Sinônimo desta chalé é joça

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A tarde, povoada de brisas comuns naqueles momentos, mostra uma parte da vida pacata e, muitas vezes, não valorizada, cuja simplicidade invoca uma sensação única e esplêndida de maravilhosa plenitude, com certeza, jamais encontrada com facilidade. Este calmo lugar, uma espécie de pequeno paraíso de plantas, animais silvestres, danças e amores, encontra-se não abandonado, mas apreciado por poucos.

Os habitantes da então considerada maravilha rural, onde criações tem seu lugar ao lado dos seus respectivos cuidadores, são pessoas crentes nas mais diversas ciências ditas proibidas, ou amaldiçoadas, e até umas consideradas dons divinos.

Em um caminho longo, estreito, semelhante a uma serpente inquieta diante da morte, por causa de suas curvas infinitas e suntuosas, surge, ao longe, um jovem casal de namorados. A moça, de baixa estatura em relação ao seu ser amado, anda pelo caminho, ora colhendo flores sem espinhos, ora conversando com seu namorado, que a muito custo, tentava carregar malas, sendo estas suas próprias e da namorada.

— Vamos logo Jullius! — diz Analisa, caminhando na frente do namorado.

— Pera, oh coisinha apressada! A gente já tá chegano?

— Por que é tão lerdo?

—  Experimente levar cinco malas sozinho e você saberá.

— Quanto drama, eu heim. Chegamos! — Informa Analisa.

— Ah! Quase que'u não aguentava mais. Precisava mermo a gente passar as férias na casa da tua tia? — pergunta Jullius colocando as malas no chão, para as organizar.

— Para de frescura. Vai ser bom até demais, tu vai ver.

Jullius e Analisa resolveram passar as férias no interior, onde a tia de Analisa, chamada Antônia, mora.

— Firnalmente chegaram, pensei que não vinham mais. Bora, bora, entrem logo antes do aguaceiro. — disse a tia de Analisa.

— Tia, onde eu vou ficar? E o Jullius?

— Vem cá que'u mostro.

Jullius ficou hospedado no quarto em frente ao de Analisa.

— É um belo chalé, né Aninha?

— Também acho, lindo.

— Analisa, minha minina, vem comer e trás o Jullius também!             — chama Antônia da cozinha.

Durante o jantar, Analisa conversa com muita empolgação.

— Pois é tia, tô no primeiro ano, logo termino. Num é Jullius?

— Aham, é. — fala Jullius, de boca cheia.

— E esse minino tá terminando os ensinos tabem? — diz a tia Antônia, colocando mais alimento no prato de Analisa.

— Ah claro! Ele é da minha turma, tia. — disse Analisa, retirando metade do jantar do prato e passando para o do namorado.

—  Que bom então. Espero que farçam a farculdade. Vocês vão fazer o que?

— A gente ainda tá pensando.

— Mas vão fazer a farculdade? — insiste a tia.

— Sim tia, nós vamos fazer faculdade. Né lindo?

— Ah é, nós vai. Com certeza.

— Que bom, orgulho da tia. Melhor dormir cedo pois quero ajuda lá no galinheiro. Vinheram em boa hora. Durmam bem.

Antônia se levanta da mesa e sai em direção ao quarto.

— O quê? Galinheiro? — indaga Jullius de olhos bem abertos, muito expressivos.

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