Passo o resto da semana montando as peças do quebra-cabeça. Do meu quebra-cabeça. Depois da conversa com o Matheus, alguns pontos ficam mais claros.
É sexta-feira à noite e estou esperando o Paulo. Meus pais foram a um casamento e como estamos sem vontade de sair, vamos comer algo em casa mesmo.
Ele chega e trocamos amenidades, estamos mais distantes. Pedimos uma massa depois de discutir um bocado, porque eu queria pizza e ele, carne. Como dessa vez ninguém cedeu, encontramos outra alternativa. O jantar transcorre normalmente e ele conta as novidades do Pedro. Cada dia que o irmão passa bem, é uma conquista e torço muito pela sua recuperação.
Assim que acabamos de jantar e vamos para a sala, meu coração começa a bater mais rápido. Ele desabotoa os punhos da caminha azul marinho que está usando com a calça jeans que dei no dia dos namorados e dobra as mangas até o meio dos braços.
— Paulo, tenho pensado muito sobre nós.
— É sério que vai começar com esses papos de novo?
— É. É sério.
Ele percebe o tom que dou à resposta e me olha resignado.
— Sabe — prossigo —, é exatamente esse o ponto. Vou voltar com esses papos porque é algo que vem me incomodando. Não sei o quanto percebe, mas a sua namorada aqui, não está legal há bastante tempo.
Ele permanece em silêncio.
— Deveríamos ser mais próximos.
— Santo Deus, estamos juntos quase todos os dias, o que mais você quer?
— Não estou falando de proximidade física e sim da interior. Às vezes acho que você não me enxerga. Parece que muito do que fazemos está no automático. Quero poder dividir as minhas inseguranças, discutir sobre elas, ouvir o que pensa sobre as minhas criancices, teimosia, ciúmes, etc.
— Eu sabia que tinha a ver com ciúme.
— Não tem a ver com ciúme. Ciúme é um grão de areia nessa história. Eu gostaria que me ouvisse..., me entendesse. Não quero transferir meus problemas, apenas compartilhá-los com você, ouvir a sua opinião. É do que sinto falta. Por que é que me incomoda a proximidade da Letícia? Por que a gente não discute a respeito, sem que isso seja tachado de besteira já de cara? Pensei muito e não sei se estou certa, mas eu quero mais, preciso de mais.
— Mais como, Monique? A gente está junto há tão pouco tempo. Não estou preparado pra nada mais por enquanto.
— Ah, Paulo... esse 'mais' não tem nada a ver com noivar ou casar, se é o que está pensando. Isso nem me passou pela cabeça. Eu me refiro a crescer juntos, conhecer um ao outro. Posso ser a mais complicada de nós dois, mas e daí? Se gosta de mim, espero que me entenda e seja paciente comigo. Se ainda assim não funcionar, ok, pelo menos tentamos.
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Love is a Verb ( do livro Amor em Desafio )
PovídkyMonique namora o Paulo, um jovem lindo com quem sempre sonhou. Ele é supergentil, diz que a ama e a enche de mimos. Mas apesar disso, ela sente um enorme vazio... Ao mesmo tempo, ela tem um amigo, o Matheus, que só falta ler os seus pensamentos, de...