Este Corazón

Prólogo

—Filhas, vamos o caminhão já está pronto! -gritou da porta.

—Já estou descendo! -olhei o quarto pela última vez, pra ver se não havia esquecido nada.

Fechei a porta do quarto e ajeitei minha mochila nas costas para descer as escadas.

—Vou sentir falta daqui! Desse quarto, desse corredor, dessa escada... -Claudia, minha irmã, saiu de seu quarto com os olhos marejados.

Revirei os olhos e voltei minha atenção aos degraus.

Como ela conseguia ser tão emotiva?

Nós passamos menos de um ano nessa casa, nem tivemos tantos momentos para lembrar. Nem nessa casa e nem em nenhuma outra que já moramos.
Depois que meus pais assinaram o divórcio, mamãe tem trabalhado como louca, e por ser uma grande advogada vivemos nos mudando, essa já era a quinta vez em dois anos, já moramos em quase todas as cidades do México, a sortuda da história é minha irmã mais velha Blanca que está nos Estados Unidos fazendo intercâmbio.
Durante todo o trajeto Claudia falava sobre nossa nova escola e nossa nova casa, eu não dava muita atenção pois já estava cansada de criar falsas expectativas, era sempre assim, casa nova, escola nova, vizinhos novos, amigos novos, mas nada era para sempre, tudo tinha seu curto prazo e eu já estava me cansando de tudo isso.

—Chegamos!! -disse mamãe tirando-me de meus devaneios.

—Olha o TAMANHO DESSA CASA!! -exclamou Claudia animada descendo do carro.

—Gostaram filhas? -perguntou mamãe sorrindo

—Eu AMEI! -minha irmã deu pulinhos.

—E você Dulce, não parece muito feliz. -passou as mãos em volta de meus ombros me puxando para um abraço

—Pra mim tanto faz. -sai andando em direção à imensa casa.

A casa era realmente maravilhosa, no primeiro andar havia uma sala de estar, uma enorme cozinha moderna com balcões de quartzo, uma sala de jantar, já no segundo andar ficavam as quatro suítes, do lado de fora tinhamos um jardim e uma enorme piscina. Tratei logo de escolher o meu quarto, joguei minha mochila no chão e me  deitei na enorme cama, respirei fundo e fechei os olhos.

—Vamos Dulce! As roupas não vão para o armário sozinhas! -disse mamãe deixando duas caixas em meu quarto

Eu já disse que odeio mudanças?

Me levantei, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e comecei a tirar minhas coisas das caixas. Após arrumar tudo em meu novo quarto, desci para ajudar mamãe e Claudia com o restante da casa.
Terminamos já eram umas 18:00, subi exausta, louca por uma ducha, enquanto isso mamãe procurava algum local para pedir comida. Não demorou muito para que nosso pedido chegasse.

—Dulce atende a porta para mim, por favor. Estou no banho. O dinheiro está em cima da mesa.

Desci as escadas, paguei o entregador e levei a comida até a sala de jantar. Logo Claudia e mamãe desceram como eu, varadas de fome. Comi rapidamente, não aguentava mais ouvir Claudia dizer que precisava ir ao shopping comprar roupas e sapatos.
Apaguei a luz do quarto, deixando somente o abajur ligado, me enfiei no meio das cobertas e desejei não ter que lidar com patricinhas arrogantes no dia seguinte.