Capítulo 31- Cuidados

629 37 2
                                    

    Chegando na casa dos Uckermanns, Alfonso ajudou Christopher a subir para que ele pudesse tomar um banho, enquanto isso eu e Annie contávamos tudo o que havia acontecido para Alexandra e a ajudávamos a preparar um lanche para todos nós.

—Mas quem esse garoto pensa que é? -dona Ale estava revoltadíssima —Amanhã mesmo vou na escola reclamar desse menino! Não quero ele perto dos meus filhos nem de você Dulce.

—Ei, ei! Relaxe mamãe! -Ucker adentrou a cozinha com suas muletas e seu cabelo molhado
—Nós vamos cuidar desse idiota.

—Aah se vamos! -Poncho sentou-se em um dos bancos altos da bancada com cara de poucos amigos

—Olha, eu super concordo que Joaquim passou dos limites, e por isso também acho que ele merece sim uma lição, mas uma lição que marque muito mais do que uma surra que vocês estão pensando em lhe dar. -olhei firme para os dois

—E que lição seria essa!? -Christopher olhou-me como se eu estivesse falando a maior bobeira do mundo

—Eu já tenho algo em mente, mas vou precisar da sua ajuda. -o olhei e sorri

—Será um prazer! -sorriu

Meu plano já estava sendo posto em prática. Cheguei na escola no dia seguinte junto com Anahi, como parte do plano, claro, sentamos em um dos bancos perto da entrada onde Joaquim estava com alguns meninos de nossa turma.

—Amiga, eu sei que dessa vez meu irmão passou dos limites! Mas como você pode dizer uma coisa dessas!? -Annie me olhou incrédula

—Que se dane o seu irmão Anahi! Foi bem feito mesmo! Joaquim devia ter entrado com muito mais força em Christopher, pra que ele precisasse ficar em cima de uma cama pro resto da vida! -gritei, e Annie pareceu realmente se espantar com tudo que eu havia dito, porém segui o plano sem pestanejar.

  Levantei-me e segui com pressa para dentro da escola, e como previsto, não demorou muito para que Joaquim me seguisse.

—Ei, gatinha! Calma ai! Que bicho te mordeu? -parou em minha frente

—Joaquim, sai da minha frente! Não to com paciência pra te aturar. Você não presta pra nada mesmo em? Pra um cara desse tamanho você não faz nada além de latir como um cachorrinho!

—Por que diz isso?

—Aah, por que? Pra quem vivia tentando se vingar do Christopher, você até que foi bem bomzinho.

—Do que você está falando?

—Aah como do que? Eu sei que você fez de propósito, ou você é um fracote ou errou bonito, porque o Christopher está tão bem, mais tão bem, que ta andando por ai agarrando enfermeiras e sendo um babaca com quem se importa com ele. Eu esperava mais de você!

Quando eu ia saindo, ele me puxou pelo braço e me empurrou até a parede que ficava ao lado do quartinho da limpeza.

—Não duvide de mim garota! Eu posso fazer coisas muito piores com você e com o seu namoradinho! -engoli em seco
—Mas me diga, o que o loirinho fez dessa vez pra lhe deixar tão irritada e querer vê-lo tão ferrado quanto eu? -falou em meu ouvido

—Namoradinho é uma ova! Aquele imbecil tinha que ir pro inferno! Estou cansada dele me tratar como lixo! Eu sai daqui desesperada por notícias, e quando cheguei no hospital ele estava se atracando com a enfermeira e disse que nunca gostou de mim, que por minha culpa ele estava ali. Eu não sei o que passou na minha cabeça um dia, pra gostar de um lixo daquele! E quer saber de uma coisa!? Eu nem sei por que estou lhe falando tudo isso! Você é tão merda quanto ele!

Em questão de segundos, Joaquim abriu a porta do quartinho e me empurrou lá para dentro.

—Então vamos botar um par de chifres naquele idiota. -disse beijando meu pescoço.

Esse plano tinha que dar certo, ficar tão perto de Joaquim me causava náuseas.

—O que vamos fazer será muito melhor do que dar um carrinho naquele engomadinho.

—Então você fez mesmo de propósito!?

—Mas é claro! E ele deu sorte, com a força que eu fui era para aquele babaca estar sem o movimento dos pés!

As palavras de Joaquim me fizeram gelar, ele era um psicopata! As lágrimas em meus olhos já imploravam para sair, respirei fundo tentando me controlar, ele começou a tirar minha blusa na mesma hora que o diretor abriu a porta.

—Senhor Fidalgo e senhorita Savinon, o que pensam que estão fazendo!?

Na mesma hora que vi Ucker de muleta do lado de fora ao lado de Annie e Alfonso, corri para abraçar Christopher, já não segurava mais o choro, chorava abertamente, de alívio e desespero.

—Xiiu! Dulce, ele fez alguma coisa com você lá dentro? -segurou meu rosto entre as mãos

—Não, está tudo bem, vocês chegaram na hora certa.

—Por que está chorando senhorita Savinon?

—Ele tentou me agarrar senhor diretor! E não é a primeira vez que isso acontece.

—Isso é mentira! Ela que me agarrou!

—E essa não é a única coisa. Tenho um áudio confirmando que ele machucou Ucker de propósito.

O plano era, irritar Joaquim e ao mesmo tempo seduzi-lo, para que na hora certa eu conseguisse arrancar o que eu precisava e fazer com que ele fosse pego fazendo o que ele vem ameaçando fazer a um tempo. Mamãe garantiu que mesmo no dia da virada do ano, mesmo que estivéssemos sobre efeito de álcool, eu poderia processa-lo mas caso conseguisse provar o quão louco ele estava para vingar-se de Christopher e abusar de mim, conseguiria não só ganhar o processo como teria direito a uma liminar que fixasse uma certa distância entre nós.
    Levamos uma tremenda bronca de meus pais e da mãe de Christopher, por não termos contado sobre o ocorrido na festa de Ano Novo. Minha mãe entrou com o processo na justiça, e como previsto, ganhei uma liminar e os pais de Joaquim resolveram mudar de cidade, e acabamos descobrindo que eu não fui a primeira garota que ele assediou.

—Graças à Deus, acabou!! -me joguei no sofá

—É verdade, é bom demais saber que não teremos mais aquele idiota no nosso pé! -Ucker botou as mãos nos bolsos de sua calça social —Bom, agora que está tudo bem e você já está entregue, vou indo.

    Christopher havia se prontificado a me levar para casa após o julgamento.

—Christopher... Obrigada! Por tudo! -me aproximei e lhe dei um abraço.

   Nossos olhos se fixaram, e foi como se o mundo tivesse parado, era somente nós dois. Tomei coragem e fiz o que eu queria fazer a muito tempo, o beijei, com todo o amor, toda saudade, todo carinho que eu sentia. Logo ele retribuiu o beijo, juntando nossas línguas numa dança perfeita.

Este Corazón Onde histórias criam vida. Descubra agora