Cansaço e depressão eram duas coisas que Tommy sabia que tinha que levar com calma. Ele deslizou a chave na fechadura e suspirou pesadamente quando entrou em seu apartamento. Existiam alguns dias, em que ele poderia pagar para não sair da cama. Colocando sua pasta em cima da mesa junto a porta da frente, ele descalçou seus sapatos e os deixou debaixo da mesa para amanhã. Ele flexionou os dedos do pé escutando-os estalarem no pé esquerdo. Sempre faziam isso. Estranho.
Indo para a cozinha, acendeu a luz e franziu a testa quando viu os pratos na pia. Ele não costumava deixar bagunça, mas ele tinha voado para fora do apartamento esta manhã depois de receber a chamada de Daniel. Seu coração bateu um pouco mais rápido quando pensou em Daniel Anderson. Ele não parecia ser capaz de impedir isso. Mas ele não poderia ir por esse caminho hoje à noite. Ele estava apenas muito cansado para tentar pensar claramente.
Ter outra discussão com a intolerante Sra. Carol na agência havia arruinado todo o seu dia. Desta vez foi por causa de um menino de nove anos, que tinha sido encontrado vivendo sozinho em um apartamento, um casebre, na verdade. Eles não sabiam há quanto tempo ele estava sozinho, mas ele com certeza não queria ter nenhum contato com as pessoas.
Tommy não achou que o menino estava tão solitário e isolado como a Sra. Carol parecia pensar. Ele acreditava apenas que o menino percebia como ela se sentia sobre ele e sua situação, então ele ficava pouco comunicativo quando ela estava por perto. Ele estava com fome, sujo e hostil. Tinha vários hematomas desvanecendo-se em seu rosto, ombros e costas. Tommy não conseguia acreditar que ela estava na posição que ocupava, considerando-se que não tinha um pingo de compaixão para com os casos que cruzaram seu caminho, incluindo o deste pobre menino.
Tommy desconfiava que Niko não era mudo como ela gostaria de pensar. Uma vez, Tommy pegou Niko revirando os olhos por detrás de suas costas e pensou que tinha visto um pouco de humor no menino, antes dele ter desviado o olhar.
Amanhã Tommy iria voltar, trabalhando para conseguir que Niko ficasse longe da influência da Sra. Carol. Ela combateu a idéia de colocá-lo com alguém como Soldado e Dillon por causa de seu "estilo de vida asqueroso". Ela havia afirmado isso várias vezes, sempre com seus lábios comprimidos em uma linha fina, e olhos brilhantes.
Tommy pessoalmente achava que era inveja do sucesso alcançado pelo Santuário Scarcity e da quantidade de rapazes que tinham sido ajudados por eles. Poucos deles foram para lares ou famílias de acolhida. A maioria ficou lá até se formar e dirigir-se para a faculdade. Todos saíram em melhor forma física, mental e espiritualmente, do que quando chegaram.
Tommy podia falar por experiência própria. Ele tinha sido o primeiro a sair de casa e ir para a faculdade, voltando para casa com uma graduação.
Tommy detestou seu tempo longe do Soldado, de Dillon e dos meninos. Ele realmente ficou triste por deixá-los. Não que ele tenha os deixado saber o quanto o tinha ferido estar afastado do segurança de sua casa. Eles tinham lhe feito e dado tanto, que ele estava determinado a fazê-los orgulhosos. Além disso, ele amava o que fazia. Ir à universidade, e obter sua graduação em psicologia e sociologia, o havia preparado para agora ser um parceiro em igualdade de condições na instituição. Ele sabia como estavam orgulhosos dele e isto o aquecia de dentro para fora.
Ele pensou por alguns minutos, e decidiu que uma dose de amor incondicional e aceitação ao próximo era exatamente o que ele precisava no momento. Ele caminhou para fora da cozinha, calçou novamente seus sapatos e atravessou o arco que ligava seu apartamento ao edifício principal do Santuário Scarcity.
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A HISTORIA DE TOMMY (romance gay)
RomanceContinuação de O SOLDADO. Tommy Marsh vive uma vida boa. Seus primeiros doze anos foram um inferno na terra, mas os últimos nove anos têm mais do que compensado. Ele vive sozinho em um apartamento que é parte do Santuário Scarcity, construído e admi...