4. ANTES

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Rafael e eu resolvemos agir como um casal normal e sair. Ele tava mesmo precisando de uma corzinha o menino tava branco igual papel.

Não que nossa decisão mudasse alguma coisa já que estávamos indo patinar no shopping. Sabe como é, não neva no Brasil mas esse pessoal sempre dá um jeito de ganhar dinheiro. Falando em dinheiro, apostei vinte reais que conseguia ficar mais tempo em pé do que o Rafa. Depois de três sorvetes de casquinha e apostar corrida naqueles bichinhos fofos no meio do shopping a gente foi patinar.

- Se você cair primeiro além de me pagar vinte pratas vai arrumar minha cama por uma semana. - o idiota falou enquanto calçava os patins.

- Quando você cair primeiro, além de me pagar, vai passar uma semana fazendo minhas unhas. - sorri.

Depois que calcei os patins, me arrastei pelas barras de proteção até o gelo.

Quando finalmente me soltei, senti minhas pernas escorregarem.

- Vamos lá Rafa! Vai perder mesmo? - gritei para o loiro que ainda não tinha se levantado do banco desde que trocara os sapatos.

Quando ele entrou no gelo, se agarrou rapidamente a minha cintura.

- Nós vamos morrer, meu Deus eu vou quebrar minhas pernas já tô até vendo uma cadeira de rodas me esperando lá fora. - ri enquanto uma criança de no mínimo sete anos passou por nós e deu língua pro Rafael. - Ah sua peste! - Rafa tentou correr atrás do menino e caiu.

- Bom - patinei, ou melhor escorreguei até ele - Acho que eu ganhei.

Quando tentei ajudá-lo a levantar, Rafael me puxou para baixo.

- Aí seu idiota! - ri. E enquanto todo mundo patinava ao nosso redor, a gente ficou estirado no chão olhando pro teto.

Eram esses pequenos momentos que eu queria guardar pelo resto da minha vida.

Quando tentei levantar, cai mais cinco vezes enquanto Rafa ficava sentado rindo da minha cara. Depois que desistimos, fomos pra praça de alimentação.

Rafael foi buscar os lanches e eu fui pegar uma mesa pra gente.

- Oi. - um ruivo que eu nunca tinha visto na minha vida se sentou na cadeira vaga a minha frente. - Nunca te vi por aqui, você é linda.

Quando ia responder e pedir pra ele sair, Meu namorado colocou o lanche na mesa e encarou o carinha que nem tinha se apresentado ainda.

- Oi, eu sou o namorado dela o que você quer?

- É só com ela mesmo, se fosse com você eu tinha ido lá na fila.

Antes de ir embora ele deixou um guardanapo escrito com o número dele em cima da mesa. Rafael surtou e socou a cara do garoto.

- Ai! - o loiro resmungava enquanto balançava o punho. Em compensação, ele conseguiu apagar o ruivo só com um soco.

É claro que fomos expulsos do shopping, mas não antes de pegar nossas bandejas com o lanche. Afinal, a gente tinha pagado por aquilo, nada mais justo!

Quando nos sentamos nos bancos da praça pública eu não aguentei e comecei a rir.

- Aquilo foi desnecessário. - eu estava ficando sem ar de tanto rir.

- Ele tava dando em cima de você na minha frente Julia! Ele mereceu. - Rafa respondeu emburrado.

- Eu sou a mulher, eu tô certa! Ou você aceita ou namora um homem. - ver ele emburrado era muito mais engraçado do que o que tinha acontecido.

- Você tá chateada comigo? - respirei fundo tentando prender o riso. - Fala comigo! Se fosse pra falar sozinho eu usava drogas.

Joguei uma batata frita na cara dele e sorri.

- Acho que nunca mais a gente vai entrar naquele shopping.

- Eu não diria nunca mais. Nunca mais é muito tempo. - Rafa coçou a nuca. - Um mês?

- Aquele segurança parecia disposto a tirar a gente dali.

- Bom, ao menos a gente pegou a comida. - ele riu.

Ele roubou minhas batatas fritas e quando eu ia reclamar ele me beijou.

- Idiota. - peguei minhas batatas de volta.

Vi Victoria passando pela gente com o antigo grupo de "amigas" dela e senti um calafrio. Jesus mandou amar uns aos outros, mas tem umas pessoas que eu vou ficar devendo viu Jesus?

- Minhas costas estão doendo. - Rafa tirou minha atenção das gazelas. - Acho que é a postura. - ele reclamou e ficou com a postura curvada da mesma forma. Franzi o cenho e ri.

Depois daquele dia, Rafael e eu apenas aceitamos que não nascemos para ser um casal normal.

"Casal normal" puts, parece até piada.

Stay || CellbitOnde histórias criam vida. Descubra agora