Capítulo 2

2.2K 386 42
                                    

Acordei com o telefone da cabeceira tocando.

- Boa tarde Sr. Galagher! Desculpe incomodá-lo, mas o Sr. Pimentel não está conseguindo contato com o senhor e nos pediu que ligasse - a voz macia da atendente foi me fazendo acordar devagar.

- Peça ao Sr. Pimentel para subir, por gentileza senhorita. E eu gostaria de algo para o almoço. Para dois. Aceito a sugestão do chefe e uma bela garrafa de vinho.

- Certamente senhor, não se preocupe, logo levaremos seu almoço.

Levantei devagar, tateando na cama em busca do meu celular – em vão. Vasculhei minhas roupas da noite anterior e nada. Provavelmente deixei cair enquanto fodia a morena na porta – pelo menos a transa tinha valido um celular!

Vesti a calça e esperei pela campainha.

- Pelo que vejo o fim da sua noite foi melhor que o meu – Marcos constatou enquanto eu bocejava e coçava minha barba por fazer – onde está seu celular?

- Provavelmente no quarto de uma bela morena que me acompanhou em meu ultimo drinque – debochei.

- Sortudo desgraçado!

- Companheiro, minhas noites sempre acabam bem – debochei – sabe como é! O que estranho é você aí com essa cara de quem comeu e não gostou depois uma bela trepada.

- Esse é o problema – sentou-se no sofá e jogou a cabeça para trás – eu não comi. Nem sei se gostaria ou não de ter comido. A bonitinha do cabelo azul me enrolou e no fim das contas nem uma rapidinha.

- Porra! Que merda hein? – ri alto enquanto pegava uma cerveja no frigobar – toma. Vai começando o dia enquanto eu tomo uma ducha e me visto.

Peguei uma cueca, um jeans e uma camiseta do Led Zeppelin e fui para o banheiro. Liguei a ducha e aproveitei o volume generoso de agua fria para acordar de vez – eu precisava tratar de negócios porque vir ao Brasil não era uma viagem de férias. Pelo menos não era penas isso.

Nosso almoço chegou assim que saí do banho. Um garçom preparou a mesa da suíte e colocou o serviço.

- O chefe preparou codorna recheada com cogumelos e foie gras, servido com risoto de alecrim – retirou a tampa dos pratos – e para beber, um Bordeaux tinto premier cru. Esse vinho foi premiado ano passado, senhor.

Abri o vinho e serviu em minha taça. Girei-a levemente para apreciar a intensidade e em seguida aproximei meu nariz, absorvendo todo o aroma frutado e levemente amadeirado.

- Perfeito, pode servir.

O rapaz serviu minha taça novamente e em seguida, a de Marcos.

- Deseja que eu fique para servi-los novamente, Sr. Galagher? Ou deseja privacidade?

- Pode ir, obrigado. – agradeci e entreguei uma gorjeta a ele.

- Você é um holandês filho da puta! – meu amigo sorriu dando a primeira garfada na codorna – é por isso que acaba sempre transando.

Ri alto enquanto tomava um gole do meu vinho.

- Não tenho culpa se minha classe e elegância me precedem.

- Um filho de uma puta sortudo! Isso sim.

Terminamos nosso almoço conversando sobre a vida. A mãe de Marcos havia morrido dois anos depois que deixei São Paulo. Eu soube por ele da notícia. Ela sofria com um uma doença cardíaca á muitos anos. O pai estava de namorada nova e Marcos estava de mudança. Nem todos tinham a sorte que eu tinha por ter Laura como madrasta.

Tão IntensoOnde histórias criam vida. Descubra agora