Lea Hunter sempre foi grata pela vida que levava, mas após o fiasco de seu casamento ela decide que a vida deve seguir continuar e por isso ela segue para sua viagem de lua-de-mel sozinha.
Bem, nem tão sozinha... Ela não esperava, mas acabou encontr...
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"Fiquei sabendo de todo o amor que você perdeu (...)
Fiquei sabendo de tudo o que você já passou
e parece que você precisa de um amigo."
—Rear View/Zayn Malik
Eu nunca havia viajado para o exterior, na verdade, viagens era o tipo de coisa que eu realizava raramente. Diferente do que muitos pensavam, eu não era uma garota rica. Minha mãe era uma costureira, mas quase não recebia encomendas então teve que encontrar algo que complementasse o seu salário; foi então trabalhar de cantineira na Madison High, uma das melhores escolas públicas da minha pequena cidade. O meu pai era dentista, então recebia um pouco melhor que minha mãe, mas mesmo assim, não era algo tão grandioso.
Ser filha única poderia parecer um privilégio para alguns, principalmente para os meus colegas que tendo a situação financeira parecida com a minha, se sentiam "lesados" por terem que dividir tudo com os irmãos, mas para mim, ser filha única era uma merda. Eu sempre senti uma necessidade imensa em ser amada, acho que por isso sempre aceitei qualquer amor que me fosse oferecido. Meus pais tinham e não tinham culpa, os problemas da vida fez deles cada vez mais apáticos; a única forma que demonstravam amor por mim era através da preocupação e isso por muitas vezes me deixou revoltada. Eu provavelmente nunca os perdoarei por não terem me dado um irmão, embora eu compreenda um pouco o porquê disso. Eu sempre estive muito sozinha e talvez um irmão tivesse suprido essa minha solidão, talvez o meu irmão não deixasse que eu fosse usada por Leo e me permitir ser usada, talvez um irmão tivesse me amparado melhor depois do meu casamento. Talvez eu tivesse me acostumado com companhia e assim tivesse aprendido a ficar sozinha também...
Houve a primeira e única conexão e após ela, quando começou a escurecer, todos pegaram no sono, mas eu estava entretida demais com as nuvens que eu podia ver pela janelinha do avião, mas de repente aquilo já era muito chato porque a minha visão não estava acompanhada de conversas animadas e risadas contagiantes. É muito fácil se acostumar com companhia. E é muito difícil ficar sozinha quando se tem um coração quebrado. A missão de deixar os caquinhos numa caixa e me esquecer dela estava dando errado, eu comecei a querer, de repente, estar num aeroporto lotado e me sentir como uma ratinha prestes a ser devorada por felinos; porque a sensação de ser sufocada por muita gente começava a me parecer melhor do que estar tão sozinha.
Ás vezes podemos não querer admitir, mas consertar a vida sozinha pode ser um tanto quanto impossível.
Eu não sei bem quando comecei, mas quando percebi lágrimas já estavam caindo em meu colo e quanto mais eu tentava secar, mais lágrimas se formavam. Eu só não havia chorado durante todo o dia porque eu estava ocupada. Mente vazia é oficina do diabo, é o que minha avó diz.
As nuvens que antes me pareciam grandes amostras de algodão-doce, já não me traziam nenhum conforto, o meu peito foi se preenchendo de uma angústia tão grande que me faltava ar.
