O andarilho

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Um rapaz andava sozinho pelas ruas da cidade de Kings Bay.
Os postes de luz iluminavam fracamente o chão, aquele não era um horário onde as pessoas devieriam sair de casa, mas aquele jovem parecia não se importar. A calça cinza estava toda amassada, tinha pego a primeira coisa que vira no guarda-roupa. A camiseta de uma banda de rock pouco conhecida estava coberta por uma blusa moletom roxa. Uma touca cobria o seu cabelo preto bagunçado.
Os olhos verdes estavam completamente focados no mapa que carregava em uma de suas mãos, na outra levava um livro de aparência velha.
Ele parou em frente à uma construção abandonada. Sem perceber deixou que as instruções do mapa o levassem para um lugar desconhecido.
A rua em que ele tinha ido parar estava mais escura que as outras. Todas as casas pareciam ter sido abandonadas.
O edifício de dois andares à sua frente era uma casa no estilo gótico. Dava a impresão de ser algo mais velho que todas as outras moradas. O portão era grande e, antes mesmo de pensar em algum jeito de conseguir pulá-lo, percebeu que ele já estava aberto.
Caminhando pelo pequena calçada feita de cascalho ele observava o jardim repleto de flores podres e coberto por uma grama que apenas não crescera de maneira surpreendente por já estar morta a muito tempo atrás.
A porta do casarão tinha quase o dobro do tamanho dele e era feita de carvalho e decorada com detalhes esculpidos à mão. A figura de um servo em cima de uma colina se fazia presente no meio dela.
O invasor foi surpreendido ao descobrir que a porta também estava aberta.
A sala de entrada era também a sala de estar. Os móveis já haviam sido peças luxuosas de primeira categoria, mas agora não passavam de velharias podres. Um enorme quadro de um homem barbado estava pendurado em cima da lareira cheia de teias de aranha.
Haviam velas em quase todo canto. Um candelabro que parecia ser feito de ouro se prendia ao alto teto.
As duas escadas que levavam ao segundo andar se projetavam uma em cada lado da lareira.
O rapaz começou a preparar o ritual pelo qual havia ido até aquele malsoléu cheio de pó.
Afastou os móveis do centro da sala, deixando o piso livre e tossindo por causa da enorme quantia de poeira que se espalhava cada vez que movia algo do lugar.
Enquanto desenhava um enorme círculo com tinta vermelha no chão ele refletia se realmente deveria participar daquilo.
Os Selos de Comando já haviam aparecido em sua mão direita assim que ele achara aquele livro, mas ele ainda estava incerto
Ele era apenas um desempregado que recebera um monte de dinheiro como herança da avó dele que viera a falecer quase uma semana atrás. Além do dinheiro a sua avó também havia deixado pra ele uma caixa cheia de itens estranhos e, entre eles, aquele livro.
Nele se constavam todos os estudos sobre magia que a sua avó já realizara. Ele não fazia ideia do que era tudo aquilo, ela nunca falara para ninguém da família sobre isso, mas ele sabia que ela não mandaria aquela caixa para ele se não quisesse que ele participasse no lugar dela.
A Guerra do Santo Graal.
No início ele nem sabia o que desejar caso conseguisse ganhar, o que era muito improvável, já que ele não era nem mesmo um mago.
Depois de um tempo refletindo sobre a sua vida de andarilho ele se decidira. Ele queria a verdade.
A família dele era considerávelmente rica, mas ele nunca se encaixara nela.
Vivia viajando, indo para todos os lugares que pudesse.
Depois de anos fazendo isso por diversão ele resolveu ir até alguns países pobres da África.
Foi a primeira vez que ele se encontrou com o Desespero. Ele nunca havia visto o sofrimento de forma tão clara e pura, e ver isso o fez repensar.
Então, já não sendo o mesmo homem, o jovem resolveu ir até os países que ficavam na região conhecida mundialmente como "Barril de Pólvora".
Foi a segunda vez que ele encontrara o Desespero, e, à partir desse segundo encontro, o Desespero se agarrou à ele.
