Capítulo 1 - A história

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-Estamos ferrados! – Disse uma voz em meu exterior.

Geralmente, quase que sempre, o termo "estamos ferrados" é usado de uma forma mais humorística, sempre procurando amenizar de uma certa forma a situação. Até agora eu sempre tinha usado e ouvido este termo nesse sentido, o que de certa forma era algo passageiro, que estaria tudo certo no dia seguinte.

Bom, para nossa infelicidade, a verdadeira intenção deste termo finalmente fora referida, porque nós realmente não temos como escapar, a menos que isso tudo fosse um sonho. Espera um pouco... Como eu sou burro! Eu estou dormindo neste momento e falando com minha própria mente. Tenho certeza de que quem disse tal frase foi meu irmão tentando me acordar porque estamos atrasados para o curso matinal. Até porque, pessoas mordendo os pescoços das outras só pode ser um dos meus milhares de sonhos aleatórios e zoados do planeta Terra, eu preferia mil vezes mais zumbis do que vampiros.

-Me deixa aqui... Eu vou faltar hoje então me deixa em paz pelo amor de Deus! – Resmunguei para quem quer que fosse tentando me chacoalhar para tentar acordar.

-Tem certeza que seu amigo não é retardado? - Ouvi uma voz feminina me julgando para outra pessoa, que respondeu brincando.

-Olha, convivo com ele há uns 10 anos mas nunca descobri se ele tem algum problema ou só se esforça mesmo! – Essa voz eu podia saber quem era de longe!

-Biel eu vou te matar! – Levantei com tudo do chão em que eu estava deitado por algum motivo, colocando minhas mãos no pescoço de meu melhor amigo. – O que você está falando pra...

Olhei em minha volta e a casa caiu para mim. Todo aquele pensamento não passava de meu inconsciente dando uma de inocente, como se houvesse alguma esperança de que nada daquilo estivesse realmente acontecendo.

-Onde nós estamos? – Tornei a falar, passando a mão em minha testa que estava ardendo e com um leve corte, escorrendo um pouco de sangue nas laterais de meu nariz. – E porque diabos eu estou machucado?

-Estamos dentro do trem, presos inclusive. – Luna sentou em um dos assentos ao ver que eu estava bem e continuou me explicando: - Algumas horas atrás estávamos na estação esperando o trem chegar quando eu te cutuquei e perguntei se você também estava sentindo algo estranho aconte...

-Você pode pular para a parte em que o trem chegou fazendo favor? Eu não tenho uma memória tão perdida assim! – Resmunguei, mas ela deu de ombros, continuando a história desde o início.

-Então... – Ela finalmente chegou na parte em que eu havia esquecido. – O trem estacionou com pessoas desesperadas e inquietas, que haviam esperado sua respectiva partida demorada, inocentes e sem ideia do que estava acontecendo. O motorista disse que se atrasou por causa da ligação de uma pessoa anônima que ameaçou explodir bombas que ele colocara no último vagão que causaria um grande estrago e que poderia matar muitas pessoas caso ele não atrasasse a saída em 15 minutos. Disse também que sua estação estava lotada de pessoas estranhas como nós havíamos presenciado nas ruas da cidade, e que tivera trancado as portas para que ninguém mais entrasse com aquele tipo de comportamento.

-Primeiro, quem diabos foi a pessoa pela qual pediu por esse atraso? Segundo... – Fui interrompido pelo dedo indicador da garota em minha boca, como se estivesse me dando um aviso: "se você me cortar de novo, eu te mato".

-Assim que ele estacionou, as pessoas que estavam no trem ousaram sair, mas nós logo explicamos toda a situação e mesmo que se fosse possível sair, o subterrâneo ainda era o lugar mais seguro que eles conheciam até então. – Ela parou por um tempo para tomar um pouco de ar, como se ainda não estivesse nem na metade da história. - Segundo o motorista, o trem possui 8 vagões de passageiros, sendo que cada vagão tem 28 assentos, porém ele dissera que havia perdido a comunicação a partir do 5º vagão até o último, as portas não abriam pelo botão e os alto-falantes haviam sido quebrados ou bloqueados, assim não sabendo se ainda haviam pessoas por lá. Alguns de nós oferecemos para patrulhar o trem enquanto ele continuava dirigindo para a próxima estação. Você se ofereceu para ir porque tinha se sentido um inútil do lado de fora, então eu, seu amigo Biel, um cara que tinha falado que aquilo era coisa que só adultos deveriam resolver, os dois moleques universitários que quiseram dar uma de macho na frente das garotas preocupadas e o cara misterioso do capuz acabamos indo vagão por vagão em busca de uma resposta concreta...

True NightmaresWhere stories live. Discover now