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Doce,suave e leve é a caneta deslizando sobre o fino e branco papel enquanto escrevo estas palavras a seguir.
Não devo falar sobre mim mesmo,afinal já sei quem sou,mas gosto de cada detalhe,as menores coisas fazem as maiores diferenças
Sou Robert A. Matten tenho meus jovens e queridos vinte e oito anos,sou psicólogo e psicanalítico,vivo nos Estados Unidos da América,porém sou de origem inglesa. Possuo cabelos lisos e castanhos escuros  são razoavelmente curtos e sedosos,olhos castanhos e fixos,são um tanto mais claro que meus cabelos,são dois brilhantes círculos de cor âmbar,minha pele é branca e tenho que me exibir,mas é uma pele macia e quentinha apesar de estraga-lá.
Estes parágrafos deveriam escrever horas de minha vida,mas o que irei descrever nessa imensidão de letras serão mares de palavras.
Eram nove horas da manhã,dia calmo o céu azul e eu indo em direção a minha clínica,passos curtos e relaxados.
Ao chegar ao local que era um pouco gelado,mas incrivelmente aconchegante,vejo Alice,minha secretária,uma doce mulher,não me lembro da última vez que queria ficar tanto tempo só olhando para uma pessoa e ficar tão feliz por isso.
Chego no meu consultório e Recebo uma chamada,Alice me liga e diz que um paciente está subindo as escadas em direção ao meu consultório.
Era um homem com uma cara que me espantou ao olhar,tinha olhos verdes e esbugalhados que se fixavam em mim,me encaravam,tinha um sorriso doentio,estragado,sua gengiva sangrava e sua respiração era pesada era possível escutar o ar descendo por tua garganta
Respirei fundo,por mais que aquele homem me assustase o medo não iria mudar nada naquele instante,suspirei e disse com ternura:
  - Prazer,qual é o teu nome?
  - Frederich...Frederich Amussen. Ele disse com uma voz seca e fria
  - Frederich...Interessante,meu nome é Robert Matten.
  Ele me deu um leve sorriso de canto,pensei que ele tinha confiança em mim por causa da minha voz.
Porém a consulta continua:
  - Então,Frederich,por que está aqui?
  - Não sei,talvez pelo o jeito que eu sou
  - Se ser quem você é fosse um problema,então todos seríamos estranhos. Temos nosso jeito próprio,Amussen.
  - ...
  - O que você sente?Escuta alguma voz?
  - Não...
  Continuei a perguntar como uma consulta normal,com o tempo ele parecia se acalmar um pouco,mas não muito
Ele me olhava de cima a abaixo,como se eu fosse uma obra que cada detalhe tinha que ser visto,não me importei,mas algo nele me intrigava,me chamava a atenção,só queria ir atrás dele e ficar conversando,aquela áurea não saia da minha cabeça...
Pausei um pouco,sai do consultório e fui descer as escadas que iam ao hall,meu sapatos negros faziam um som de eco,fino e alto. Era curto e simples o que me fazia,mas não estava bem para aquilo.
Precisei beber água e mastigar algo,as respostas daquele homem,apenas me cortavam a espinha e soavam e sussurram calafrios
Estava nos fundo da clínica,onde tem um "pedaço de conforto" para o almoço e relaxamento é pequeno,mas nada que se entre em desespero.
Alice chega e encosta na parede, diz com um tom suave:
  - Qual é o problema,Matten?
  - Nada...Aquele homem me assustou um pouco,nada demais
  - Não se preocupe,também fiquei assim. Você fica fofo quando está com vergonha.
  - Obrigado pelo...Pelo o elogio.
  - Você tinha sardas,não tinha,Robert?
  - Tinha sim. Mas tirei...
  - Ah,prefiro você com elas,você ficava bonito.
Nesse momento arrependi tanto.
Eu "ficava" bonito
Parabéns,Robert. Você está a cada dia sendo mais solteiro!
Suspirei e disse:
  - Bem...Tenho que voltar ao serviço,obrigado pela a companhia
  - Disponha!
  Ela se virou e foi em direção ao balcão de recepção fiz o mesmo para o meu consultório
Meu coração é como uma casa,e ela fez daquilo um lar
No final do dia,saindo da clínica e indo para casa,fiquei com tantos pensamentos na cabeça que me enchiam...Precisava por aquilo em ordem,comecei do zero,assim como começo tudo.
Peguei um caderno antigo e fiz das palavras minha confissão

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