• nove •

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Taehyung não havia se dado conta do tamanho de sua fome até entrar na lanchonete e sentir o cheiro de comida por entre suas narinas. Lanchonetes que funcionam vinte e quatro horas por dia seriam a salvação da humanidade, o Kim botava fé.

Pediram dois grandes hambúrgueres, com um copão de refrigerante para dividirem.

— E então, você conhecia os caras que nos pararam no viaduto? — Tae perguntou após um tempo de silêncio onde ambos aproveitavam do sabor da comida.

A reação de Jeon foi cômica – para não dizer surpresa. Seus olhos se arregalaram e ele engasgou com um pedaço de seu sanduíche.

— Er… São apenas outros jogadores. — murmurou. — Desde o início do jogo estamos dominando os três primeiros lugares no ranking. — deu de ombros.

Taehyung franziu o cenho.

— A forma como te olharam… Foi como se te conhecessem.

Um silêncio voltou a permanecer entre eles, salvos pelo som de Sweet Dreams, indicando uma ligação. Taehyung pegou seu celular apressado, desligando rapidamente a chamada ao perceber de quem se tratava.

— Não vai atender?

— Não. — havia certa mágoa na forma como o mais velho respondeu.

— Quem é? Seu namorado? — a pergunta foi o suficiente para fazer o garoto rir ao ponto de soluçar.

— Seokjin e eu?! Não, caramba, que cara engraçado! — negou com a cabeça. — Ele é meu melhor amigo… Ou era, não sei dizer.

— O que aconteceu entre vocês?

— Também não sei. — falou, desenhando círculos aleatórios na mesa com a ponta dos dedos. — Eu conheço Jin desde muito tempo, sabe? Desde o jardim de infância. Ele sempre esteve do meu lado e eu sei muito sobre ele.

— E o que mudou? — Jeon mordeu um pedaço do sanduíche.

— Jin é muito inseguro, carente... — suspirou, dando um gole no refrigerante que permanecia intocado. — Mas quando entramos no Ensino Médio ele mudou muito. Só queria saber de popularidade e tal. Passou a me confundir com uma espécie de capacho.

O garoto não sabia bem o porquê de estar dizendo aquelas coisas à Jeon, só sentia que podia.

— É estranho, ele costuma dizer que eu sou inseguro comigo mesmo por conta da minha timidez, mas quem é extremamente dependente de outras pessoas para suprir o vazio dos pais é ele.

Taehyung não saberia dizer se estava sendo muito babaca expondo seu amigo para um total desconhecido – e também para outros vários observadores que, àquela altura, já estavam enchendo a lanchonete –, apenas sentia aquela necessidade de contar para alguém, desabafar. O acastanhado estava tão absorto nos próprios devaneios, que não ouviu o celular do moreno apitar indicando um possível desafio.

— Por que você não tenta conversar com ele? Talvez se resolvam ainda nessa madrugada. — deu de ombros. — Poderia aproveitar sua onda de coragem.

— Uh… Melhor não, eu nem sei onde ele tá.

— Ele joga Nerve?

— Joga.

— Então os observadores vão nos responder. — puxou o celular, digitando algo logo em seguida.

Taehyung não tinha entendido o que o moreno estava fazendo, até que mais uma notificação vibrou no celular do outro.

— Seja o que for que vocês tem de resolver, que seja hoje.

(...)

Levaram aproximadamente quinze minutos para chegar no endereço dado pelos Observadores: uma praça no centro de duas avenidas, ambas estavam desertas.

nerve » taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora