Telefonema

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Certo dia me perguntaram se acredito em Deus. Não soube responder a pergunta naquele momento pois não via significado na crença em um ser divino e puro que atende as nossas necessidades; ou pelo menos deveria atender.

Era domingo a tarde, o sol estava se
pondo, não tinha muito a fazer então peguei o celular e fui direto pro quarto, liguei para uma amiga e logo que ela atendeu já percebi que havia algo de estranho.

-Alo? Amy? - chamei mas ouvia apenas uma respiração ofegante
-Amy, vamos, pare de brincadeira- tentei outra vez e então o telefone desligou.

Liguei, liguei e liguei varias vezes mas sempre caia na caixa postal, Amy morava sozinha desde que seus pais faleceram quando ela tinha 18 anos e ninguém sabia oque havia acontecido com seus tios e tias.

Foi então que tomei a decisão de ir até a casa dela e tirar a limpo sobre a brincadeira de mal gosto que ela estava fazendo, estava nervosa, mal conseguia ligar a moto ou até mesmo me equilibrar sobre ela, demorei mais tempo que deveria tentando me acalmar, mas consegui alguns minutos depois.

A casa de Amy não era muito longe então acelerei a moto muito mais que o normal, ultrapassei semaforos e, ao chegar, me deparei com a porta de sua casa escancarada. Sua sala revirada, como se um tufão houvesse passado por ali, marcas de arranhões sob a mesa de centro e lenha com uma breve brasa ainda acesa na lareira.

Liguei para a policia imediatamente, passei o endereço e esperei por longos 23 minutos até avistar a primeira viatura, ouvi um dos policiais conversando com o outro pelo walk-talk e logo as faixas de isolamento foram colocadas ao redor da casa. Disseram que eu deveria me afastar, que não seria história para crianças, mas droga, era minha melhor amiga, não deixaria tudo de lado sem saber oque houve.

Relatei tudo oque ouvi a eles, exatamente como aconteceu e enquanto relatava, espiei para dentro da casa novamente, buscando o telefone e la estava, fora do gancho. Mas espera, havia marcas de dedos ali. Marcas brancas, parecia o tamanho de uma mão adulta suja em farinha ou cal.

Amy não tinha nenhum familiar ou namorado. Seus amigos eram todos da nossa idade, quem havia me atendido não era Amy e muito menos, alguém conhecido.

O mistério de Amy Onde histórias criam vida. Descubra agora