Lea Hunter sempre foi grata pela vida que levava, mas após o fiasco de seu casamento ela decide que a vida deve seguir continuar e por isso ela segue para sua viagem de lua-de-mel sozinha.
Bem, nem tão sozinha... Ela não esperava, mas acabou encontr...
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Do aeroporto já se notava a beleza de Paris, ou talvez fosse meu senso poético aflorando novamente.
A verdade é que, durante a viagem, por várias vezes eu quis pegar meu bloco de notas e escrever uns bons textos sobre minha companheira de voo. Algo nela era impressionante demais para um jovem jornalista como eu, ou projeto de jornalista, melhor dizendo.
Uma garota de vinte anos, que descobre a traição no altar, pega o avião e parte para a viagem de lua-de-mel sozinha é no mínimo muito intrigante. Só que, como se não bastasse, ela não me parecia ser o tipo de garota que aparentava ser. Talvez isso tenha ficado confuso, mas a explicação mais rápida é que Lea aparentava ser uma pessoa e o pouco tempo de convívio com ela me fazia pensar que ela fosse outra pessoa. Sua beleza faz com que você caia no estereótipo de série adolescente em que a garota bonita é a líder de torcida mimada, porém quinze minutos de conversa com aquela garota o faz duvidar que líderes de torcida sejam tão gentis. A propósito, ela não era líder de torcida, eu perguntei.
Eu perguntei muitas coisas na verdade, sempre tenho a impressão que eu sou um tanto quanto indiscreto. Enxerido também é uma palavra que eu usaria para me descrever. Tem outra coisa que eu sou e essa coisa é com certeza amigável. Muito amigável. Eu faço amizades facilmente e me interesso pela amizade dos outros muito rápido. Eu queria ser amigo de Lea, tanto quanto ela realmente precisava de um amigo, mas eu não sabia como abordar o tema. Não que eu estivesse pensando em propor amizade à ela da mesma forma como se propõe casamentos, eu estava pensando em pedir seu número, sair para tomar um café e conversar. Sim, esse é o tipo de coisa que Kieran Gilbert faz. Mas pedir seu número implicava em poder ser mal compreendido e era de longe tudo que eu menos queria, afinal, a garota havia terminado um relacionamento longo recentemente, tudo que ela menos iria querer era outro cara chato em seu pé.
Eu fui acompanhando Galilea por todo o percurso até a esteira de malas e durante toda a caminhada ela falava animada sobre absolutamente tudo. Todos os seus planos para Paris, todos os lugares que iria visitar, aspectos sobre paisagem, clima, pessoas, como ela achava que seria a hospitalidade francesa. E eu achei fascinante toda aquela empolgação, eu sempre achei muito bonito e poético a forma com que os lugares tocam as pessoas.
—Você está muito calado. Pelo "longo", muito longo, na verdade imenso tempo, em que lhe conheço, isso não é normal. —Ela disse gargalhando.
—Eu apenas estou entretido com sua fala. Continue, por favor. —Ela parou e se virou para me observar, quase batemos de frente.
—Você está me zoando?
—Não, mas confesso que gostaria. Essa prévia de expressão de incredulidade formaria uma impagável expressão de raiva.
—Você tá me zoando. —Ela concluiu por fim revirando os olhos. Eu me permiti rir.