- Alô? -Benj falou
- Oi Benj, sempre quando eu mais preciso hein bonitão? -sorri, com lagrimas surgindo no canto dos olhos.
- Oh Lori, o que aconteceu? A bruxa de novo?
- A própria. -suspirei e engoli o nó na garganta
- Me encontra no café de sempre Lo, to indo pra lá, beleza?
- Ta bem, Benj.Inspiro
Expiro
Inspiro
Expiro... Aaaargh!Saio do quarto, entro no banheiro e jogo água no meu rosto. Uma vez, dias vezes, três vezes... Na esperança de que ao tocar e lavar cada parte do meu rosto, toda dor, frustração, magoa, solidão suma com a água, que desce pelo cano. Mas não acontece. Claro que não acontece.
Desço a escada e paro pra observar minha mãe que está jogada no sofá dormindo, a mesa de centro está com alguns comprimidos espalhados pelo tapete, e outros triturados na mesa de centro.
Suspiro e vou embora.Quando chego no café, já avisto Benj de imediato, chegou primeiro, reparo que ta com o olhar distante, sinto meu estômago revirar. Será que algo aconteceu? Esqueço a pergunta quando nossos olhares se encontram e toda a sensação ruim some. Vou caminhando e indo a sua direção, sem perder o olhar.
Benj ta lindo, como sempre. Cabelos cor de outono -adoro essa cor-, cresceu rápido, ta a alguns centímetros abaixo da orelha. Ele não faz o tipo musculoso, mas é. Tem olhos cor de mel e sorriso travesso no rosto.
Benj e eu nos conhecemos de uma maneira bastante peculiar -talvez-. Foi na fila do banco. Não conheço ninguém que tenha encontrado um melhor amigo, na fila de um banco, então, é peculiar.
Estava tão impaciente naquele lugar, estava quase criando raízes, quando lembrei que trouxe um fone na bolsa, pego de imediato, e plugo, selecionando a faixa "fila, qualquer fila" são entorno de 15 músicas, todas elas que já me fizeram chorar. Mas, que agora as utilizo como uma forma de lição, talvez. Não costumo chorar na frente de ninguém, portanto, quando as ouço, é mais pra provar pra mim mesma o quanto posso, e o quanto eu consigo ser forte na frente das pessoas.Faixa: fila, qualquer fila
Música 1: November Rain
Música 2: Don't Cry
Música 3: Patience
Música 4: Black
Música 5: All of my love
Música 6: Crazy
Música 7: would?
Música 8: I do want miss a thing
Música 9: No hard feelings
Música 10: Wind of chance
Música 11: love of my life
Música 12: She's like the Wind
Música 13: all i need
Música 14: the diary of Jane
Música 15: snuffAumento o volume no máximo e me concentro na fila, a passos de tartaruga, não, a tartaruga ainda anda mais rápido que isso. E então sinto alguém tocar meu ombro, quando me viro, tiro um dos fones e espero ele falar o que quer que seja, como não fala nada, arqueio as Sobrancelha, parece que sai de um transe e sorri pra mim, apontando pro meu fone.
- Você ta ouvindo Aeroshmit ?
-Sim. Falo
-Caraca, seus tipanos já eram.
Sorrio e ofereço meu outro lado do fone pra ele, que aceita sem relutância e digo: ferre seus tipanos comigo. E então, daquele dia em diante, não nos desgrudamos mais.Chego na mesa dou um beijo estalado na bochecha dele, ele faz o mesmo e me sento, Benj já tinha pedido meu -café 100% puro- e o dele -Café com leite lotado de açúcar-
— Oi cabelo cor de outono. Tento sorri, mas é inútil e ele sabe disso. Ele me conhece mais do que qualquer outra pessoa no mundo.
Ele sorri e diz: — Oi foguinho!
Benj me chama assim desde que nos conhecemos, ah, e também porque sou ruiva.
— Me conta Lo o que aconteceu.
— Você o que aconteceu Benj, você sempre sabe. Já testemunhou e tudo. É só que to cansada, sabe? Hoje foi só fichinha.
Ele continua me observando, me ouvindo, como sempre. E eu permito, e eu desabafo pq é isso que preciso, desabafar.
Continuo: Lembra quando ela ligou pra polícia avisando que roubei dinheiro dela e que precisavam me prender? E quando ela jogou uma garrafa de cerveja quando eu entrei em casa, e um caco voou no meu supercilio e precisei levar ponto?
