É sábado, um dia perfeito para dormir, mas eu tenho aula e acabo de fazer prova. Bom, pelo menos dá para sair mais cedo. O pessoal já está na cafeteria que fica do outro lado da rua. Sigo para lá com as reflexões que vêm me perseguindo nos últimos tempos. Odeio esse desconforto quando nada aconteceu de fato. Parece que o mundo pode ruir a qualquer instante e isso é terrível para mim. Ainda bem que vejo a galera toda dando risada quando chego. É uma visão que me traz leveza, então já entro sorrindo.
— E aí, pessoal? Qual foi a piada? — pergunto enquanto puxo uma cadeira para poder me juntar aos meus colegas de turma. A mesa está lotada.
— Pensa no Lucas imitando o prof. Israel — responde a Gabi.
Nosso professor de cálculo é o cara mais enrolado que conheço. Sabe muito, mas pra ensinar é um "deus nos acuda".
— Mostra aí, Lucas, também quero ver — peço.
E ele faz.
— Ó ó — ele leva a mão aos olhos imitando o gesto de quem está empurrando o óculos para cima com o indicador —, vocês precisam — vira para um lado e para o outro — parar de enrolar — ergue a mão fazendo um gesto teatral no ar. — Se querem — ele junta a outra mão ao gesto teatral segurando uma caneta no lugar do giz — ser bons profissionais — dá uma parada dramática —, vocês — mexe nos óculos — têm que — olha como se estivesse atravessando a nossa alma — estudar mais.
É hilário.
É claro que está exagerando, mas ninguém se aguenta. O cara imita direitinho, parece que estou vendo o professor falando essas coisas. É muito engraçado. Aí começa alguém dando uma resposta, outra, e outra, todos tentando imitar o pobre do homem. Mas tenho que admitir que a imitação do Lucas é imbatível.
Vejo o Matheus de relance. Ele está na mesa do fundo com os amigos de turma e acena para mim. Retribuo, mas como estou envolvida com as piadas, volto logo a atenção para os meus colegas. Lá pelas tantas, estou com o maxilar e o abdômen doloridos. Já fui ao banheiro duas vezes, mas tomando suco o tempo todo e rindo assim, não tem jeito. Quando olho o relógio me dou conta que já é quase 1h da tarde. O tempo voou e alguns começam a ir embora. Como o Paulo ficou de me buscar, aguardo na cafeteria curtindo um som. As músicas que tocam aqui são show e viajo nelas, tanto que nem percebo quando o Matheus se aproxima.
— Bu! — ele brinca.
Só ficaram a Gabi e o Gil além de mim. Estão ocupados com os seus celulares e era o que eu estava fazendo também. A minha amiga não perde a oportunidade de me encarar quando ele se aproxima, mas faço de conta que nem percebo.
— Oi, Matheus — respondo enquanto ele vira uma das cadeiras e senta ao meu lado apoiando os braços no encosto.
— Vocês estavam animados hoje.
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Love is a Verb ( do livro Amor em Desafio )
Short StoryMonique namora o Paulo, um jovem lindo com quem sempre sonhou. Ele é supergentil, diz que a ama e a enche de mimos. Mas apesar disso, ela sente um enorme vazio... Ao mesmo tempo, ela tem um amigo, o Matheus, que só falta ler os seus pensamentos, de...