Não importava mais para onde ele fosse, ele apenas conseguia ver o mal que a humanidade causava a si mesma.
Homícidio, roubo, traição, genocídio, crime de ódio, agressão física, lixamento, agressão verbal, patricídio, matricídio, tortura, estupro.
Ele não sabia mais o que era certo.
Roubar para sobreviver era correto?
Matar por legítima defesa era correto?
Trair mas mesmo assim não deixar um dos lados dizendo que ainda pertence à ele era correto?
Torturar como vingança era correto?
Julgar a pessoa por carácterísticas impostas à ela sem a sua escolha era correto?
Realmente existia alguém por trás de tudo?
Se sim, por que ele não agia?
Por que ele se escondia?
Por que não provava a sua existência?
POR QUE?
Ele estava cansado de se perguntar. Ele queria a verdade, e o Santo Graal iria proporcionar isso à ele.
Agora era o último momento em que ele iria se questionar antes de entrar em ação, e ele já havia se decidido.
Aquela seria a terceira e última vez que o Desespero viria para encará-lo.
Ele terminara de desenhar o círculo e já havia preparaso os materias que a sua avó também colocara naquela caixa.
Ele estendeu a sua mão.
"Base de ferro e prata, sob ela descansa o marco do Arquiduque dos Contratos, e sobre elas o meu ancestral, o Mestre Schweinorg, os quatro portões fortemente unidos agora avante arrebentai a coroa e seguei o caminho tortuoso que leva ao reino. Preencha, preencha, preencha, preencha, preencha. Repetida cinco vezes, assim que preenchida, cada uma destruída deve ser. Em príncipio, aqui vos invoco. Nascido do meu arbítrio, o vosso corpo. Sobre a vossa espada jaz o meu destino. Se definhardes vos curvando à minha vontade e justiça. Escutai o chamado do cálice e me respondei. Juro diante de vós: tornar-me-ei tudo que há de bom no mundo e a mim caberá erradicar todo o mal. Sete Celestes, estareis envoltos pro três almas divinas. Livrai-vos das correntes que vos retringem e avante vinde, ó Guardião das Balanças!"
Enquanto recitava a invocação, as jóias em sua mão derretiam e a cada gota que pingava no círculo ele se iluminava mais e mais.
Quando ele pronunciou a última frase, a luz do círculo se apagou e a sala se encheu de fumaça. A pequena explosão de ar causada pela invocação fez com que toda a poeira se levantasse, fazendo o rapaz tossir e espirra.
"Me parece que as linha ley desse luga realmente vieram à calhar", ele sussurrou enquanto tentava afastar a fumaça.
No centro do círculo havia uma figura em pé.
Era uma mulher que aparentava não ter mais de vinte anos. Sua pele era morena, seus olhos dourados pareciam com os olhos de um felino. O cabelo loiro-escuro estava preso em uma trança. Uma armadura dourada lhe cobria as canelas. Usava um vestido de linho com uma coloração que se assemelhava à sangue. Uma corda negra estava amarrada ao redor da cintura dela, suspendendo uma espada egípcia chamada kopesh de cada lado.
Seu braço esquerdo era o únicp coberto por uma proteção, também na cor dourada. A manopla formato da mão de uma fera, com garras nas pontas dos dedos.
O que mais chamava a atencão de tudo isso era a caveira de um leão presa no lado direito da cabeça dela como se fosse um chapéu.
A boca dela se contorcia em um sorriso medonho, fazendo cpm que os seus olhos parecessem ameaçadores.
"Meu nome é Adrian Turston", o rapaz pronunciou, "E nesse momento eu me declarou o seu Mestre nessa Guerra do Santo Graal!"
A mulher abriu ainda mais sorriso, anunciando com um tom extremamente elevado de voz, como se quisesse que todos ouvissem.
"Eu sou o servo da classe Berserker, Sekhmet! A deusa que uma vez quase extinguiu a a humanidade da face da Terra, a Deusa da Justiça!"
Adrian não sabia o que dizer. Agora não havia mais volta, seu destino estava selado.
Os dados haviam sido lançados.

Fate/JudasOnde histórias criam vida. Descubra agora