— Alô? Olha, a Bárbara não está em um momento legal então por favor desmarque o horário e depois ela acerta com você.

— Quem está falando? Cadê a Bárbara? Eu não tenho horário nenhum. O que aconteceu com ela?

Me toquei que deveria ser o cara que Bárbara havia me contado.

— Sou amigo dela e ela está no hospital, eu não sei bem o que aconteceu, mas ela estava desmaiada e sozinha na casa dela então a trouxe para cá, os médicos entraram com ela e ainda não tenho notícias.

Silêncio!

Depois de uns 3 minutos somente ouço uma voz irritada e ao mesmo tempo preocupada:

— Me passa o endereço agora deste hospital!

BÁRBARA: A PROSTITUTAOnde histórias criam vida. Descubra agora