||Capítulo Doze||

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||Feridas abertas||

Mantenho minha mão ferida sob a água, a sensação gelada e refrescante aplaca a ardência.

Permaneço quieta na cozinha, retiro os biscoitos da assadeira e os coloco em um recipiente transparente, fecho a tampa e os deixo em cima do balcão. Lavo a assadeira, e então me sento em uma das banquetas.
O tempo passa vagarosamente enquanto Harry não volta, os únicos sons que podem ser ouvidos são os rítmicos 'tic-tac' do relógio e o farfalhar das folhas do lado de fora. O dia vai rapidamente se tornando tarde e me pergunto se ele havia me esquecido.

Houve tempo em que eu desejei que Harry nunca voltasse para casa, mas bem no fundo de meu coração eu sabia que se ele não voltasse provavelmente me encontrariam morta dentro daquele porão, ou talvez nem mesmo me encontrassem.

Agora tudo o que quero é que ele volte, volte pra casa e para mim. Quero que ele me abrace e seja bom comigo, quero que ele me segure firme e me mantenha perto. Quero toda a preocupação que ele mostrou ter alguns momentos atrás.

Minha cabeça dói e meu estômago ronca, ouço a chave na fechadura e o alarme ao lado da porta faz um som alto e ligeiro. Harry entra, posso ver sacolas brancas em suas mãos, ele tem as bochechas vermelhas como se tivesse corrido, seu lindo sorriso se abre assim que ele põe seus olhos em mim.

Harry caminha apressado até onde eu estou, sua mão espalma a base de minhas costas enquanto a outra põe as sacolas sobre o balcão.

— Sinto muito pela demora — diz enquanto puxa a banqueta ao meu lado e se senta — Tive um imprevisto — explica, Harry pega minha mão ferida e a segura gentilmente — Não sou muito bom nisso, mas vou dar o meu melhor.

Assisto enquanto ele abre uma das sacolas e tira de lá soro fisiológico, uma pomada para assaduras e curativos. Primeiro ele lava meus dedos com o soro, o líquido transparente escorre por minhas mãos e molha o balcão. Tento recuar para diminuir a sujeira porém Harry me impede.

— Tudo bem — me tranquiliza.

Ele passa a pomada em seguida, a ponta de seus dedos deslizam facilmente por entre os meus, depois é a vez dos curativos, Harry retira a parte adesiva e enrola um de cada vez.

— Ótimo — ele termina. Harry analisa seu trabalho com cautela, uma pequena ruga se forma em sua testa quando ele aperta seus olhos — Você entende porque não podemos ir a um hospital, certo? — me questiona.

Aquela altura sinto vontade de rir, o comentário parece inocente já que é em relação às pequenas bolhas que se formam em meus dedos, um arrepio corre por minha espinha quando me lembro de todas as vezes que ele me machucou realmente, de todas as vezes que eu precisei de um hospital e ele não me ofereceu socorro algum.

Meu estômago protesta. Harry sorri.

— Com fome? — pergunta, balanço minha cabeça positivamente — Tudo bem, vamos jantar.

Harry se levanta e caminha até a geladeira, de lá ele tira a torta de batata que eu havia feito mais cedo. Ele pega dois pratos nos armários de cima e então coloca tudo sobre a pia.
Ele corta a torta e coloca um pedaço em cada prato, em seguida Harry leva os pratos até o microondas e os coloca para esquentar.

O silêncio entre nós fica tenso, me sinto estranhamente desconfortável com a mudança repentina de Harry, minha cabeça me diz que essa é a calmaria antes da tempestade.

— Nós vamos sair amanhã — avisa, o microondas apita e dou um pulo de susto — Preciso cumprir uma promessa então... — termina com um sorriso.

The Killing - Harry Styles Onde histórias criam vida. Descubra agora