primeira carta

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Primeira carta.

É estranho acordar e não ter pra quem ligar. Não poder digitar seu número e ouvir sua voz me dando um bom dia. Ver seu empenho na preparação do casamento ou discutir para saber em que restaurante iríamos no final de semana. No lugar disso, tenho duas cartas que não pretendo abrir e as suas anotações. É difícil tocar em algo que era seu. É difícil olhar para minha mão direita e ver a aliança de noivado que ainda não tive coragem de tirar. Parece que se eu tirar, vou perder mais um pouco de você.

Hoje é quarta feira. Você estaria pronto para trabalhar e eu pronta para ir em busca de um emprego que me desse remuneração o suficiente para voltar pra faculdade. Enquanto você estaria em uma editora eu estaria vagando pelas ruas. Mas feliz pois eu sabia que era questão de tempo para estarmos juntos. Seja no café na rua de trás do jardim botânico ou na lanchonete ao lado da editora.

As cartas.

Todos os pensamentos que tenho em relação a você me remetem às cartas.

O que eu vou encontrar nelas?

O que você disse para mim?

O que vai me abalar mais?

Queria que estivesse aqui para me consolar. Mas o que restou foi seu travesseiro encharcado com as minhas lágrimas.

Sempre sua, Luíza.

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