57, 58, 59... 60!
"Foi um prazer dançar com você senhor Doyle! Eu preciso buscar minha jaqueta com o Daryl, está frio aqui..." digo tentando me esquivar.
"Ah claro! O prazer foi meu querida!" Doyle diz contente.
Eu dou um sorriso forçado, e saio do salão de dança, vou em direção à porta de trás, como combinado. O cara que estava me vigiando vem logo atrás de mim.
(Merda!)
Quando saio pela porta, nada do Daryl. Meu coração fica descompassado, minhas mãos suam, e se esse cara me alcança? Isso não fazia parte do plano...
"Ei senhorita Stewart! Está muito cedo para você ir embora da festa!" O cara se aproxima de mim, agora devagar, com um grande sorriso no rosto. Me forço a agir normalmente, talvez ele não perceba que estamos fugindo.
"Hum, na verdade estou esperando meu namorado buscar minha jaqueta."
(É sério isso Amanda?)
Cruzo os braços, tentando parecer estar com frio. Na verdade, estava tremendo de tão nervosa, o que me ajudou a ser um pouco mais convincente. Ouço o barulho do carro do Daryl, não estava nada discreto. O cara se precipita até mim, provavelmente vai me tirar daqui antes que o Daryl chegue.
Com essa roupa que estou vestindo ele deve pensar que sou uma daquelas garotas que não conseguem matar uma barata. Ele vem até mim, como se fosse apenas pegar uma bagagem de mão. Depois de 12 anos praticando luta, para justamente saber me defender situações como essa, não posso recuar.
Quando ele estica o braço para me pegar, vejo que ele está com uma arma, numa fração de segundo, me esforço para lembrar do golpe para desarmar.
Eu inclino sobre ele, imobilizando seu braço direito com meu braço esquerdo, deixando a arma ao meu lado, e com o outro braço deixo a minha mão em direção ao meu peito e reúno toda minha força para atirar meu cotovelo em seu pescoço. Ele cambaleia, com os olhos arregalados, tossindo pela falta de ar.Daryl já está com o carro parado em frente a nós, eu agacho para pegar a arma que acabou caindo, e entro dentro do carro, ofegante. Saímos da garagem do prédio e entramos na avenida a toda velocidade.
"Você se machucou?" Daryl desviou o olhar da estrada, fazendo o carro invadir um pouco a contra mão.
"Não..." Digo colocando a arma no banco de trás.
"Mas que merda! Você poderia ter se machucado!"
"Mas estou bem!" digo dando uma pausa "Você acha que eles vão nos seguir?"
"Sim, o cara que me seguiu entrou em uma van preta."
Daryl faz a curva da estrada numa velocidade totalmente proibida, bato com a cabeça na porta do carro.
"Aiii Daryyyllll!" Grito.
Ele continua em silêncio, focado na estrada, parece pensativo. Quando terminamos a curva, tento me recompor.
"O que estamos fazendo?" Pergunto, tentando saber o plano.
"Eu vou sair da cidade." Daryl diz sério.
"Você? Mas e eu?" Pergunto.
"Não posso te colocar mais em perigo Amanda! Vou te levar até o Matt!" Daryl grita e não tira os olhos da estrada.
"O que? Não Daryl!" Grito.
Daryl me ignora. Eu olho para ele perplexa, esperando uma resposta. Fazemos uma ultrapassagem perigosa, eu fecho os olhos quando ficamos frente à frente com o carro da contramão.
"Daryl, me escuta! Você e o Matt, tem que parar de achar que vocês sabem o que é melhor para mim! Eu sei me cuidar!"
"Estou pensando no seu bem!" Daryl parece muito angustiado.
"Ele também pensou Daryl..." Não consigo continuar o que ia dizer. Mas pela expressão de surpresa dele, acho que ele entendeu que me referia que essa foi a causa do término.
Daryl muda o carro de direção, acho que finalmente desistiu da ideia. Fazer um giro de 180 graus em uma estrada perigosa, deu uma descarga de adrenalina no meu corpo.
"Ahhhhhh!" Grito, batendo a cabeça na porta de novo, levando as mãos na janela.
"Se segura em mim, acabei de ver a van." Diz Daryl.
Essa foi uma forma dele dizer que vai correr muito mais agora. Me agarro ao seu braço com os olhos fechados, mordendo a boca.
"Seus desgraçados!" Ouço Daryl xingando sozinho.
Estamos correndo tanto, que sinto como se meus órgãos tivessem trocado de lugar. Meu coração e meu estômago estavam perdidos em lugar das profundezas do meu corpo. Depois de alguns minutos sinto que a velocidade diminui, volto a abrir os olhos.
"Onde eles estão?"
"Ficaram para trás." Diz Daryl, ligando para alguém. "Ei cara! Você pode olhar minha casa?" Ele faz uma pausa. "Sim, se estiver limpo me retorna, estou esperando."
"Ligou para quem?" Pergunto.
"Meu amigo dos momentos difíceis."
Alguns meses atrás, lembro quando uns "amigos" dele ficaram escoltando a mansão. Depois do sequestro relâmpago do Matt. Após uns 20 minutos o celular toca. Daryl apenas escuta e agradece no final.
"Você pode me deixar em casa?" Pergunto, abatida. A única coisa que estou querendo agora é descansar.
"Claro que não! Não vou deixar você sozinha." Daryl nega com a cabeça.
"Mas vamos voltar para sua casa?"
(Ou melhor, algum lugar que tenha uma cama?)
"Sim, não se preocupe. Vamos estar seguros lá."
Quando chegamos na mansão, vejo que tem uns 5 carros estacionados pelo lado de fora. Daryl sai do carro e pede para que eu espere lá dentro. Ele conversa com um cara que possivelmente tem uns 2 metros de altura, e muitos músculos. Sim, ele parece mais um guarda costas.
Eu me aconchego no banco do carro, coberta pela minha jaqueta. Quando penso que finalmente vamos entrar, Daryl pega a arma na porta de trás do carro e volta a falar com o cara. Eu acabo pegando no sono. Acordo sentindo que alguém está me colocando na cama, vejo Daryl tendo cuidado para não me acordar.
"Daryl?" Pergunto, grogue.
"Durma meu amor, te prometo que vou estar aqui quando você acordar."
"Onde você vai?"
"Eu não vou sair daqui, só tenho que terminar de conversar com os caras lá fora."
Eu concordo com a cabeça, não sei se entendi tudo o que ele me disse. Por mais que eu gostaria de investigar o acontecimento de hoje, sinto que toda essa adrenalina sugou minhas energias.