{Flashback on}
-Está tão frio.-falo tremendo, enquanto andamos pela estrada escura.
-Pegue.-Derek oferece seu casaco, mas eu não posso aceitar.
-Você também precisa.-respondo, usando as mãos para me aquecer. O inverno nunca pareceu tão severo.
-Eu quero que você fique quentinha, vocês duas.-ele termina com um sorriso, coloca a pistola no suporte por um instante e me ajuda a abotoar seu casaco em mim.
-Obrigada.-sorrio, pousando uma mão na barriga enorme.
Ele é tudo que eu sempre quis para o pai dos meus filhos, atencioso, carinhoso e gentil.
Mas esse não é o mundo em que gostaria viver, não desde que o caos se instalou. Nada é mais o mesmo.
{Flashback off }
Meu corpo inteiro dói.
Parece que fui atropelada por um caminhão. Abro os olhos e me vejo num cômodo escuro, a única luz vindo por uma fresta na porta. Toco na parte de trás da minha cabeça, observo assustada o líquido vermelho em meus dedos, então lembro de como apaguei. Charlie, onde ela está?
Levanto com dificuldade, minhas roupas estão rasgadas, um arrepio percorre a minha espinha ao imaginar o que aconteceu. Respiro fundo e me concentro em encontrar uma maneira de sair daqui. Não há nada além de pedaços de tecido e algumas ferramentas sem utilidade. Escuto vozes, chegando cada vez mais perto.
A porta se abre e a luz que entra ilumina o cômodo.
-Olha só, parece que a gostosa acordou.-uma voz alta avisa, me causando nojo.
Me viro e tento permanecer firme, pelo menos tento. Dois homens me encaram da porta, com sorrisos nada amigáveis. Um deles, que avisou que eu havia acordado, se aproxima e coloca a mão no meu ombro, descendo pelo meu braço.
-Não encoste em mim.-digo com os dentes cerrados.
Ele continua e eu acerto um chute no meio de suas pernas, fazendo-o se afastar. E por um mísero instante penso que vou conseguir fugir.
-Filha da puta!-ele grita com as mãos no local atingido.
Um outro aparece e ri da cara dele, e depois olha para mim. Recuo até bater na parede, enquanto o homem chega cada vez mais perto, segura meus braços e pressiona o corpo no meu. O empurro, mas não causa efeito, o aperto apenas aumenta. Dou alguns socos na mera tentativa de escapar. O cara que chutei sai e logo em seguida aparece com uma espécie de corrente, que é colocada ao redor dos meus pulsos. Luto para soltar as mãos, a corrente rasgando a pele sensível.
-Se tentar resistir, vai ser pior.-ele fala. Com esse comentário as lágrimas aparecem.
-Não, não! Por favor, me deixe ir. Não.-imploro, acom as lágrimas silenciosas molham meu rosto.-Não, por favor!
O homem abaixa a calça e puxa o restante da minha roupa de baixo. Os outros dois simplesmente observam a cena. Me movimento em desespero, soltanto murmúrios, temendo o que está por vir. Até que as lágrimas embacam a minha visão.
.
Me sinto destruída.
Desde o começo do apocalipse tive de lutar contra mostros, mas nunca pensei que algo assim iria acontecer.
Movo minhas mãos, com os pulsos ja machucados e com sangue, tentando sair da corrente. Até que consigo. Com a corrente desenrolada, me arrasto até a porta e espero. Não tenho que esperar muito e alguém abre a porta novamente. Um dos homens dá alguns passos para dentro e reuno forças suficiente para ataca-lo por trás. Com a corrente ao redor do seu pescoço, a puxo para sufoca-lo. Ele tenta movimentos desesperados, já ficando sem ar, e sou atingida de leve com a faca. Continuo, movida pelo ódio, então ele caí no chão.
Observo o que fiz, sem sentir nada. Pego a faca e mais duas pistolas, e saio pela porta.
Não sei o que estou prestes a enfrentar, pode ser mais dois homens ou um exército inteiro, sei somente que não vou me render sem lutar.
Encontro os dois homens jogando cartas numa pequena mesa, como se nada estivesse acontecendo. Faço uma rápida contagem de balas, seis. E sem hesitar atiro no peito de um deles, o outro levanta com a arma a postos, mas não rápido o suficiente. Dou um tiro no seu braço, fazendo-o soltar a arma. Eu poderia mata-los de uma vez, mas uma parte perversa de mim quer ver o sofrimento.
-Tem mais alguém aqui?-respondo com a arma na cabeça do primeiro.-Responda!-digo ao destravar.
-Não.-ele responde com dificuldade.
-É melhor mesmo.-falo firme, ao recolher as armas dos dois.
Vou até a janela coberta com tábuas, ainda estou na cidade.
-Vá. Você pode ir embora, só nos deixe aqui.-um deles tem a ousadia de dizer.
-Eu posso ir embora? Vá para o inferno.-respondo.
Encontro um mapa sob a parede, é muito longe de onde o carro está.
-Vai nos matar?-o mesmo volta a falar.
-Cala a porra da boca!-me irrito. Olho bem em seus olhos, lembrando de tudo, então disparo.
Termino com o outro também e saio do galpão.
.
Caminho para o local onde o carro estava, passando pelo meio da cidade tomada por zumbis.
Encontro o carro, corro até ele na esperança de encontrar Charlie escondida, mas não é isso que vejo. Os vidros estão quebrados e há sangue nos bancos. Não posso acreditar que a perdi. "Não me deixe aqui sozinha!" lembro das suas palavras antes de eu sair do carro.
Estávamos bem, tudo acabou porque resolvi sair do maldito carro para ajudar um desconhecido. E agora ela pode estar morta por minha causa. Um pequeno objeto no chão do carro me chama atenção, o colar que ela costumava usar, o pego e coloco no meu pescoço.
Procuro nos arredores por algum sinal dela. Nada. Nada além de hordas de zumbis. Entro no carro e dirijo pelas ruas proximas, sem sorte.
Então sigo pela estrada principal, sem nenhuma direção, simplesmente dirijindo. Consigo percorrer um bom trecho antes que a gasolina acabe. Então fico sozinha, sem suprimentos ou munição no meio do apocalipse. Coloco a cabeça no volante e as imagens voltam, desde Chalie pedindo para eu não sair do carro ao que aqueles homens fizeram.
Saio do carro e dou poucos passos antes de sentar no asfalto, completamente confusa. Eu quero chorar e simplesmente desaparecer, mas não posso.
Olho para cima e vejo pássaros voando no céu azul. Fecho os olhos e tenho esvaziar os pensamentos. Tenho que me recuperar.
Não sei por quanto tempo fico assim, até que escuto:
-Ora, ora, o que temos aqui?
..
Hey!
Mostrei uma pequena parte do passado dela no flashback, a continuação vem nos proximos capítulos. No próximo o Negan chega!
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Bjss❤
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Devil In Me | Negan |
Romance-Você já amou alguém? Não aguém por quem morreria, e sim viveria por. Enfrentaria cada dia.-a jovem garota pergunta à mulher sentada ao seu lado. -Não, acho que não.-a mulher hesita antes de responder. -Você nunca se apaixonou antes?-se impressiona...
