Psicose • jikook

Prólogo

Calor! O calor que envolvia toda a Coreia do Sul era sufocante.
Do norte da província de Gyeongsang e até a cidade de Suncheon, calor opressivo e enervante se fazia entre eles, na cidade de Yeosu.
Naquela noite, uma terça-feira de janeiro, Jimin percebeu que ele era o único que estava suando sob o casaco em decorrência daquele calor infernal. Ele tentou conseguir entender porque ninguém parecia desconfortável com aqueles grandes sobretudos grossos que usavam durante uma noite de um clima como aquele, mas depois de alguns minutos, simplesmente desistiu.

Jimin estava sentado. Piscou algumas vezes, ainda meio grogue. Sua mente parecia estar cheia de lembranças fragmentadas, pedaços estilhaçados que, se reunidos por ele, formariam algo inteiro. Uma janela com vista para o que aconteceu mais cedo naquela noite. Naquele momento, restavam apenas cacos dessa janela em sua cabeça latejante. Lembrava-se da melodia da música, das gargalhadas roucas e dos melhores momentos que tiveram juntos enquanto assistia TV que ficavam no alto da parede, ou simplesmente quando um fazia companhia ao outro.

Á vista dele, prateleiras exibia dezenas de garrafas de vidro que emitiam um brilho azul, verde, roxo e preto.

— Preto.

Ao seu lado, Jungkook ouviu o outro sugerir uma dose da garrafa escura e, dois segundos depois, alguém com a mão firme servira a bebida em seu copo um instante antes de ele beber tudo de uma só vez.

— Por que a preta? - perguntou ele, com a voz rouca, batendo com o copo vazio no balcão. Jimin estava impetuoso, enquanto rodava seu anel favorito no dedo. Aquela bebida o deixava tonto de um jeito bom.

— Chega! - disse Jungkook. — Arrume seu casaco direito no corpo e vamos embora.

— Faz calor! - respondeu ele quase em um tom choramingando. Jungkook ignorou as palavras do namorado e, após deixar o dinheiro da bebida no balcão, puxou Jimin pelo pulso para fora do local. Jimin observava tudo um tanto desnorteado.

— Hyung... - começou Jungkook ajudando o outro a se locomover na calçada de concreto. — Está fazendo 18°C agora, tem certeza de que está com calor? Você está bem?

Jimin parou por um instante atrapalhando a linha de passagem da rua. Novamente aquela estranha sensação de lembranças havia se apoderado de seu corpo; era como se estivesse assistindo àquela cena mais uma vez sem, no entanto, sentir qualquer emoção. Aliás, ele nem ao menos lembrava de ter feito parte dela.

Jimin precisou se concentrar o máximo que pôde para falar, só então percebendo o motivo de ser o único na rua suando feito um porco louco, mesmo sem uma roupa mais grossa cobrindo-lhe o corpo; ele era o único sentindo calor.

— Apenas vamos para casa. Isso já está me deixando louco! - disse puxando a gola da camisa, em uma tentativa falha de amenizar temperatura alta de seu corpo.

— Está louco, hein? - proferiu Jungkook em um tom sutil e profundo. — Então eu o deixo louco, não é Park Jimin? - repetiu ele em um tom sedoso. — Muito bem! Quero ver o que te deixará louco amanhã quando estiver fazendo o teste.

Jungkook falava manso e calmo, mas Jimin sabia. Ele sabia que não era bem assim. Ele podia sentir o sarcasmo infiltrado, escondido no tom de voz manhoso de Jungkook.
Do outro lado da rua, na praça, pombos negros e gorduchos disputavam migalhas de batatas fritas em frente a um McDonald's Imateu*, enquanto viaturas de polícia passaram em alta velocidade, entrando na contramão de uma rua e fazendo barulho com as sirenes. O céu dava a impressão de estar baixo e cinzento, e Jimin tinha a respiração descompassada.

— Jeon Jungkook? - chamou ele se aproximando do menor, tentando controlar seus suspiros. — Devemos levar flores?
Jungkook coçou a cabeça na parte da nuca um tanto confuso.
"Levar flores?" Se perguntou em pensamentos. "Para quem?"
Foram necessários alguns segundos até Jungkook compreender completamente o que Jimin estava falando. Jungkook balançou a cabeça.

— Não. Pelo menos não agora. - disse ele por fim e encerrando o assunto.

— Então quando?

Jungkook parou para refletir. Levar flores... era um ato singelo, bonito e amável. Mas, por quê Jimin queria isso justo agora?
Se aproximando de Jimin e cravando seus olhos nos dele, ㅡ o que fez suas pupilas negras dilatarem ㅡ Jungkook ponderou sobre o que responder. Observando os olhos do garoto, Jimin se lembrou que leu, em algum lugar, que quando a pupila está totalmente dilatada, sem ser por causa da falta de luz, é sinal de que o cérebro não está recebendo oxigênio.

— Jimin?

Sutilmente, os pensamentos de Jimin são interrompidos pela doce voz de Jungkook.

— Sim?

— Posso pedir-lhe para que me faça um favor? - perguntou ele, aproximando-se da orelha do mais velho e se preparando para falar.
Jimin olhou para Jungkook. Ele era como um braço forte com qual Jimin podia se agarrar. Incluia muito de expectativa e desejo, enquanto atuava para amenizar a realidade do presente. Jungkook seguia uma ordem lógica, onde começa a origem dos problemas e terminava com a solução definitiva. Uma ordem na qual Jimin se agarrou e segurou. De repente, chuva caiu com força ao longo da noite. Jimin sentiu a visão turva por conta da água da chuva grossa cortando ar em seu campo. Jimin continuava parado sentindo as gotículas de água bater em seu rosto, mas Jungkook estava caminhando, e permaneceu assim até sumir através da névoa que se formava.

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*McDonald's Imateu (맥도날드 이마트여수점): Sim, ele realmente existe, ㅡ não tenho certeza se a romanização está correta ㅡ e é uma rede de fast-food conhecida por seus hambúrgueres, batatas fritas e milk shakes, localizado em Yeosu.

Primeiro: não queremos fazer nenhum tipo de apologia com essa fanfic. É apenas uma história fictícia.
Segundo: Há muitas coisas escondidas que não podem ser reveladas apenas em um prólogo. Parece confuso, mas garanto que vai se encaixar direitindo no decorrer da história.