Onze..

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– Então meu querido chefe me deixa lá, completamente sozinha e nem se quer agradece pelo meu esforço em tentar resolver a situação – Conto tudo que aconteceu para Diogo, completamente indignada.

– Cloe Muniz, se eu estivesse nesse momento perto de você, te daria vários tapas na cara. Você está louca, mulher? Seu chefe gato disse que TE DEIXARIA COMPLETAMENTE MOLHADA!!!!

Porque essas pessoas gostam de aumentar tudo que ouvem?

– Não foi exatamente isso que ele disse, Diogo...

– Não importa, mas era isso que ele queria dizer, acredite em mim, conheço esses hetero.

– Como você pode conhecer algo que não é?

– Estudando, querida. Não preciso entrar em um armário – apesar de ter passando um tempinho lá – pra saber que Nárnia não existe. Cloe, meu amor, quando você irá aprender a entender os reais motivos dos homens? Você enxerga coisa onde não há, e ignora o que está bem na sua cara.

– Está falando do Rafael, não é mesmo?

– Que bom que você deixou um pouco de lado essa sua lerdeza, pensei que iria precisar desenhar.

– Que eu saiba não escolhemos por quem iremos nos apaixonar.

– Mas podemos evitar isso.

– Nossa... Não sei como você ainda não está casado.

– Ironia a essa hora, minha querida? Você sabe que tenho os meus motivos e eu sou uma borboleta, livre pra voar. Você que gosta de se prender, ainda em gaiolas baratas.

– Como ainda sou sua amiga, hein?

– É bem simples, por que sou o único que consegue te aguentar. Beijos flor, tenho uma festa pra ir

– Será que eu ao menos teria a honra de ir a essa festa com você?

– Foi mal, minha linda. Mas só posso levar um convidado, e é um tipo de lugar que não é muito o seu tipo hetero, se é que você me entende...

– Ahh, claro! Beijos e boa sorte, então...

Então parei pra pensar no meu chefe, no jeito que ele me tratava antes, no jeito que ele começou a me tratar e no jeito que ele está me tratando. Tenho até medo de ver como ele irá me tratar depois da mega burrada que fiz hoje... Será que o problema não está no Rafael, e sim em mim? Será que eu o sufoquei ou não dei o que ele merecia? Será que não o amei o suficiente e agora percebo o quanto o amo? Será que ele não falou comigo no dia que completamos quatro anos de namoro, pra me castigar por algo que fiz? Sou tão lerda e desastrada que aposto que nem me toquei.
  Por que somos tão burras ao ponto de perdemos pra dá valor? Na verdade eu não sei, a única coisa que sei é que dói tentar esquecer ele, comparar outras pessoas a ele e me decepcionar a cada vez que não encontro o meu Rafael em um outro alguém. Possa ser um castigo, um castigo muito cruel, eu diria, mas um castigo merecido. Por que amar é isso, amar é sofrer, é carregar uma dor no peito que até te faz ter dificuldades em respirar é te fazer ter medo de encarar tudo isso de novo com um outro alguém e só mudar a dor de nome e endereço.

                              ...
.

  Pego um táxi e vou direto pra empresa onde trabalho. Assim que chegou vou direto pra recepção e dou de cara com Alice, que pergunto se o nosso chefe ainda está na empresa. Ela com a maior curiosidade responde que sim, mas logo recuso muitas perguntas e vou direto a sua sala.
  Chegando lá, bato mil vezes em sua porta e nada dele responder, continuo insistindo até que consigo ser ouvida.

– Pode entrar!

Como assim, pode entrar? Ele não é muito fã de deixar as pessoas entrarem sem ao menos ele saber quem é. Que estranho!

  Logo que entro, percebo que eu era a última pessoa que ele esperava que fosse aparecer e também que eu era a última pessoa que ele queria ver naquele momento.

– A-ah, é que.. E-eu vim... Na verdade, eu não deveria ter vindo, já estou de saída

– Cloe, digo... Srt. Muniz, espere! O que lhe traz aqui? – Ele fala me olhando fixamente, como se fosse a primeira vez que me ver.

– Vou logo ao ponto, eu quero lhe pedir desculpas por hoje... Digo, eu fui completamente louca em pegar o seu carro sem a sua permissão e logo em seguida além de molhar todo o seu carro ainda te molhei, peço mil desculpas e que isso não irá se repetir novamente...

– Está com medo de perder o seu emprego? – Ele fala com os cotovelos  apoiados na messa.

– Não, na verdade quero me demitir, não sou competente o suficiente para assumir o meu cargo, eu não consigo nem dirigir a minha própria vida. Não quero ser um peso.

– Mas... – Ele tenta falar mas logo é interrompido por mim

– Por que eu sei que o senhor só me mantém aqui por causa de seu pai, o Sr. Afonso é um homem maravilhoso, que teve muita paciência comigo, mas eu não quero mais ser um peso.




Meu ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora