Obra de arte
Teu corpo é uma tela
e meus dedos são pincéis
que rapidamente a percorrem toda
sentindo cada relevo
que em um embaraço de emoções
criam a obra perfeita.Tu
Se tu soubesse
tudo que eu escrevo
(pra ti, por ti, em ti)
...
Ah, tu voltaria pra mim
num único rastejo!O verde
Três meses desde aquele dia
e o verde mais lindo do campo ainda me lembra vagamente o teu cabelo
o mais colorido dos pássaros que vejo me lembra vagamente o teu cabelo
o preto do café que me acorda todas as manhãs me lembra mal e mal o teu olhar
o vermelho que me dá a vida me lembra aquela boca, que um dia tanto quis beijar.Tédio
Presa aqui entre quatro paredes que não me dizem nada
Cores sujas e desbotadas, riscos que só são letras desfocadas
Em frente quem aparentemente detém o monopólio do conhecimento
mas com olhos desvairados e loucos e uma boca que abre e fecha
sem nada dizer para mim, me faz viajar além vento.
Posso me perguntar ou te perguntar o que significa aqui estar
diploma daqui alguns anos ou aprender a julgar?
Do que pra mim adianta definir uma propriedade
se não me interessam paredes que possam me encurralar?
Te respondo que aqui eu nem estou, de fato
Tenho uma mente que não se deixa aprisionar
ao contrário de mim que engaiolada vivo
Nesse momento estou em Paris, ou apenas absorta em linhas
Qual o tamanho do tédio preciso para além de me viajar
me colocar aí em teu lugar?Desculpe
A verdade é que eu não entendo de rima e nem de métrica
eu não sei no que realmente consiste um poema
ou com quantas linhas se faz um.
Eu não me atento às regras de escrita, justamente porque não sei nenhuma.
Parece que todo aquele estudo me foi em vão e hoje minha mente insiste em divagar e guardar apenas informações inúteis.
Eu não sei se o que escrevo é certo ou se alguém vai chegar a me ler. Rubro de vergonha em pensar.
Não sei do que consiste bons argumentos.
Fato é que às vezes me encontro em um cruzamento de ideias e ideais e meus dedos disparam em direção aos formosos papel e caneta – é, eu ainda utilizo desses arcaicos instrumentos.
Por um momento pareço não saber o que escrever, mas de um salto brotam palavras de mim, coisas que eu nem pensava saber
Coisas que eu achei não querer escrever.
No entanto são coisas minhas, coisas que eu achava não conhecer, coisas que me atordoavam o peito e encalhavam em minha garganta.
Essas que estavam batendo pra sair, sem eu saber, e mesmo assim não permitia.
Saltaram!
Saltaram em forma de versos, rimas, parágrafos e mais parágrafos de erros de ortografia e acentuação.
Tu, que talvez me leia ou não, talvez me julgue pelos meus erros
talvez tu não entenda o que realmente está aqui.
Peço-lhe, encarecidamente, desculpas
concordo com o teu julgamento e com a tua forma de exigir uma escrita correta.
Mas te digo que as palavras aqui só saltam de mim
em uma velocidade inexplicável
não tenho tempo para corrigi-las
assim como, muitas vezes, não me sobra tempo nem para assimilá-las.(Desculpe).
Mil galáxias e eu
Tu és um milagre em particular:
mil galáxias colidiram
só pro teu olho brilhar
Às estrelas veio o choque:
ofuscadas foram
e tu, de reboque,
meu coração tomou,
distante o levou,
e então o milagre eu vi
as galáxias foi tu quem formou.
O mundo todo tu encantou,
só com esse olhar,
esse que me ganhou.WW.
Ler Whitman sob um céu, o mesmo céu mas ainda assim um céu diferente.
Perceber Whitman e ao me dar conta não estou sob o céu, estou sobre ele.