O Fotógrafo

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Perceptivo introvertido;
É um tipo de personalidade muito própria de músicos e artistas. As pessoas perceptivas introvertidas colocam uma ênfase especial nas experiências sensoriais: dão muito valor à cor, à forma, à textura… O mundo deles é o mundo da forma, como fonte de experiências interiores. (Carl Jung) (Retirado de "amenteemaravilhosa")

   
Lee Félix sempre soube do que gostava desde criança, as cores, formas e sensações lhe deixavam fascinado. Um pouco de sua sensibilidade notória viesse de seu passado trágico, que entretanto não o afetava. Seus pais morreram quando ele ainda era bebê e o mesmo cresceu em um orfanato e aos doze anos começou a sair de dentro da grande casa, já que nunca foi adotado, e passou a visitar com frequência um museu próximo do local. Pedia sempre educadamente se podia fotografar as pinturas que tanto gostava.

Félix não fazia o estilo pincéis, ele gostava de fotografar os que faziam esse estilo e fotografar a arte deles.

Apesar de tanto amar o museu, em determinado momento teve que se mudar, pois o orfanato já não tinha condições de pagar a residência naquela região, então ficou inviável para o garoto ir ao museu. Ele sentia falta de visitar as galerias, fotografar as mesmas e também de conversar com o senhor que sempre estava no local. O jovem nunca tinha tido uma figura paterna, ou materna, mas pensava que se pudesse escolher alguém para ocupar tais posições, preferia que fosse um senhor simples como aquele do que alguém com muitas riquezas que lhe desse tudo com exceção do amor.

Longe de tudo que gostava, isolado no seu mundo de artes e fotografias tiradas em uma câmera que não tinha qualidade, Lee Félix passou o resto de sua adolescência e quando atingiu a maioridade teve que sair do conforto do orfanato com o pouco dinheiro que tinha e buscar uma vida independente.

Félix se formou em fotografia e arranjou um emprego, porém não nessa área.

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A chuva caia pelo seu corpo, molhando cada fio de suas roupas e as atravessando. Kibum não se importava com isso, sabia que podia chegar em seu apartamento, secar-se e esquentar-se depois. Naquele momento ele apenas queria gravar com sua câmera as partes invisíveis de um dia chuvoso.

Uma mãe buscando abrigo para esconder os filhos;

  Um cachorro encolhido tremendo a cada relâmpago cortava os céus;

  Um homem que fumava enquanto o olhava, porém sem demonstrar nada além de seriedade e um desgosto com a vida.

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Lee não era o melhor atendente do mundo. Não tinha nascido para ser alguém que conversava com diversas pessoas por dia, sua mente introvertida não conseguia assimilar isso. Os sorrisos lançados para ele, os olhares de canto, os cochichos e tantos pedidos repetitivos faziam uma bagunça em sua cabeça.

No fim do dia ele só queria entrar no seu minúsculo apartamento, alimentar seu pequeno cão peludo e editar as fotos que conseguia tirar durante os intervalos em seu serviço para então postá-las em um pequeno blog que tinha criado na esperança que alguém visse seu trabalho.

Félix caminhou até seu mural de fotos antigas, fotos que foram reveladas de filmes e não tiradas de um cartão de memória, e observou cada uma com atenção como sempre fazia. O rapaz não entendia o motivo, mas conforme o tempo passava ele via arte em coisas que sequer conseguia explicar, variando de um pingo de chuva ou um inseto qualquer.

Abstract Art - Hyunlix Onde histórias criam vida. Descubra agora