Por Evelyn Skinly.
Posso ver no olhar de meus vizinhos que pensam que nossa família tem um tipo de guerra com a igreja, isso não é verdade. Robert não fala muito com o Padre Willian, mas não pelo fato de o Padre abominar o suicídio e meu marido ter criado uma loja com artigos para tal ação, e sim pelo fato de não ter assunto. Minha relação com Padre Willian é diferente, nos temos uma relação amigável. Na escola, quando descobrir que ele iria estudar para ser Padre o apoiei, mesmo sabendo que não era sua vontade, e sim desejo de sua mãe. Mas Will sendo como é, realizou o sonho da mãe, de ter um filho padre que pregaria o certo para as almas pedidas no mundo. Ele não foi muito longe, suas missas vão ao máximo na cidade. Lembro ainda no ensino médio, ele era um garoto legal, tinha ralado duro para comprar uma câmera para tirar suas fotos amadoras, sem perceber eu estava de volta ao segundo ano do ensino médio.
- Achei que gostasse de fotografia, Willi. - Eu estava brincando um uma bonequinha de porcelana vestida exatamente igual a mim.
- E gosto, na verdade, gosto de tirar fotos suas. - Nesse momento ele estava parado, provavelmente focando a câmera em mim.
Era outono, o inverno estava chegando e nos gostávamos de ver as folhas ser levadas pelo vento. Ali perto do ginásio, garotos jogavam RPG, na quadra de fora, o time principal da escola praticava futebol. Eu e Will estávamos no playground, eu no balanço e ele sentado na grama a minha frente.
- Dona Antonieta é estranha, desculpe o comentário, mas ela não deveria querer que o seu único filho seguisse suas vontades e não seu sonho de ter um filho padre? - falei olhando a boneca, aqueles olhos azuis como os de meu avô me aquecia o coração. Eliza era o nome da boneca.
- Mamãe só não me quer no mundo. Ela sabe que há pessoas sem rumos, de afogando no mar de pecados e eu serei o caminho até a palavra. - Ele deixou a câmera de lado e me olhou seriamente.
- Então, realize o sonho de sua mãe, Willi, ela vai ter orgulho de você. Tire essas pessoas do mar de pecados, seja o caminho luminoso nesse mundo de trevas e escuridão. - Eu estava comparando minhas sapatilhas com as pequenas sapatilhas da boneca quando Willi jogou uma pedrinha em mim, chamando minha atenção.
Ele falou algo, mas não havia som. Mas pude compreender o que ele quis dizer.
Olhe para trás.
Me virei e vi Jason, o garoto que faz aula de redação e música comigo. Ele deu um tchauzinho e se foi.
- Você vai sair com ele?
- O que? De onde tirou isso?
- Hum, sei lá Eve, me parece que você está interessada nele... Então vai chama-lo para sair.
- Ele não deveria tomar iniciativa? - Um garoto como ele devia ter atitude.
- Acho que ele vai fazer isso antes do que imagina. - Antes que eu pudesse perguntar porque ele achava isso, Willian se levantou rápido e saiu andando em direção ao portão de saída. Jason caminhava em minha direção, depois ele sentou no balanço ao lado do meu.
- Você é da minha aula de redação não é?
- Sim.
- Certo, e qual seu tipo de redação favorita? - Achei aquilo engraçado. Ele estava nervoso. - Então você deve ter muitos laços parecidos com estes, mas sabe, eu estava em uma loja de roupas para meninas, vi esse laço... Não sei, eu só lembrei de você e me perguntei se você já teria um ou gostaria de ter um assim. Sabe eu só pensei...
- Você sempre é tagarela assim? - Jason tinha pequenos cachos castanhos e olhos escuros. Tinha sardas nas bochechas e nariz. - Roupas para meninas?
- É, minha mãe está grávida. Vou ter uma irmãzinha. Celly. Estávamos comprando suas futuras roupinhas. Eu juntei dinheiro e comprei alguns laços para ela também.
- Então? Onde está o laço? - Ele pareceu surpreso, começou a colocar as mãos nos bolsos, depois passou a mão no cabelo.
- Não acredito! Olha aparentemente eu esqueci o laço no armário, mas eu dou um jeito de te entregar, desculpa. Arrrg como sou aparvalhado. Tchau Evelyn.
Então ele pegou impulso no balanço e deu um pulo, parando longe e saiu andando rápido, acho estava tão atordoado achando que tinha sido um aparvalhado que não viu o grupo de corrida e se chocou com os 3 primeiros garotos que vinham na frente. Eu tentei me levantar para ir socorre-lo e a droga do meu vestido ficou preso na corrente do balanço e
- Céus, você gosta mesmo desse filme. - Lá estava Robert, deitado em nossa cama usando seu calção preto da preguiça. Eu estava de volta a vida presente vendo Vandinha colocar fogo na apresentação do acampamento de férias. - Sabe, eu já te disse o quanto você fica sexy quando usa minha Lacoste azul claro?
- Eu sou sua deusa exuberante divina. Você deve me elogiar a cada 15 minutos.
- Que horas são? - Olhei no relógio em cima do criado mudo.
- São 02:37, vou descer e ver se todos estão em casa. - Levantei da cama e meu marido associou.
- Não que eu não ame ver você assim, só com essa blusa magnífica, mas uma vez Evilah tinha amigas em casa e bem, eu estava só com meu velho e bom calção da preguiça. Foi no dia que você me arranhou mais que o normal, parece que agora, eu sou alvo de algumas meninas da roda de amigos de minha filha. Então, minha deusa exuberante divina, o amigos dos meninos podem está lá em baixo...
- Vou colocar meu roupão. Já já eu subo. Me espere.
Coloquei meu roupão, sai do quarto e virei no corredor, primeiro passei no quarto das meninas, Evilah dormia ou só estava deitada ouvindo música. Eliza estava debaixo do lençol com uma lanterna, devia está lendo livros de filosofia ou escrevendo cartas para túmulos. Depois segui o corredor e no próximo quarto, as malas de Eliws estavam perfeitamente arrumadas e empilhadas no canto do quarto. Meu filho mais velho estava dormindo na cama. Fui até lá e beijei sua testa. Meu pequeno menininho já estava indo embora. Era como se meu coração fosse uma flor, e quanto mais perto chegava a hora dele partir, mais murcha ficava. Desci as escadas e fui até a sala, não tinha ninguém lá, segui para a cozinha e lá encontrei Erick parado em frente a pia. Na mão, uma xícara que provavelmente tinha café.
- Ainda acordado? O que faz essa h... - Ouvi gemidos vindo de trás de casa e aquilo respondeu todas minhas perguntas. - Sério? São quase 03:00 da madrugada e ele está lá fora agora? - Erick riu, sarcástico, depois deu um gole no seu café.
- É a melhor hora para transar não? Acho que Malcooy vai está com dificuldades para andar amanhã.
- Malcooy? Está falando no garotinho de ouro do Sebastian? - Um vizinho que diz ter o melhor garoto da cidade. Pai de um prodígio no futebol e blá blá blá.
- Ele mesmo. - Mais um gole de café.
- Eu posso te fazer companhia - Mas ele já estava balançando a cabeça negativamente.
- Você está usando a blusa azul clara. Eu aposto que tem alguém lá em cima te esperando. - Ele riu, e deixou a xícara na pia. Depois se sentou na bancada perto na porta que dava para os fundos.
- Amanhã não íamos abrir a loja. Mas eu sei que vai querer ir e cumprir seu horário. Então depois que deixarmos Eliws na rodovia. Pode ir pra lá.
Logo que comecei a subir as escadas, a luz da cozinha se apagou e pude ouvir batidas com ritmo nas paredes. Não sei que aparecerá com um olho roxo, Edmond, Erick ou o garoto de ouro.
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A Loja de Suicídios 2
Mystery / ThrillerNovos suicidas a cada dia. A história segue nessa cidade calma e simples. Espera, como? De calma essa cidade não tem nada. Suicídios continuam acontecendo e novas aventuras começam. Com a nova edição de A Loja de Suicídios, podemos dá uma olhada no...