O barulho do salto agulha ecoava pelo ambiente anunciando que ela estava chegando fazendo com que seus capangas endireitassem a postura. Em seu rosto o óculos de sol e sua postura séria fazia todos ali tremerem quando ela passava por eles, os homens engoliam em seco.
Victoria abriu a porta de sua sala e a bateu de volta, fazendo com que o barulho fosse ouvido por todo o local, olhou diretamente o homem sentado em sua cadeira, tirou o óculos de sol e o encarou friamente.
— O que faz aqui? - Ela perguntou seria.
— Isso aqui ainda meu - ele fez um sinal de círculo com a mão.
— Sim é, mas até onde eu sei o senhor não é adepto a visitas a esse tipo de ambiente - retrucou cínica e grossa ao pai.
— Vim ver como estão as coisas - Albert se levantou encarando a filha e a analisando minuciosamente, era sempre assim, ele a analisava sempre, ele a conhecia como ninguém.
— As coisas ou a mim? - Ela perguntou o encarando de lado.
— Os dois.
— Pois saiba que os dois estão muito bem - Ela foi até sua cadeira e se sentou recostando.
— Quantos carregamentos saíram hoje?
— Dois, um com drogas e o outro com armas.
— Irá ao casamento da Claire?
— Não - Victoria respondeu, curta e grossa.
— Ela irá ficar chateada - Claire era a filha mais nova de Albert e consequentemente irmã de Victoria.
— Não me importo! - E realmente não se importava, na verdade ela não se importava com nada além dos negócios do pai, ela não tinha sentimento algum, não conseguia ter alegria, amor, solidariedade, compaixão, medo, ódio, nenhuma dessas sensações ela sabia o que significava, era sempre o vazio, o nada dentro dela.
Ela era um monstro, o pai a fez assim a partir do momento em que à tirou dos braços da mãe após seu nascimento e Angeline como a boa submissa que era, não fez esforço algum para impedi-lo, ela cresceu presa dentro de uma casa cercada por pessoas que não davam a mínima para ela, todas as quedas quando criança ela teve que aprender a levantar sozinha.
Seus estudos eram particulares dentro de casa, o pouco que saia era cercada de seguranças, chorar? Ela era proibida de fazer isso, sempre era punida severamente quando o pai ou as pessoas que tomavam conta dela a pegavam chorando, até que parou, ela não chorava mais.
Lembrava do seu pai a chamando de fraca diversas vezes, ele sempre deixou claro para ela que era seu pai, quem era sua mãe e seus irmãos e sempre deixou mais claro ainda que ele a escolheu para ser sua sucessora na máfia, que a escolheu para fazer dela a mulher mais poderosa não apenas dos Estados Unidos, mas também do mundo e para isso ela não deveria ter sentimentos, não deveria amar ou sentir compaixão por ninguém e ele conseguiu isso.
Ela ainda se lembrava com clareza de todas as vezes que seus professores de luta a levavam a exaustão a ponto dela desmaiar e o ultimo rosto que ela via era o do seu pai a olhando friamente, lembrava-se de todas as vezes que ficou presa dentro de um sótão imundo e fedorento sem comer por dias, como castigo por demonstrar algum sentimento.
Albert sempre quis uma máquina mortífera, um capacho e ele viu a oportunidade quando sua mulher engravidou pela segunda vez, ele não queria a criança até colocar em sua mente que ele faria dela a melhor mulher do mundo, todos a temeriam.
Victoria era sua máquina e sua arma, ela elevou o sobrenome da família a patamares que nem ele e seu próprio pai conseguiram chegar no mundo da máfia.
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Construindo {DEGUSTAÇÃO}
RomanceQuando Angeline engravida pela segunda vez, acaba despertando a fúria do marido. Albert nunca foi um apreciador das pequenas crianças, o fato de já ter um filho homem, em sua opinião era o suficiente para conseguir dar continuidade ao seu sobrenome...