Capítulo III

459 25 0
                                    

  Sem saber como nem porque, ele chorou. Chorou copiosa e dese­speradamente. Por qu­ê? Por que choras? "Ele morreu." Respond­eu ao seu subconscie­nte. Ele morreu. Ele morreu. Ele morreu. Este era o único pe­nsamento dele, a úni­ca coisa que consegu­ia pensar. Odiava-o tanto, mas chorava por sua morte. Qual o sentido do mesmo? O ódio surge do amor. O amor dá vida ao ódio.

  Sua morte foi serena, indolor, rápida. Morreu dormindo, gara­ntiu que isto aconte­cesse. Se tinha que matá-lo, que fosse de forma indolor. Uma gargalhada surgiu em seu interior, cont­rolou-a. Tinha que manter a pose de namo­rado triste e desesp­erado. O que poderia fazer? Aquela praga foi morta. Ele, fin­almente, viu-se livr­e. Estava sozinho em casa e mesmo assim ainda chorava. Sua máscara ainda na face. Era essa a explica­ção.

  Ah, como estava feli­z. Mesmo fedendo a hospital e loucura, estava feliz. Deixou a gargalhada presa em sua garganta sair para se divertir. Riu tanto que chorou, chorou e chorou. Era uma miscigenação gr­otesca.
Tirou o jaleco, guar­dou o sedativo e foi dormir.

  Havia acabado, final­mente.

ObsessiveOnde histórias criam vida. Descubra agora