My Angel My Demon

Eu não te mereço

Acordei na minha cama, mas sinceramente não entendi direito. Levantei e fiz minha higiene matinal antes de ir para a cozinha, vendo Jin criando uma receita de algo qualquer.

— Bom dia — ele disse.

— Bom dia — respondi, sorrindo levemente. — Jin, eu sei que isso já passou mas, aquele beijo... — fui interrompida prontamente pelo mais velho.

— Não deveria ter acontecido, eu sei, e não vai se repetir de novo — falou sem nem ao menos olhar-me, dando falsa atenção a sua receita.

— Não era isso, mas se você quer assim tudo bem — Jin limpou suas mãos no avental e fitou-me, respirando fundo e falando:

— Isso é loucura — sem me dar chances de questionar, selou nossos lábios em um gesto carinhoso. — Gosto dessa loucura, mas não poderá se repetir — foi com isso que voltou ao seus afazeres.

Me levantei e fui para sala acalmar o coração acelerado. Alguns minutos depois seu celular tocou. Yoongi ligava.

— Alô?

— Hey, pequena! Estava pensando... Eu quero conhecer seu irmão — foi a primeira coisa que ouvi através do celular.

— Ah, tudo bem.

— Ótimo! Vou para sua casa hoje, okay?. Te amo!

— Beijos — não havia animação quase alguma em minha voz.

Deliguei o celular​ e respirei fundo. Levantei e avisei Jin sobre o Yoongi, subi as escadas e entrei no quarto de  Tae, que dormia calmamente. Parecia uma criança. Foi quase impossível não sorrir com a cena. Caminhei em sua direção.

Acariciei seus cabelos extremamente lisos por um tempo, o olhei e ele tinha um sorriso no rosto, mas seus olhos estavam fechados. Parei com o carinho, vendo ele abrir os olhos e fazer um bico em reprovação.

— Tava bom, sua estraga prazeres — ri com sua atitude infantil.

— Tae, meu namorado quer te conhecer — falei de uma vez.

— Eu nem o conheço, mas já não gosto dele — fez bico.

— Por que? — indaguei.

— Jin me contou. Aish! Que odio desse moleque! Como você aceitou namorar ele? Jisoo, ele te estrupou! — Tae já estava com muita raiva, abaixei a cabeça, quando ele percebe, respira fundo e me olha. — Você sente algo por esse cara? — perguntou.

— Pena — falo ainda de cabeça baixa. — Pena dele nunca encontrar alguém, pena dele não ganhar o amor que todo ser humano merece, e, eu quero dar uma chance a ele. Se o amo? Não, também não espero amar tão depressa assim, só... Espero que me entenda — sem resposta, levantei-me, indo para a porta saindo pela mesma.

Por que eu sou assim? Por que tenho que preencher o vazio nas pessoas?  Me doer por elas? Por que tenho que ter compaixão? Isso está acabando comigo!
 
Adentrei meu quarto aos prantos, em um piscar de olhos eu já estava encharcada de pelas lágrimas e os soluços eram audíveis pelo cômodo. Minutos, que mais pareciam horas pra mim se passaram e a campainha tocou. Me levantei, indo para a sala. Abri a porta e me deparei com o semblante alegre de Yoongi. Dei-lhe passagem para que pudesse entrar e o mesmo logo já estava do lado de dentro, dando-me um selar na testa.

— Oi, anjo — falou, se sentando no sofá.

— Olá — fechei a porta, logo sentando ao seu lado.

— Então, onde esta seu irmão? — perguntou.

— Aqui — desviei meus olhos até escada e não demoro a avistar Tae, que estava descendo o último degrau.

Ele usava uma calça de moletom, com o tronco nú e estava descalço. Andou até nós e sentou na poltrona perto do sofá.

— Então, você é o famigerado Kim Taehyung? — Yoongi sorriu, educado em sua direção, este a qual logo morreu, ao perceber o olhar frio que Tae lhe lançou. Engoliu a seco.

— Depende de quem pergunta, mas no seu caso acho que esta bem óbvio, não é mesmo? — Yoongi serrou seus punhos e Tae sorriu, erguendo uma das sobrancelhas como se duvidasse da ação que Yoongi estava prestes a fazer.

— Yoongi? — chamei-o, preocupada com a troca de olhares intensa entre os dois.

— Então... — Tae disse, sorrindo sarcástico em sua direção. — Você que foi o sortudo que estrupou a minha irmã. Meus parabéns pela merda que você fez — diz com irônia.

— Eu já me arrependi disso a muito tempo — Yoongi pronunciou sério.

Tae se aproximou o bastante pra ficar frente a frente com Yoongi.

— Arrependimento não faz você voltar no tempo para mudar a merda que você fez, por isso, sugiro que se mate ou então saia por essa porta e nunca mais volte, antes que eu mesmo acabe com a sua vida, ouviu bem? — vejo que Yoongi não se abalou, ou aparentava não ter se abalado, ambos estavam com um sorriso assustador nos lábios e se encaravam. Cadê o Jin nessas horas?, pensava.

— Taehyun, o que eu disse pra você? — Jin apareceu, encostado no batente da cozinha.

— Desculpa, "cunhado" — Taehyung disse entre dentes fazendo aspas. Se levantou e entrou na cozinha, mas antes recebeu um tapa na nuca dado por Jin.

— Yoon... — ele me interrompe.

— Ele esta certo, Jisoo, eu não te mereço — vejo Yoongi saindo pela porta, batendo-a com força, ele entra no carro e sai em disparada. Maltratei o lábio inferiore de nervoso. Aish!