Um amigo chamado Pituco

7 2 0
                                    

Jullius, aproveitou-se das árvores frutíferas do quintal da tia da namorada, para se alimentar e como se satisfez, optou por não jantar, pois não gosta de comer só massas.

Durante o jantar, Analisa mostra a tia, algumas joias que o namorado lhe presenteou.

- Olhe, Olhe tia! Veja que bonitas! Ai! Nem acredito que'u tenho essas lindezas!

- Mernina... De onde vinheram essas joias?

- Foi presente do Jullius, titia.

- Humm. Esse menino tirou dinheiro da onde pra lhe comprar essas coisas?

- Ah tia! Não posso crê que a senhora fica só perguntando da onde elas vinheram! - Analisa mostra visivel irritação - Por acaso a senhora acha que ele as roubou? É isso tia?

- Vou vortá a deixar claro como a água: não me meto mais. Fica de olho. Da onde ele poderia ter tirado elas se o cabra é preguiça todo?

- O Jullius é o mais trabalhador dos meninos do colégio e não vou tolerar que fales assim dele!

Analisa bate na mesa ao terminar de falar, algumas talheres vão ao chão e ela se retira.

"Não acredito que minha tia fica sempre contra meu lindo! Ela só pode estar louca! Em vez de começar a aceitá-lo, ela fica sempre no contra, contra e contra! Que quê tem eu ter joias? E vindo do meu namorado? Nada de mais! Se bem que... Ele ainda não disse de onde elas vinheram, mas deve ser de anos trabalhando em mercadinhos... Ele me falou uma vez de ter trabalhando! Ora essa. Foi daí. Do seu próprio trabalho."

Assim, a jovem Analisa pensa a respeito do namorado.

>>><<<

O final de semana chegou novamente, e outras festas seriam dadas por vizinhos.

- Ei lindo. Ei meu lindo. Acooorda!

- Ah ah! Aninha para de escândalo! Mas que coisa! Eu heim.

- Já é tarde, eu queria passear e sair com tu.

- E precisava desse... Deixa pra lá. Que dia é hoje?

- Sábado, ué! Se esqueceu?

- Quer sair agora?

- É.

- Nem meredei ainda!

- Então cuida! Bora, tô pronta!

- E tua tia? Não vai ajudar ela em casa?

- Ela deixou eu sair. Não é todo dia que ela deixa! Bora se alevanta daí agorinha. Se'imbora.

- Já vai, apressada.

Depois de quarenta minutos de espera do lado de fora, Analisa já estava quase entrando para saber se o namorado ainda ia sair com ela, quando ele apareceu.

- Demorô. Era pra ser só uns quinze minutinhos!

- Não começa com frescurinhas! Quando eu espero tu, eu não reclamo.

- Mas...

Antônia aparece na janela, falando:

- Algum problemas, merninos? Tá difícil aí, né? Se ficarem as gritarias, vou ter que botar cês dois pra carregar água que é melhor e tô precisano.

- Nadinha tá acontecendo, tia! Tamos de boas. Já vamos. Tchau. Ah e não esqueça de dar comida pro Milhinho.

Milhinho é o galo de estimação da Analisa.

- Não esqueços não, mernina.

Analisa vai até a tia e lhe beija a maçã do rosto.

- Se cuida! E tu, rapaz, te oriente. - diz Antônia, com os olhos semicerrados.

- É só um passeio, dona Antônia. - disse Jullius, com as mãos nos bolsos.

- Por isso memo. - diz a tia da namorada.

Antônia sai da janela, enquanto os dois se olham mas o ato incomoda Jullius.

- Tá olhando... O quê?

- Oxe lindo... Não posso mais te olhar?

- Pode. Ah vamos logo! - disse Jullius, sem paciência.

Durante o percurso até um rio mais longe de casa, nenhuma conversa fluía entre os dois. Se Analisa lhe perguntava algo, Jullius respondia, lacônico.

- Para de ficar emburrado. Já tamos a um tempão juntos e tu nem aproveita a vista, a natureza... Nem quer conversar comigo!

- Ah Aninha! Põe juízo na cabeça. Quando um cara não quer falar nada, não force a coisa. Entendeu? Pois assim só piora as coisas.

Jullius vai até a margem do rio se abaixa e lava o rosto. Analisa também se aproxima da margem e mergulha repentinamente, respingando água no namorado que não ficou com raiva de ser molhado e sorriu.

Ela começou a jogar água nele e o chamou para nadar.

- Eu tenho uma ideia melhor.

- Qual, lindo?

- Tire as roupas, assim fica mais leve e melhor pra nadar.

Ela ri.

- Eu não, vem procurar piaba mais eu!

Ele faz uma careta. E, a muito custo, tira a camisa e entra na água.

- A água tá gelada.

- Só um pouco fria...

Ela começou a jogar novamente água e ele a acompanhou na brincadeira.

Ao longe, Ametista vê os dois juntos, sorrindo e nadando um atrás do outro.

- Que nojenta! Quando ele vai largar essa imbecil? Ele só pode ser doido.

- Falando sozinha, mana?

Ametista se assusta e ao virar, vê seu irmão. Ela está com seu cãozinho peludo e branco ao qual ela deu o nome de Pituco.

- Só com o Pituco. E aí. Aonde será a outra festa do mês?

- Vai ser na casa do Lúcio. Eu fiquei pensando. E achei esse negócio de festas direto, um exagero.

- Não há nada demais em curtir a vida, maninho. - Ametista diz, ao pôr o cachorrinho no chão.

- Mas ficar competindo em quem dá a melhor festa e festejando direto é supérfluo. Exagero sem necessidade.

- Mas é o aniversário dele. Foi seu aniversário e agora é a vez dele de curtir. Nada de mais.

- Tá. Pode ser. Me diz... Gosta de espiar os outros, agente "não tem o que fazer" ?

- Para... Seu doido! Sabia que me assustou! Aparecendo do nada!

- Ah tá. Desculpa então. Vim te chamar porque suas amigas estão te esperando lá em casa. Você vem ou vai ficar de olho nos dois ali?

- Eu vou, eu vou. Pode ir agora. Vou só buscar o Pituco que saiu correndo não sei nem pra onde.

O pequeno cãozinho corre entre as plantas e chega na parte do rio onde estão os outros dois jovens.

Analisa é a primeira que repara na presença do animalzinho.

- Ahwm! Que fofinho!

- Ah, obrigado Aninha.

- Não tô falando de tu, tô falando do peludinho ali!

Jullius se vira e vê o cachorrinho pegar a sua camisa.

- AAAH SUA PESTE! LARGA ISSO!

Jullius sai da água rapidamente e tenta tirar do cachorro a camisa mas Pituco não solta. Fica dependurado na roupa.

- Ó Aninha! Ajuda aqui!

Ela só sorrisos.

- Calma, ele é uma gracinha... Pelo visto gostou do seu cheiro.

Feno de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora