Vinícius Ricardo Santiago ou simplesmente Santi.

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- Santi, não pega do meu !

-Santi, não pega do meu ! -ele disse me imitando com uma vozinha afetada.

-Não é minha culpa se você sempre teima em pegar o pior sorvete e depois fica querendo o meu.

-Ei, eu gosto do de flocos!!!

-Então porque fica pegando do meu?

Ele dá de ombros e eu me sinto vitoriosa.

- Troca ? - ele aponta pra meu sorvete.

Dei de ombros consternada.

Hoje é terça do sorvete uma tradição que temos desde a sexta série. No começo nós fomos em todas as sorveterias da cidade até achar a melhor. Toda a terça nós tomamos religiosamente sorvete em uma sorveteria perto do pier, ficamos com os pés na água e conversando.

Quando chega na metade nós trocamos de sorvete.

Nos reunimos sempre as três horas da tarde pontualmente, às vezes eu ia pra casa dele depois ou ele ia pra minha.

- Só vou fazer isso porque é tradição e a menina do caixa me da sorvete de graça.

Vinícius Santiago caiu numa gargalhada.

- Cala boca palhaço se não ela escuta.

- Ela sabe que você não é lésbica ?

- Ela não precisa saber desse pequeno detalhe.

- Lana, você não presta. Não é como se você precisasse pegar sorvete de graça.

- Santi, o meu maior amor é o dinheiro e não é exatamente um segredo que eu sou meio interesseira e só um pouquinho alpinista social.

Ele me olha revirando os olhos, mas já está acostumando com as baboseiras que costumo falar.

-E se você estiver machucando os sentimentos dessa menina ? Você está a iludindo.

- Bom só fui educada, quem está se iludindo é ela, não é como se eu desse esperança.

- Didi, Didi, tenho que comprar um óleo de peroba pra essa sua cara de pau.

Ele diz me repreendendo mas sei que está se divertindo. Não é fácil manter minha cara de pau.

Eu o chamo de Santi que é a abreviação de Santiago o seu sobrenome e ele me chama de Didi por causa do meu sobrenome paterno, Díaz.

- Não acho que eu esteja machucando os sentimentos dela. Lembra daquele dia que derrubei sorvete na minha roupa e fui no banheiro lavar? - ele assentiu rapidamente- Encontrei ela numa maior pegação com aquela garota de cabelo rosa do petshop. As duas estavam quase transando naquele banheiro. Tinha até mãozinha boba.

Meu amigo estava com os olhos tão arregalados que parecia dois pires.

- Não acredito.

- Acredite não tem motivo pra mentir.

Pisquei os cílios teatralmente mas estava realmente dizendo a verdade, eu presenciei isso.

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⏰ Última atualização: Jul 29, 2017 ⏰

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