Depois de Meia Noite

Real

O filho estava agindo de modo diferente, a mãe percebera. Parecia até ser outra pessoa. Não comia, quase não falava, não saía mais para brincar, às vezes falava sozinho e não tinha mais aquela alegria de criança.

Todas as noites, ela lia uma história para ele, dava-lhe um beijo na testa, apagava as luzes e fechava a porta.

- Tem alguém debaixo de minha cama. Tire-o, mamãe. - reclamou certa vez, o menino.
- Não há ninguém, meu filho. Agora durma.

Deu-lhe o prometido beijo na testa e saiu, fechando-o no quarto.

Isso se repetiu por várias noites. O menino ia piorando o comportamento e a mãe ficava cada vez mais preocupada.

- Tem um monstro debaixo da minha cama, mamãe. - reclamou o garoto mais uma vez, depois de tantas noites depois da primeira.

A mãe, já não aguentando mais a insistência do filho, resolve olhar debaixo de sua cama. Suspira e se agacha. No começo, não vê nada. Quando seus olhos já estão bem acostumados ao escuro extremo, avista um par de olhos. Não ousa gritar para não assustar o filho deitado na cama. Se aproxima, afim de ver melhor. O ser debaixo da cama faz o mesmo e sussurra em seu ouvido:

- Finalmente, mamãe. Há um monstro em cima de minha cama.