Eu sei que ele lembra de tudo, ele sabe de tudo. Mas ele não sabe que eu tive uma irmã. E não vai saber, preciso ficar com isso guardado pra mim, assim como Kat me pediu naquelas cartas.Ele suspira e estende a mão mim. Que pego de imediato. Então ele fala: — Eu já te implorei tanto Lo, que viesse morar comigo, lá tem espaço, tem um quarto sobrando, você podia ficar lá até que se formasse e conseguisse um emprego, ou até quando quisesse, não me importo. Só não suporto te ver desse jeito, nao suporto que ela te trate como se você fosse um ser desprezível. Eu só não a denuncio e nem pego todas as suas coisas e a arrasto embora de lá porque você me implorou. Você é tanta coisa Lori, tanta coisa, queria que fosse possível você se ver com meus olhos.
Ele suspira, da um longo gole no seu café e passa as mãos pelos cabelos, é só esse gesto, mostra o quanto ele tá frustrado.
— Calma Benj, no tempo certo as coisas se ajeitarão.Ele solta minha mão abruptamente, e esmurra a mesa que estamos sentados, e ta totalmente furioso. Se levanta e diz rugindo:
— Vou ao banheiro!3 minutos depois ele voltou, com a mesma frustração estampada no seu rosto, os olhos vidrados nos meus. Pisquei freneticamente pra asfaltar as lágrimas que estavam se formando. Mas Bem perceber tudo, e seu rosto suaviza, finalmente ele chega a mesa, mas passa por sua cadeira e se ajoelha na minha frente, ignorando a presença de todos que estão ao nosso redor, ele segura meu rosto com as duas mãos e me beija na testa, não fala nada. E não precisava, tava tudo ali entre as entrelinhas, como de costume. Ele tava querendo dizer que sentia muito, que me entendia, e que estaria comigo, em qualquer situação. E eu acreditava nele, por que era a verdade. Ele envolveu seus braços pela minha cintura e ficamos ali, parados, abraçados, sentindo o coração um do outro. Até que...
— Atrapalhando alguma coisa?
Benj deu um pulo de susto, se desequilibrando, me arrastando junto, fazendo com que caíssemos estabanados no chão.
— Mas que droga Sofia! -Benj fala esticando as mãos para me levantar. Quando olho pra Sofia ela ta com o olhar ameaçador me encarando, finjo quem nem percebi, como sempre.
— O que você tá fazendo aqui? - pergunta ela
— Com a Lo, oras. Oq mais?
— Falei que ia pra sua casa hoje Benjamin!
Ela falou fazendo biquinho o que me deu vontade de esmurra-la, respirei fundo.. e contei até 100 mentalmente, mal cheguei no 20 e ela abriu a boca de novo.
— Nao poderia ter avisado? Eu passei lá na sua casa e sua mãe falou que você saiu com a Lori, então vim passando por aqui e quando passo pelo porta te vejo aqui.
Não consigo aguentar esse drama, não consigo, não consigo.
— Eu precisei, Lo tava precisando de mim. Não começa, por favor.
Ela suspira exasperado e senta na cadeira, na MINHA cadeira.
Não quero presenciar esse drama aqui, já basta minha vida, não quero aturar ciúmes infantil. Falo de uma vez por todos pra quebrar minha invisibilidade.
— Sofia, - falo exasperada- relaxa. Ele já tava indo embora, caramba!
Nem dou oportunidade dela falar, me viro pra Benj e aponto pro banheiro revirando os olhos ele acena, me viro e saio andando.
Chego no banheiro, paro em frente a pia e lavo as mãos. Mas que garota chata ela é. Sempre foi assim, ta,ta.. que nos conhecemos enquanto eles já estavam juntos, e entendo que no início ela ficou agindo estranhamente, mas obviamente, é notório que nunca teremos nada, é apenas amizade. Falta de confiança não leva a nada, se tivesse que acontecer algo entre nós (Benj e eu, claro) já teria acontecido que cabeça de vento dela!
Eles namoram fazem 4 anos, e ela nunca gostou de mim de fato. Tentou afastar Benj de mim várias vezes, mas é obvio que não é possível. Sei que ele gosta dela de verdade, mas não somos ameaça nenhuma, mas ela insiste que quero fisgar o peixão dela. Enfim.
Mas sinto que é algo passageiro, nunca expus esse meu pensamento, mas sinto.
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Pra onde ir? Maie S.
RomanceLori tem 18, vive em uma cidadezinha de interior com a mãe drogada que sequer lembra que tem uma filha, a não ser pra jogar toda a culpa da desgraça da vida nela. Benjamin, é seu melhor amigo desde o 8° ano, é o único que de fato de importa com ela...