Início banhado à sangue

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O sangue pingou da ponta da lâmina. Mais uma vez ela fazia isso, mais uma vez ela derramava sangue em ordem daquele homem. Ela não aguentava mais.
Ela olhou para ele, ainda havia outra pessoa viva além dos dois na sala. O olhar dela guardava uma suplica, um pedido desesperado, e, ao mesmo tempo, o olhar gélido do homem o negava. Ele estendeu a mão direita, uma corrente dourada surgiu em sua palma. "Agora", sua voz tão firme quanto o olhar, "Eu te ordeno".
Ela se virou novamente para a pessoa encolhida no chão aos seus pés, estava tremendo e embebida no sangue derramado pela espada da mulher em pé na sua frente. Os olhos da pessoa lacrimejaram. "Eu não posso", ela sussurrou, "Não posso!". Ela se virou e apontou a espada para a garganta do homem, que somente franziu a sobrancelha e encheu seus olhos com desprezo. "Você acha que pode me desobedecer?", ele puxou a corrente e ela se iluminou toda até o pescoço da mulher, onde estava presa. Ela tentou permanecer no mesmo lugar, mas a magia da corrente a impedia, fazendo com que ela caísse de joelhos. A espada caiu de sua mão e o homem deu um passo em sua direção, "Lixo, você não é nem mesmo capaz de seguir uma simples ordem como essa?", mais um passo, a sola do sapato dele acertou em cheio o rosto da mulher humilhada que esbravejou em dor, "Não foi para isso que eu vim aqui, não foi para isso que eu fui criada!!".
"EU NÃO ME IMPORTO COM O MOTIVO DA SUA CRIAÇÃO, AGORA VOCÊ É MINHA E FARÁ O QUE EU MANDAR!!!", a sua expressão mudou de desprezo para raiva e ele chutou violentamente o rosto da mulher.
"Não, não, não, NÃO!!", a mulher gritava e começava a chorar, mais desesperada que a moça que ela estava prestes a matar, essa que fracamente começou a rastejar em direção à espada da mulher. Quando a sua mão se fechou em torno do cabo da arma, ela reuniu toda a sua força para conseguir se levantar e dar um único salto.
"O que...?!", o homem gritou com surpresa quando a frágil e abatida mulher que há poucos momentos estava para ser morta enfiou a espada no peito dele com as únicas forças que lhe restavam. "Mal...dita...", disse o homem enquanto caía, a vida deixando o seu corpo.
A mulher caída no chão começou a se desvairar em pó dourado, que se espalhava com o vento noturno que entrava pela janela aberta daquela taberna. "Eu...eu tenho que ir...", ela se ergueu com dificuldade e saiu para a rua, conseguindo apenas se arrastar para um beco e ali deitar, ofegando e transpirando muito. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto, seria o seu destino sofrer mesmo depois de sua morte? Era isso que Deus queria para ela? Sofrer eternamente e tirar vidas inocentes para poder mudar alguma coisa ou conseguir proteger alguém?
Uma sombra se deitou sobre ela quando um garoto se posicionou na entrada do beco. "O que é...", o menino se aproximou dela, mas ela não conseguia nem se mover nem dizer nada. "Você...você é um servo?", ela apenas pôde afirmar levemente com a cabeça, não fazia ideia de como aquele garoto sabia sobre a Guerra do Santo Graal, mas naquele momento ela não conseguia pensar direito. Ele olhou para a espada solta ao lado dela e colocou a mão sobre sua testa, dizendo então: "Você, servo da classe Saber , aceita firmar um contrato familiar comigo, Chris Fieldbelth?".
Ela reuniu toda a sua energia restante para pronunciar as seguintes palavras:

"Eu...aceito."

Fate/JudasOnde histórias criam vida. Descubra agora