DEGUSTAÇÃO

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SAM

Receber a notícia de um possível emprego para o meu pai, foi, sem sombra de dúvidas, a melhor dos últimos dias. Isso parecia ter deixado ele mais animado, afinal, ele andava já bem preocupado em como ia manter as contas da casa.

Já são sete da manhã e sinto o cheiro de café e bacon invadir meu quarto bagunçado com roupas e tênis espalhados por toda parte.

Preciso arrumar antes que me afogue nessa desordem.

Meu cabelo castanho claro e longo não está querendo colaborar. Já estou quase vinte minutos aqui nesse espelho e ele não segue minhas ordens de ficar comportado.

Talvez um rabo de cavalo resolva minha "arenga".

Nunca fui do tipo que se preocupa com aparência. Ainda lembro com carinho, quando eu era criança, quando a mamãe fazia tranças em meu cabelo ondulado e dizia ao tocá-los suavemente;

Você tem os cabelos mais lindos que já vi meu amor. Acho que são muito parecidos com o meu. Na verdade, não! São mais lindos sem sombras de dúvidas.

Penso nisso enquanto a mesma escova escorria pelos meus cabelos e sorrio com a lembrança.

Como sinto falta dela.

Olho no espelho novamente e vejo que tenho os mesmos olhos que ela. Então aí percebo que meu jeans já está velho e desbotado, mas é o único que combina com minha camisa vermelha xadrez de flanela por cima desta minha camiseta branca. Tudo isso fica bem no meu corpo curvilíneo. Pego o meu tênis, também já desgastado. Não costumo usar salto ou algo do tipo, porque já sou relativamente grande. Chamar atenção na escola não é meu objetivo.

Enquanto passo um rímel rápido nos meus olhos cor de mel e em seguida um brilho discreto na minha boca bem delineada, sinto o sinal no canto direito que está me pinicando mais do que nunca. O que é um mau sinal. Pelo menos é assim que interpreto esse fenômeno pessoal.

Mas hoje não!

Hoje deve ser um bom dia!

Depois de todo um ritual matutino, desço as escadas apressada. Hoje meu cabelo conseguiu me roubar mais tempo do que devia.

— Que cheiro bom de café, pai! — Digo ao entrar pela porta da cozinha.

— Sente- se! Tome um café comigo! — Aponta meu pai para a cadeira próxima a ele.

— Não posso. Estou atrasada como sempre. — Abro a geladeira em busca de algo rápido para lanche.

— Venha logo garota! Sente-se! — Ele ordena enquanto toma um gole de seu café.

Eu não posso desobedecer a uma ordem dada por meu pai com um bacon sequinho no prato à minha espera. Bem ali, na minha frente!

— Não acredito que vou me entregar o prazer dos bacons secos! — Resmungo enquanto encaro o prato e me sento.

Thor me lança um olhar pidão enquanto se lambuza com sua língua ao sentir aquele cheiro delicioso.

— Você também quer amigão? Sabe que não tem se comportado bem, não é mesmo? Sua ração continua ali sem ter sido tocada. — Ele me lança novamente um olhar implorador. Não resisto e dou um pedaço do bacon.

Tomo um gole do café, olho para o relógio e pulo da cadeira.

Preciso ir!

— Estou indo. Tchau!

O Amor em Jogo - Escolhendo o Destino - Livro 1 -  DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora